domingo, novembro 29, 2009

VINIS SP




[beberico tentando me seduzir]

tentei ajustar a foto, mas esse micro não me obedece


[nazarian ainda úmido]





[del fuego, encuentro]


[don artugo]



[valéria]



[chico bento]



[rudnei borges]

a foto está ruim. mas vale a presença do poeta, autor de 'chão de terra batida'


[ricardo boiadeiro e caboclo bira]





[don angelo]

terça-feira, novembro 24, 2009

LABORATÓRIO DA PALAVRA


laboratório da palavra, edição 'poemas daqui e de acolá'.

PRAZERPADECIMENTOCONTÍNUO


A leitura de Vinis mofados (Língua Geral, 96 pp., R$ 25), de Ramon Mello, poliu em mim uma ideia que trago cristalizada: a ideia de que existe um todo poético reservado a uns poucos que o tateiam com o cérebro e que detêm a forma certeira de o verter em versos. Em pedacinhos selecionados com cuidado.

Não se trata de uma tentativa de tornar esse todo poético acessível a qualquer leitor, mas de aliviar de si mesmo o peso-prazer de o suportar. Sem nenhum sentimento de superioridade ou arrogância. Nem lá nem cá. A nobreza da certeza ou a simplicidade da transparência dão o tom à poesia que absorvi.

Inspiração também não é, não. É suor mesmo. É o tal peso-prazer. Ramon sua bastante, e se despe, e se projeta. É um virtuoso numa arte que pode parecer fácil aos olhos do leitor qualquer, mas que, definitivamente, não é.

Ele implode-explode em poesia que fala de poesia, em erotismo e sensualidade, imaginando sempre mais fotográfica do que pictoricamente. Os pedacinhos que escolhe são dificílimos de lidar. E Ramon lida bem com eles... Ah, lida! Quem escreve “soletra os passos / para encontrar / caminhos” inscreve-se na primeira linha da poesia.

A ausência de pontuação dá ao leitor qualquer a liberdade da leitura, do ritmo – o verso é apenas um fio condutor, um elemento lúdico para a língua de quem o lê brincar à vontade. E, com isso, o leitor qualquer vai deixando sua qualificação qualquer para tornar-se o leitor único, singular, e fundir-se à poesia que Ramon edifica.

Esse leitor viaja no tempo, sabedor de que o ano de 2009 dos vinis mofados do poeta pode ser 1973 ou 1981. De verdade, retroaviaja, como eu, já saudoso do que acontece bem debaixo de meus olhos: “lembrar dá vontade de ser ilha voar”.

Aos vinis dessa antiguidade atual, desse passado presente, soma-se o mofo. E como nada nessa obra de Ramon Mello é vem de graça, a segunda palavra do título, mofados, é de botar no bolso e levar consigo na leitura dos poemas. Ou de botar atrás da orelha se as roupas já não marcarem presença.

Antigos e guardados são esses vinis mofados. E o mofo é precioso – ele permanece, verde-branco, sobre os sulcos da bolacha preta do vinil. O sulco percorrido pelos olhos-agulhas de quem então já é o leitor, o singular leitor privilegiado de Ramon.

Vinis mofados. Reduzo a marcha na pluralice titular: um conjunto, um mesmo grupo, um todo... eco daquele todo poético lá do primeiro parágrafo, que volta aqui para fechar essa resenha-recomendação: devolva-se a Ramon, lendo-o! “o que / de mim / deixei / em você / devolva / me”.

* Fernando Alves é produtor editorial e poeta e resenhou Vinis mofados especialmente para o PublishNews.

sábado, novembro 21, 2009

CADÊ OS PAULISTAS?


vamos?

SOBRE VINIS MOFADOS

Por Francisco Araújo

Dizem os linguistas, e dizemos nós, papagaiando, que o recorte do pensamento em língua não apresenta sincronia, paralelismo perfeito. O pensamento – uma coisa, a língua – outra coisa e outra coisa são as coisas. O inusitado do enleio dos três elementos é que, apesar disso, um está para o outro e de alguma forma, somente para o outro existe. A língua é elo entre o pensamento e as coisas, pois as coisas nem são sem que se pense ou pronuncie uma palavra e também, porque não se sabe se há pensamento vazio de palavras ou que no vazio pensamento possa ser.

Vindo por esse caminho, chegamos aqui, em Vinis mofados, onde se canta os tropeços dessa conexão pensamento-língua-coisa. O poeta tem o elemento do meio para moldar e nos revelar dos outros dois. Barthes foi o que considerou, questão presente na poesia de Ramon, o fascismo da língua, que toda língua é fascista por nos impor um molde, a sintaxe, a morfologia, a fonética, áreas particularizadas em cada língua, que assim, recortam apenas algumas das possibilidades do repertório maior de ordem, forma, sons. Coisa que sabemos pelas outras línguas. Além das possibilidades imagináveis, pois que imaginar é preciso.

Começamos a ler Vinis pelo Lado A, que por ser livro de nossa cultura de ler livros virando páginas da direita para a esquerda, sugere menos que um vinil que se comece por qualquer lado. Excetuando-se os metódicos. Continuando, chegamos então ao oitavo poema e já percebemos algo da obsessão e angústia do fascismo da língua no moldar da palavra. A palavra palavra está de modo central em sete desses oito, pois que há uma pausa de dois versos para Araruama. O Lado A, portanto, apresenta mais frequentemente a palavra na oficina, em metáforas que a caracterizam, em propostas de definição, coisa de que pode ser síntese o poema Dicionário, que tem a graça de nos mostrar que a busca implica em andar em círculo: palavra é grade cela prisão / guarda de poesia / palavra é delírio / palavra é / palavra. Com um pé na porta para as ruas do Rio, Ramon prepara seu discurso, revela algumas das referências, nos mostra seus discos e nos envolve de prazer sincero e simples. É quando começamos a gostar. Porque poesia não é coisa de que gente muita prática precise e, quem pergunta para que serve, já se protegeu do lirismo e da sofisticação das elaboradas e belas coisas inúteis. Paciência é preciso.

Já para o final de Lado A encontramos Ramon com o pé na rua, na companhia do outro, na companhia de muitos, doce urbanoide, e curioso é, que o Rio-natureza não apareça. Pelos encontros com pessoas e coisas é ele atingido e na volta rumina seus instantes, quebrando seus versos, que encontram a semântica num próximo: não prometo amor / perfeito eterno apenas / uma trepada na noite / de sábado goza veste / a roupa e vai / embora. E em versos quebrados são os instantes urbanos, o barulho da cidade e os cérebros eletrônicos, e com estes nosso novo vocabulário, pois que outro caminhar do livro é o do analógico para o digital. O digital bem assumido no dia-a-dia, mas sem deixar de nos contar da melancólica sensação de frivolidade e frustração presentes nas imensas memórias que muito armazenam e nas interações de cada santo dia. Depois de certa altura há instantes de simples lamento, de desabafo, de saudades, de doce carência. E quando é muito direto, requer, mais nesse que em outros casos, um leitor desprotegido e desarmado. Afeto é preciso.

Da geração sem ideologia, é o que se afirma dos nossos artistas, os da nossa geração. Se isso é bom não se sabe, mas sabemos que foi mal e a vida de Ossip Mandelstam, dentre outros artistas russos que cantaram a Revolução de Outubro e se viram sem espaço no pragmatismo da execução do projeto, disso nos dá testemunho. Este era poeta sóbrio e nos avisou que a ideia de progresso, para a arte, não vai bem. E concordamos que não vamos a lugar algum com isso, que só para o prazer existe, e quando reclamamos aos que organizam as coisas é somente para continuar fazendo e apreciando. Se é para servir a projetos de admiráveis mundos novos o instrumento não deve ser a arte, que não deve nunca confirmar sempre, mas cartilhas, que repetem, repetem e hipnotizam. Ramon não vai por aí, mas não é raso porque mergulha em si, nos outros corpos, sente seus cheiros e sonha com corpos para o perfeito encaixe. Vez ou outra sobra alguma dor de cotovelo de amor romântico, digerida num lamento-desabafo.

Lendo e relendo ficamos íntimos do livro, que dá vontade de chamar livrinho, de diminutivo carinhoso. Ramon Mello começa bem, bem devassado e nos atinge, pois que afeto temos e experimentamos a busca da dicção, a busca do amor. E nos apaixonar pelo poeta e seus poemas somos capazes se para nós também uma coleção de músicas na cabeça tenha sido sempre bom pretexto e se, por último, também nosso riso está tão próximo do choro. Poemas de riso e lágrima e dor disfarçada – Palhaço. Arranhões, voz arranhada, riscos no disco, agulhas quebradas traduzem a desarmonia que assalta o poeta, que quebra versos, recortando instantes, matando palavra em livro – matar palavra é boa metáfora. Vinis mofados é um prazer – o prazer da palavra em verso, prazer do livro-objeto, da bela capa, da textura macia. Será um prazer acompanha-lo, Ramon, que o voo de agora é de boa altura, já esperamos vê-lo passar das nuvens.

ESCUTANDO OS VINIS MOFADOS

Por Paula Cajaty

Uma moça que eu nem conhecia se dirigiu a mim, a última na fila enorme de autógrafos e perguntou sorridente 'Ele tem prestígio, né?'. Atônita, eu não pude responder à pergunta feita à queima roupa.

Ainda sem o autógrafo, com o primeiro livro de Ramon Mello nas mãos, orelha de Heloisa Buarque de Hollanda, reparo que ele foi montado poeticamente como um LP e isso me fez atinar que o LP não é a mera união de lados, mas em essência é um objeto dual, contraposto, verso e reverso, o que de logo convida intuitivamente à sedução de mudar de tom.

É bom lembrar que, após o LP com sua divisão dúplice, frente e verso, veio o CD, planificado, uno, uma face de exibição, outra em que se revelava o conteúdo decodificado. E, mais recentemente, a dualidade se perdeu por completo e os arquivos digitais, que substituíram o suporte físico da música, encerram uma virtualidade latente, uma quase inexistência, uma imaterialidade que os define e caracteriza. Ramon escolheu a razão de ser do LP e, a partir disso, dessa constatação prévia e não menos profunda, eu fechei o livro. Respirei fundo. Poderia continuar a leitura mais tarde, confortável na minha poltrona preferida.

