Há dias, principalmente aos domingos, que ele se sente uma oferenda – dessas que são despachadas, à noite, nas esquinas do Bairro Peixoto: uma garrafa de Cidra; duas taças vermelhas; uma panela de barro com farofa de dendê; três maças gêmeas amarradas por um laço de fita azul; um charuto queimado pela metade; e uma vela vermelha e preta com uma chama amarelada dançando timidamente. Fica a espera de uma alma imunda para devorá-lo na encruzilhada, após um sussurrado pedido de licença e um sinal da cruz na ponta dos dedos.
Ramon Mello - Rio de Janeiro - 2008
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