"Durante muito tempo, eu achei que tinha nascido na época errada. Queria participar da Passeata dos Cem Mil. Discursar para estudantes. Freqüentar o Opinião. Acompanhar o Lamarca no sertão da Bahia. Lutar com Marighela. Ter um codinome, marcar ponto todo mês, por segurança (...)"
O discurso nostálgico aí de cima poderia ter sido escrito por mim ou por você. Mas foi o jornalista Felipe Pena quem escreveu, quando tinha 27 anos, na introdução do projeto de mestrado em Literatura Brasileira realizado na PUC-RJ, em 1998.
O exemplar pulou da prateleira empoeirada de um sebo, em Copacabana, dez anos após a publicação, justamente quando se comemora 40 anos do emblemático ano de 1968. Li as 102 páginas sobre a ‘utopia contemporânea’ presente na geração do autor.
Enfim: Qual seria a utopia da nossa geração? Hum?
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‘O QUE EU GOSTARIA DE DIZER’
‘O QUE EU GOSTARIA DE DIZER’
Ainda no livro do Felipe Pena, há uma referência à escritora e atriz Bianca Ramoneda:
“A dita geração perdida não se conforma com o título que lhe foi imposto por segmentos de gerações que fracassaram em seus projetos. Andando pelo Baixo Gávea, na Zona Sul do Rio, é possível ver Bianca Ramoneda, 25 anos, indicada para o prêmio Nestlé de Literatura com o livro 'Só' editado por ela mesma. Usando a tradicional venda de mesa em mesa, de bar em bar, Bianca conseguiu a indicação para o prêmio e o espaço na mídia, assinando em seguida o contrato com uma editora. Sem entrar no mérito de suas qualidades literárias, queremos destacar apenas o seu inconformismo. Antes de conseguir realizar o projeto de editar o livro, Bianca sempre ouviu que jamais conseguiria penetrar no mercado. A persistência provou o contrário. A escritora apresenta a discussão do seu projeto utópico nos meios e não nos fins. Ela não está só”.
Bianca está em cartaz com a peça ‘O QUE EU GOSTARIA DE DIZER’, no Sesc de Copacabana. Sim fui assistir - junto com a atriz e amiga querida Débora Almeida, 'borboleta avoada' quase personal friend (RÁ! RÁ!) - mesmo depois da crítica Bárbara Heliodora ter detonado a peça.
O espetáculo não é incrível, mas também não é tão ruim como disse a Dona Bárbara. Vale a pena ver o trabalho do atores Luis Melo, Marcio Vito e Bianca Ramoneda. A dramaturgia, criada em processo colaborativo, investiga o tema da fragilidade humana. Se você entrar na proposta do diretor Marcio Abreu, a experiência pode ser bem interessante.
Camila Rhodi, ‘julieta envenenada’, adorou essa peça! Mas desconfio que, além da linguagem cênica, ela tenha se identificado demais com o vestido verde, o sapato de boneca e as discussões amorosas da personagem...
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