A primeira parte, o Lado A, é mais seco e mais áspero. Contundente, é o limão chupado depois da tequila. Nele, sobreleva o poema concreto, substantivo, por vezes até visual. Talvez em superfície, em primeira apresentação, todos nós sejamos assim também, menos palavrosos, menos blues e mais rock'n'roll.

No Lado A de Ramon, o poeta se permite mais, diverte-se com o ato formal do ouvir a música, exibindo seus próprios botões: play, repeat, rec. E vai, assim, dando pistas sobre o que ele escuta, o que é preciso repetir para refletir ou sublinhar, o que de precioso ele precisa gravar para que não se perca nunca.

Remix, ipod, master system, stereo, todas essas figuras são mixadas à poesia, que vai assimilando outros símbolos, ritmos de um tempo novo. Não se trata apenas de uma releitura ou remasterização dos 'Morangos mofados' de Caio Fernando Abreu, mas uma breve remissão do que sensibiliza o poeta, uma de suas tantas influências músico-literárias. Assim como ele, para escrever também eu lanço mão de algumas músicas preferidas, músicas de despertar poesia.

No Lado B, Ramon muda o disco e altera o diapasão. Não há mais o 'vinho tesão' a transbordar pelos poros ou a objetividade do 'sexo virtual :-O / hummm? / só com o antivírus! / :-( '. Seu Lado B anuncia que a voz arranhada não convence e então ele mergulha em si mesmo, 'vira o lado do disco', revira suas reminiscências, seu baú de antiguidades e suaviza a música numa sonoridade leve e melodiosa que pode até embalar o sono e fazer 'sonhar usando céu de cobertor'.

Em 'Vinis mofados', Ramon exibe uma poesia pensada no mundo dual do vinil, mas produzida em mp4, num mundo que há muito já se tornou multimídia (enquanto nós permanecemos duais), e assim ele se propaga, simultaneamente, por vários sentidos.

Talvez Ramon tenha prestígio, sim. Mas, muito mais do que isso, o que eu sei agora é que ele tem poesia e, além do mais, gosta de uma música para lá de boa. Com o sorriso do gato de Alice nos lábios, ler Ramon é ler o presente: let's rock.

JB LETRAS

jblog - tolipan




Poeta e jornalista Ramon Mello é uma espécie de aglutinador do mundo das letras. Curioso, interessado, amante de bons papos e talento correndo solto na veia, ele vem fazendo um trabalho de catalogação da nova geração de literatos - mais de 80 já foram entrevistados por ele - em seu blog Click (In)Versos. "A idéia é fazer uma seleção e publicar um livro de entrevistas, um recorte de geração. A maior descoberta que tive foi ter conhecido o poeta Rodrigo de Souza Leão, que faleceu em julho. Sem dúvidas, era o escritor mais original, com uma obra infinita", comenta Ramon, que foi convidado, inclusive, pela família de Rodrigo para organizar sua obra. "Também decidi adaptar o livro Todos os cachorros são azuis para o teatro, convidei o dramaturgo Jô Bilac para entrar nessa viagem comigo", conta Ramon. Foi no teatro, aliás, que o autor dos poemas de Vinis mofados (Língua Geral), começou a desenvolver o amor pela arte. “Não cresci com o desejo de ser escritor, embora sempre rascunhasse minhas histórias. Quando saí de Araruama e vim para o Rio me matriculei na Escola de Teatro Martins Pena”, conta Ramon, que viu o amor pelas histórias crescer mais do que pela interpretação. “Não acredito e m inspiração. Acredito no trabalho da linguagem, na relação com a palavra”, prega. Em tempo, ele também assina a organização da autobiografia intelectual da professora Heloisa Buarque de Hollanda.





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quinta-feira, novembro 19, 2009

PAPO PSI



Papo Psi vai discutir Psicologia e Literatura

No próximo dia 19 de novembro, às 18h, a Universidade Veiga de Almeida, em parceria com a Fnac Barrashopping, vai realizar mais uma edição do Papo Psi, um espaço para trazer à tona questões relevantes sobre o universo da Psicologia e sua influência no ser humano. Os palestrantes convidados serão a professora do Curso de Graduação em Psicologia e coordenadora da Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica e Prática-Clínico Institucional, Aline Drummond e Ramon Mello, poeta, autor de “Vinis Mofados” (Língua Geral).

Desta vez, o encontro vai abordar o tema Psicologia e Literatura. Segundo o escritor Rodrigo de Souza Leão, autor de “Todos os Cachorros são Azuis”, escrever é uma tentativa de libertar a vida daquilo que a aprisiona, é procurar uma saída, encontrar novas possibilidades, novas potencias da vida.

A coordenação do evento é de Cristina Simões, coordenadora do Curso de Psicologia do Campus Barra. As atividades são gratuitas e as vagas limitadas. Garanta já sua vaga pelo telefone 2431.7741.