
quarta-feira, fevereiro 24, 2010
CEM PORCENTO POESIA

sexta-feira, fevereiro 19, 2010
DESTINO POESIA
"Às vezes, a melhor maneira de interpretar um poema é escrever outro poema. Imprescindível pra curtir poesia da melhor forma é fazer leituras em voz alta dos poemas que preferimos ou daqueles que precisamos entender melhor. Ler um livro de poesia é sempre reler os poemas que nos agradaram numa primeira folheada básica. Ler poesia deve ser feito de maneira respirada, a intervalos. Não se lê um livro de poesia como um romance - leitores de poesia têm de poder embaralhar a ordem de leitura, começando, se quiserem, pelo meio, pelo fim, ou simplesmente indo e voltando.”
Ítalo Moriconi, trecho da apresentação da antologia Destino Poesia (José Olympio), que reúne os poetas Ana Cristina Cesar, Cacaso, Paulo Leminski, Torquato Neto e Waly Salomão.
segunda-feira, fevereiro 15, 2010
O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?
"Estou (re)lendo o livro Vinis Mofados, escrito pelo jornalista e ator Ramon Mello. Ramon pertence à novíssima geração de poetas inquietos e talentosos, ao lado de nomes como Augusto Guimaraes Cavalcanti e Bruna Beber. Destaco em seu texto o trabalho cuidadoso e produtivo com a linguagem, a extrema sensibilidade com as imagens e a afirmação de uma póetica que transita entre a tradição e a inovação."
[Jornal do Brasil, Idéias - 13.02.10]
domingo, fevereiro 07, 2010
MORO NA ROÇA
[Mônica Salmaso]
Moro Na Roça
Composição: adaptação de tema popular de Xangô da Mangueira e Zagaia
Eu moro na roça iaiá
Eu nunca morei na cidade
Eu compro jornal da manhã
É pra saber das novidades
Eu moro na roça iaiá...
Minha gente cheguei agora
Minha gente cheguei agora
Minha gente cheguei com Deus
E Nossa Senhora
Eu moro na roça iaiá...
Xique Xique Macambira
Filho de Preto d'Angola
Inda bem não sabe ler
Já quer ser meste de escola
Eu moro na roça iaiá...
Era tu e era ela
Era ela era tu e eu
Hoje nem tu nem ela nem ela
nem tu nem eu
Eu moro na roça iaiá...
sábado, fevereiro 06, 2010
SEBOS, MARES, DIÁRIOS
A LÚCIO CARDOSO, NA CASA DE SAÚDE
Carlos Drummond de Andrade
Entre visitas que perguntam
no corredor, por tua vida
de artista recolhido à noite
sensorial, entre amigos
que se inclinam preocupados
sobre a cisterna, e não distinguem
Teu reflexo brilhar no fundo,
Entre os mais próximos e diletos
- eu não estou, porém de longe
mais perto me sinto e decifro
melhor teu perfil na sombra,
e o perfil não só; tudo mais
que deu sentido a teu chamado
à rua dos homens: palavras
tramadas em papel, soando
em palco, problemas falantes,
movediços em preto-e-branco,
projeção em tela ou parede,
em cor quase som, mensagens
da mais subterrânea estação,
retratos espectrais do ser
para além da radiografia,
e um hálito de amor pedindo
espaços claros, praias de ouro
que se vão modelando em sonho
acordado, escrito, pintado.
Respiras, falas, comunicas-te
à revelia do corpo enfermo
em tudo que é sinal; contemplo
tua vida primeira e plena
a circular, transfigurada,
ó criador, entre vazios
sótão da casa abandonada
Quando entro num sebo, sempre me lembro do romance De cabeça Baixa (Guarda-Chuva), de Flávio Izhaki. Você gosta de sebo? Leia: "Na história contada por Flávio, o protagonista, Felipe Laranjeiras, encontra seu romance, Desencanto, num sebo em Curitiba – lugar escolhido de ‘exílio’ pelo personagem, após o fracasso do primeiro livro e de um relacionamento amoroso. As páginas do exemplar encontrado estão cheias de anotações críticas. Quem escreveu os comentários? Essa pergunta seduz o leitor e o caminha para uma narrativa angustiante e bem estruturada.", escrevi esse texto quando entrevistei Izhaki para o blog Click(In)Versos, em 2008.
Ao chegar em casa, com o diário de Lúcio nas mãos, postei a seguinte frase no Facebook:
"não admito vida longe do mar"
Moro em Copacabana, mas acho que mergulhei em tudo isso por saudade de Araruama, do passado. Uma de minhas lembranças mais felizes: o acampamento em Praia-Seca, com meu pai e meu avô, catando tatuí na areia. E, memória recente, a saudade da alegria efêmera dos fins de semana em Ilha Grande, deitado no píer.
Enfim, abri o diário de Lúcio Cardoso na página 12 e li o quarto parágrafo:
"o mar, a proximidade do mar torna as coisas mais limpas.", agosto de 1949.
O acaso?
Freqüentar sebos é resgatar passados, mesmo que não sejam nossos.
>>> Sobre Lúcio Cardoso:
Fragmentos do documentário Lúcio Cardoso, de Eliane Terra e Karla Holanda: