quarta-feira, janeiro 19, 2011

A PALAVRA TODA




A PALAVRA TODA PARA O RIO

“O Rio estava com saudade dele mesmo. Aquilo que as circunstâncias separaram, volta organicamente a se juntar. A cultura carioca não pode viver sem ser completa. Fica faltando. O Rio sempre foi uma cidade inclusiva, sede da corte imperial, capital da república até a invenção de Brasília. Uma cidade acima de tudo cosmopolita.

O Rio sempre foi bom alquimista. Do samba-jazz da bossa nova ao samba-rock de Jorge Benjor, ao beat-modernista da poesia marginal, às reuniões de Villa-Lobos, Bandeira, Pixinguinha, Almirante na casa de Tia Ciata. Do rap samba funk de Fernanda Abreu, Fausto Fawcett e Marcelo D2 à incorporação da cultura hip-hop pelos nossos mestres Heloisa Buarque e Hermano Vianna. O Rio não precisou de nenhum manifesto modernista. Já tínhamos Noel Rosa.

Uma cidade que sempre esteve próxima à palavra viva com suas rodas de samba, seu partido alto, à grandeza de Vinícius falando seus poemas na noite de Copacabana, à fala em delírio dos poetas marginais dos anos 70 ao rap de D2, BNegão e Black Alien das Batalhas do Real e do Zoeira Hip-Hop na Lapa dos anos 90. Uma cidade assim pede um festival à altura. A PALAVRA TODA vem suprir esta demanda.

A palavra em seus muitos suportes, em seu mais diverso repertório. Espanando o bolor dos puristas, incorporando outras linguagens com a música, o teatro, o mundo digital, A PALAVRA TODA mistura. Mistura a academia com a rua, as mais diversas gerações, mistura a “alta” e a “baixa” cultura, apresenta as diferenças para que nesse atrito, nessa troca, a cultura da cidade volte a fluir.

A palavra poética se tornou muito estigmatizada nesse tempo audiovisual e assim como a cidade de tempos atrás, se bifurcou entre guetos distintos e coisa de especialistas. Mas inspirado nos novos rumos do Rio, juntamos todas as pontas, convocamos suportes que sempre tiveram forte relação com a palavra como a canção e o teatro e invadimos o Espaço Sesc, em Copacabana. Nos dias 24 e 25 um sem-número de poetas de todas as tribos, dos 70, 90 e 00, do rap ao repente, do hip-hop à academia, enfim um batalhão de gente do verbo, da cena e do ritmo para dar força a um unificado e pacificado Rio de Janeiro, dar sentido a esse verão. Ou não.

O Rio tem uma riquíssima tradição no uso da palavra. Seja ela cantada, entoada, falada ou escrita. Aqui nasceram e viveram nossos grandes poetas, músicos e compositores. Do samba à bossa nova, do modernismo à poesia marginal, do neoconcretismo ao tropicalismo, de Nelson Rodrigues ao Asdrúbal Trouxe o Trombone, todos se inspiraram nessa topologia única de montanhas que deságuam no mar.

O Rio sempre foi uma cidade festiva e festeira, de muitos e brilhantes festivais. Durante o verão então, entre turistas de todo lugar, a cidade regurgita sua cultura e natureza nas praias, nas noitadas da Lapa e ensaios das escolas de samba. Rio 40º. Se o Rio comemora a possibilidade de vir a ser uma cidade una, com o direito de ir e vir e de circular por sua imensa geografia cultural, a palavra não pode ficar de fora. Agora que a cidade segue em nova direção, a palavra, padroeira do sentido, instrumento maior de expressão e comunicação, quer estar junto. Agora o Espaço Sesc abre sua gloriosa arena e foyer para um esperado festival de poesia.

A PALAVRA TODA é o festival de poesia que faltava para a cidade. O Rio é poesia, o Rio é A PALAVRA TODA”.

Chacal



PROGRAMAÇÃO

Nos dia 24 e 25 de janeiro, segunda e terça-feira, o Espaço Sesc, em Copacabana, vai soletrar em alto e bom som o que há de mais vivo no Rio de Janeiro em se falando da arte da palavra. Com curadoria de Chacal e Heloisa Buarque de Hollanda, a festa começa às 18h com o VJ Christiano Menezes embalando o público com seus mashups, suas colagens digitais, trazendo a palavra daqui e de fora.

Na segunda, às 18h30, começa “A palavra em cena”, bloco em que o poema se vale da cena para melhor se fruir. E ainda teremos trechos da peça “Um navio no espaço” com textos de Ana Cristina César interpretados pelo ator Paulo José e pela atriz Ana Kutner. Na terça, Carla Tausz faz um trecho de “Jozú, o encantador de ratos”, de Hilda Hilst.

Na sequência, a poesia e o ritmo em “O rapto da palavra”. No primeiro dia o rap ganha força na voz e na rima de MC Nike e Re.Fem. Na terça, Nissin Instantâneo, Ricardinho, Babu, Bidi Dubois e Durango Kid fazem uma roda de rima, que se alastra pelas praças do Rio e Niterói.

Às 19h30 é a vez de “Agora é hora”, em que os poetas da última geração mostram como são atinados com a palavra escrita. Poetas do CEP 20.000, poetas da PUC, poetas que se iniciam por escrito ou na internet. Poetas contemporâneos. Na segunda, Alice Sant´Anna, Augusto Guimarães Cavalcanti, Pedro Rocha, Mariano Marovatto, Ismar Tirelli Neto e Gregório Duvivier. Na terça, o trem parte com Ramon Mello, Maria Rezende, Marília Garcia, Omar Salomão, Vitor Paiva e Ericson Pires.

Em seguida entra “A palavra contada” com seus repentes, a tradicional e popular poesia falada brasileira. Numa Ciro, a imensa performance, e o escritor Marcus Vinícius Faustini, na segunda, e Aderaldo Cangaceiro, o grito do agreste, na terça.

“Noves fora tudo” é a poesia dos anos 90, apurada, refinada, depurada. Na segunda, Viviane Mosé, pilar do CEP 20.000 e sua dança entre poesia e filosofia. Ainda nesse dia, o grupo: Carlito Azevedo, Felipe Nepomuceno, Valeska de Aguirre, Heitor Ferraz trabalharão palavras e imagens. Na terça, o bicho pega, o couro come com Paulo Henriques Britto, Alberto Pucheu, Carmen Molinari e Masé Lemos. Um mix de gêneros e genialidades.

A sequência é feita pelo bloco “Coletivos”. Na segunda, o Coletivo Cachalote, com Gabriela Marcondes (poesia), Ana Costa e Andrea Capella). Elisa Pessoa (fotos). Na terça, Madame Kaos com as poetas Beatriz Provasi, Marcela Gianninni e Arnaldo Brandão (baixo). A poesia e o espetáculo, roda de poetas.

Depois entram os veteranos dos anos 70, o bloco “Às margens plácidas”. A poesia que trouxe a fala e o corpo para o meio da roda. Na segunda, Chico Alvim, Charles Peixoto, Ronaldo Santos, Antonio Cicero e momento K7 com Zuca Sardana. Na terça, Geraldinho Carneiro, Chacal, Pedro Lage, Salgado Maranhão e momento K7 com Armando Freitas Filho.

Enfim, como em toda festa, o corpo também quer balançar, A PALAVRA TODA fecha com “A palavra cantada”. Na segunda, Letuce, de Letícia Novaes e Lucas Vasconcellos e na terça, fechando os trabalhos, invocando deuses e diabos de Copacabana 40º, o seu cantor, Fausto Fawcett e companhia.

A PALAVRA TODA serão dois dias que formarão um grande painel da palavra no Brasil das últimas décadas do último milênio até agora nos dias que voam. Quem souber ouvir, vai viajar.


DATAS E HORÁRIOS

Serviço: Espaço Sesc
Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana
De 18 às 22 hs.
Entrada franca.
Tel.: (21) 2547-0156

Dia 24 de janeiro – Espaço Sesc, Copacabana


18h30 – ‘A palavra em cena’ – Paulo José e Ana Kutner

19h – ‘O rapto da palavra’ – MC Nike e Re.Fem

19h30 – ‘Agora é hora’ – Alice Sant´Anna, Augusto Guimaraens Cavalcanti, Pedro Rocha, Mariano Marovatto, Ismar Tirelli Neto e Gregório Duvivier

20h10 – ‘A palavra contada’ – Numa Ciro e Marcus Vinícius Faustini

20h30 – ‘Noves fora tudo’ – Viviane Mosé, Carlito Azevedo, Felipe Nepomuceno, Valeska de Aguirre e Heitor Ferraz

21h – ‘Coletivos’ – Cachalote (Gabriela Marcondes, Elisa Pessoa, Ana Costa e Andrea Capella)

21h30 – ‘Às margens plácidas’ – Chico Alvim, Charles Peixoto, Ronaldo Santos, Antonio Cicero e momento K7 com Zuca Sardana

22h – ‘A palavra cantada’ – Letuce (Letícia Novaes e Lucas Vasconcellos)


Dia 25 de janeiro – Espaço Sesc, Copacabana


18h30 – ‘A palavra em cena’ – Carla Tausz

19h – ‘O rapto da palavra’ – REP (Ritmo e Poesia): Nissin Instantâneo, Ricardinho, Babu, Bidi Dubois e Durango Kid

19h30 – ‘Agora é hora’ – Ramon Mello, Maria Rezende, Marília Garcia, Omar Salomão, Vitor Paiva e Ericson Pires

20h10 – ‘A palavra contada’ – Aderaldo Luciano

20h30 – ‘Noves fora tudo’ – Paulo Henriques Britto, Alberto Pucheu, Carmen Molinari e Masé Lemos

21h – ‘Coletivos’ – Madame Kaos (Beatriz Provasi, Marcela Gianninni, Juliana Hollanda e Arnaldo Brandão)

21h30 – ‘Às margens plácidas’ – Geraldinho Carneiro, Chacal, Pedro Lage, Salgado Maranhão e momento K7 com Armando Freitas Filho

22h – ‘A palavra cantada’ – Fausto Fawcett

Mostra paralela - A poesia toda
Fotos, vídeos e outros objetos poéticos

Alberto Saraiva // Arnaldo Antunes // Alex Hamburguer // André Vallias //Chacal // Christian Caselli // Gabriela Marcondes // GrupoUM // Gustavo Peres // João Bandeira // Lenora de Barros // Márcio-André // Marcelo Sahea // Paulo de Toledo // Renato Rezende // Zuca Sardana

FICHA TÉCNICA

Curadoria
Chacal e Heloisa Buarque de Hollanda

Organização
Ramon Mello

Coordenação Geral
Elisa Ventura

Produção
Camilla Savoia
Luiz Cesar Pintoni
Nanda Miranda

Direção de Arte
Retina 78

Realização
Sesc Rio

Idealização e produção
Aeroplano Editora

Apoio
Blooks Livraria
Retina 78

Nenhum comentário: