quinta-feira, dezembro 31, 2009

sábado, dezembro 26, 2009

sexta-feira, dezembro 25, 2009

SE TUDO PODE ACONTECER



show de lançamento do DVD do filme 'Palavra (En)Cantada', auditório Ibirapuera, São Paulo - 02.12.09

VINIS MOFADOS EXTRAI POESIA DOS DISCOS

Numa clara referência - e reverência - ao clássico dos anos oitenta Morangos Mofados, obra-prima do escritor Caio Fernando Abreu (1948-1996), o poeta Ramon Mello extrai poesia do universo dos discos em Vinis Mofados, seu primeiro livro de poemas (editora Língua Geral, R$ 25,00).

Numa espécie da Alta Fidelidade tupiniquim, a ideia aqui é falar de amor mesclando música e jargões da indústria fonográfica, desde a era de ouro dos LPs até hoje.

Não por acaso, o livro está dividido em Lado A e Lado B. Entre os 70 poemas, alguns evocam o universo do disco já nos títulos (Faixa 4, Bônus Tracks, Phono - 00, Faixa Arranhada, Hidden Tracks, Single, MP4 Player).

É tocar, ou melhor, ler para crer.

BR Press - Yahoo! Notícias - Terça-feira, 24 NOV/2009

VALE ATÉ MENTIR

Por Bernardo Scartezini

Ramon Mello tem 25 anos e está lançando seu primeiro livro. Bruna Beber tem 25 anos e está lançando seu segundo livro. O rapaz e a moça escrevem poesia, são poetas. Ambos ganham belos volumes. Bruna & Ramon têm em comum, fora a idade e o bom trato com as palavrinhas, uma decisiva influência da cultura pop. O ouvido de Bruna acolhe o trovador Neil Young e o breguita Benito Di Paula num mesmo universo de referências. Bruna, no livro Balés, mostra ouvido apurado para a melodia dos versos e olhar atento de cronista. O poema Rua da Passagem fica assim: O beijo que espero virá/ da colisão das retas/ paralelas// a caminho da festa/ banho de lama/ na minha melhor roupa// de raspão passará como tiro/ em quem está ao lado/ esperando o ônibus. Ao se saber que ela escreveu esses versos quando morava no Rio e andava de transporte público, s e percebe a herança daquela poesia imediata, cotidiana, de Manuel Bandeira, Mario Quintana e Oswald de Andrade. Também é imediata e urgente a escrita de Ramon Mello em Vinis mofados, acenando, logo de saída, a Caio Fernando Abreu (de Morangos mofados). Tome Segredo para exemplo: Organize a vida/ num pedaço de guardanapo// depois guarde no bolso/ da calça jeans (ellus ou lee)// dizem que angústia/ se perde no vazio dizem. Também fica impresso nas páginas de Ramon & Bruna o espírito aberto da poesia dos anos 1970, 1980 de gente-como-a-gente, como Cacaso e Chacal. Não por acaso a coleção Língua Real, da editora Língua Geral, foi aberta com um poeta daquela geração, Nicolas Behr, nascido em Cuiabá e amadurecido em Brasília. Laranja seleta é uma compilação de poemas antigos e inéditos. Behr está à vontade na companhia de novos e jovens autores. Assim, ele te apresenta esta Laranja: Trinta anos atrás, eu tinha 18 anos. Nunca mais vou ter 18 anos. Nunca mais vou ter o furor de e screver Chá com porrada. O crescimento é inexorável. Mas continuo cheio de dúvidas, cheio de conflitos. Não tenho certeza de nada. As matrizes que permanecem são as da rebeldia. Da não-aceitação de regras prontas para a poesia. Poesia não aceita camisa-de-força. Na poesia vale tudo, até mentir.

Correio Brasilense
Brasília, segunda-feira, 07 de dezembro de 2009

VINIS MOFADOS

Ramon Mello lança seu primeiro livro de poemas

Por Herbert Bastos

Ator, jornalista e poeta. Ou seria ator e jornalista? Ramon Mello nunca desejou ser poeta, embora lesse muita poesia e autores como Caio Fernando Abreu, ouvisse desde sempre muita música popular brasileira e ensaiasse pequenas prosas na adolescência. As coisas na vida dele aconteceram mais ou menos assim: vem de Araruama-Região dos Lagos- para o Rio de Janeiro aos 18 anos para estudar teatro na Martins Pena; Divide apartamento pelo menos umas oito vezes desde que se mudou para o Rio; Faz vestibular para universidades federais, até cair no curso de jornalismo de uma Universidade em Ipanema.

Com o curso, ele consegue alguns trabalhos que o possibilitam uma independência financeira, coisa tal... Mas não é isso que importa agora. O mais importante a ser dito é que Ramon Mello está lançando pela editora Língua Geral o seu primeiro livro de poesia, o Vinis Mofados. O livro surgiu no meio do caminho em que Ramon escrevia o romance All Star Bom é All Star Sujo, que está sendo lapidado com mais tranqüilidade pelo autor neste momento, como um lugar de conforto para ele dizer e viver o que quiser.

Pra quem nunca pensou em ser escritor e poeta, processo que fatalmente atores/jornalistas acabam passando, Ramon Mello mostra o som da sua poesia e toda sua sensibilidade em Vinis Mofados. A cada poema a gente fica sabendo quem são os autores que influenciaram a poesia de Ramon e quem são artistas preferidos: seja por dedicação de poemas a Maysa e Waly Salomão, por exemplo, ou referências direta a Lenine, Adriana Calcanhotto, Caetano Veloso, Nara Leão, Fernanda Takai e outros mais.

Tudo isso além de expor suas preferências de vida, seus amores e decepções posteriores, sem ter receio do que pensariam sobre ele posteriormente a leitura de seu primeiro livro de poemas música. Por escrever poesias sem ponto e sem vírgula, os leitores de Vinis Mofados podem ter uma interpretação diferente do que Ramon escreveu, uma leitura que de repente o próprio autor desconheça a possibilidade, uma poesia que o próprio autor não saiba que existe dentro da poesia dele. Ou seja, poemas que podem ser re-inventados a cada leitura, independente do que Ramon quis propor de imediato.

WTN em Cena

segunda-feira, dezembro 21, 2009

AUTO-SABOTAGEM

"tendência a se repetir, indefinidamente, atitudes destrutivas"

RESOLUÇÕES DE ANO NOVO


em 2010:

1 - voltar a fazer análise (urgente!)

2 - novamente fazer a inscrição na ioga (não adianta pagar a mensalidade e não frequentar as aulas)

3 - parar de fumar (mantra: "o cigarro parece meu amigo, mas é meu inimigo")

4 - meditar diariamente (esquece o cigarro: respire, beba água...)

5 - caminhar no calçadão, mergulhar no mar, tomar banho de cachoeira (uma vez por semana, no mínimo)

6 - trabalhar mais nos projetos pessoais (cadê o romance?)

7 - evitar festinhas-pé-na-jaca (quem teve hepatite não deve beber, lembre-se)

8 - visitar mais meus pais em araruama (não fique no computador)

9 - exercitar: a serenidade, o autocontrole e a paciência (questão de sobrevivência)

10 - relaxar (ouviu? relaxe)


sexta-feira, dezembro 18, 2009

segunda-feira, dezembro 14, 2009

ESCOLHAS

foto: Tomás Rangel






Heloisa Buarque de Hollanda acaba de lançar Escolhas: uma autobiografia intelectual (Língua Geral e Carpe Diem). Leia a introdução a seguir:

HELÔ 7.0

Ramon Mello

“O que leva uma renomada professora de setenta anos, com mais de quarenta e cinco anos de magistério, entregar a organização de sua biografia a um jovem poeta?”, foi o que me perguntei ao longo da organização deste livro. E ainda busco a resposta.

Através da poeta Maria Rezende e do cineasta Murilo Salles, tive o privilégio de conhecer a professora Heloisa Buarque de Hollanda, num debate sobre o universo dos blogs, o Blografias. A ocasião não poderia ser mais adequada, já que se trata de uma intelectual inquieta, curiosa com a produção contemporânea.

A certeza do nosso encontro (e não de um esbarrão) fez com que a confiança mútua resultasse numa profícua troca de idéias. Logo trabalhamos juntos. Primeiro no Portal Literal e depois na realização de ENTER - Antologia Digital. Com um misto de medo e admiração, tive a ousadia de propor a Heloisa Buarque a publicação de uma biografia intelectual no ano de comemoração de seus setenta anos. Sem hesitação, Helô aceitou.


Por sugestão do escritor Bernardo Carneiro Horta, biógrafo de Nise da Silveira, apresentei a idéia ao editor da Língua Geral, Eduardo Coelho, responsável pela estruturação do projeto. Escolhas — título criado por Heloisa — é um livro-memória sobre a trajetória da mais “antenada” intelectual brasileira. Uma “contemporânea da contemporaneidade”, como bem a definiu Luiz Ruffato.

A primeira parte do livro é composta pelo memorial apresentado por Heloisa Buarque ao departamento de Teoria da Comunicação da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro para o concurso de provimento do cargo de professor titular no setor Teoria Crítica da Cultura, em 1993. Através de uma narrativa biográfica, Heloisa passeia por fragmentos de memórias para estruturar formalmente seu trajeto intelectual. Episódios de infância, a relação com os livros, as aulas, tudo é esmiuçado com rigor e afeto.

E a segunda parte é um texto atual de Heloisa, escrito a partir de mais de oito horas de entrevistas realizadas em seu apartamento no Leblon, zona Sul do Rio de Janeiro. Os encontros foram aulas sobre cultura brasileira — a cada dia uma descoberta, fragmentos da memória aos poucos se transformavam numa emocionante história. Um inesquecível aprendizado. Por fim, a conversa serviu apenas como guia do texto final que Heloisa escreveu para o segundo capítulo de sua biografia, revisitando pontos importantes do memorial e analisando os temas que estão despertando seu interesse, principalmente a internet e a periferia.

O resultado são dois relatos, que juntos podem nos dar a dimensão do trabalho intelectual desenvolvido por Heloisa Buarque de Hollanda. A crítica da literatura Beatriz Resende, ex-aluna de Heloisa, herdeira do interesse pelos “sinais de turbulência” em nossa cultura, assina a apresentação do livro. Além de analisar o depoimento, Beatriz relata a experiência de compartilhar a trajetória profissional ao lado de Heloisa. Um diálogo textual sobre o nobre ofício do magistério e idiossincrasias do universo acadêmico, um relato apaixonante sobre o ensino no Brasil.

A orelha do livro, assinada por Zuenir Ventura (amigo de longa vida de Heloisa) é um dos raros momentos em que, mesmo em eterno movimento, Heloisa é “fotografada” com precisão. O texto foi originalmente escrito para o prêmio Mulher do Ano, do Conselho Nacional de Mulheres do Brasil, em dezembro de 1993, após o resultado do polêmico concurso para professor titular da UFRJ.

A produção deste livro só foi possível com a parceria e estímulo de diversos profissionais, como o fotógrafo (marido de Heloisa) João Horta; as editoras Carolina Casarin, Connie Lopes e Elisa Ventura; os produtores Marcio Debellian, Suely Abreu e Valeska Zamboni; o professor Nonato Gurgel; as jornalistas Ana Arruda Callado, Ana Madureira e Teresa Karabtchevsky; e a pesquisadora Uyara Louzada — que mergulhou na Biblioteca Nacional para encontrar as matérias sobre o concurso da UFRJ.

É necessário também agradecer a gentileza dos funcionários do CEPDOC dos periódicos Jornal do Brasil (Elaine Loss), O Globo (Marcos Alexandre Mulatinho e Andréa Moraes da Hora) e Jornal do Comércio (Nathália Gomes). Além dos jornalistas Luiz Noronha e Geneton Moraes Neto,que autorizaram, pessoalmente, a publicação de matérias. E, ainda, ao Instituto Carpe Diem, representado por Antônio Campos, pela coedição que recebeu ainda o apoio de Lula Arraes.

De forma simples e eficaz, uma rede enorme de amigos de Heloisa contribuiu para o resultado final desse trabalho. Heloisa Buarque planejou sua notável carreira seguindo o amor e a poesia. Incansável, dedicou sua vida à palavra. Um legado que nos permite entender a poesia brasileira, o olhar feminino na sociedade, a relação da literatura na web e a atuação da periferia nos campos culturais.

Dialogando com Murilo Mendes, compreendi que para Heloisa Buarque de Hollanda “é muito difícil esconder o amor/ a poesia sopra onde quer”. Ou melhor, a poesia está em cada página.


> Leia um trecho da autobiografia de Heloisa Buarque no Saraiva Conteúdo e no Portal Literal.



> Assista à entrevista com Heloisa Buarque no SaraivaConteúdo:



sábado, dezembro 12, 2009

O MOÇO DA CAPA



"quem fez a capa do vinis mofados?"

o designer (e escritor) fabiano vianna é o responsável.

a foto é de japa biet.

marco novack é o produtor (ator e fotógrafo) que encontrou a vitrola.

"quem é o moço na capa do livro? é você?"

não.

é o ator, autor e diretor de teatro ANDY GERCKER, um especialista em caio fernando abreu. olha o moço no espetáculo coração de gás neon, em foto de andrea paccini:



>>> leia os textos de andy gercker no blog um coração neon.

TAXI

, e esse sotaque?

do maranhão.

terra do gullar...

não! terra daquele fdp do sarney.

sexta-feira, dezembro 11, 2009

RAMONES NA ROLLING STONE


[clique na imagem para ampliar]

POESIA MUSICADA

Uma aposta no íntimo diálogo entre poesia e música

Por Maurício Duarte

Um livro de um poeta estreante é sempre uma busca. E a obra nasceu de um diálogo entre música e literatura, explícito no título, que junta os vinis com o clássico Morangos Mofados, de Caio Fernando Abreu. A estrutura da obra é dividida como em um disco. No Lado A, há uma procura por desvendar o enigma da palavra, o modo como ela se relaciona com o organismo do poema, como nos versos de "Dicionário" ou "Impressão". É ali que Ramon nos apresenta sua preocupação mais formal, seu catálogo de intenções. No Lado B, o autor dá as caras de maneira mais desabrida, sem medo de se expor. Ramon se coloca como parte integrante do poema com toda a carga emocional que tal opção estilística pode carregar. Vemos dores de cotovelo, rompimentos e um certo cinismo com os caminhos do amor e da vida, como em “Faixa Arranhada” ou “Doida Canção”. Tudo repleto de referências ao mundo moderno, à cultura pop, à MPB, ao blues e ao computador – há um ótimo poema em linguagem de MSN. É um início e, como todo começo, deixa brechas, sinaliza melhoras. Mas, ao mesmo tempo, nos deixa querendo mais. Basta seguir a trilha sonora proposta por Ramon.

Entrevista – Ramon Mello

Fale um pouco de seu processo de criação.
Não consigo entender a arte sem diálogo. Assim é com a música e a poesia. Quando penso em nossos intelectuais, não me lembro dos acadêmicos ou imortais. Vibro ao saber que minha formação passa por músicos e compositores como Caetano Veloso, Renato Russo, Maria Bethânia, Lirinha, Marina, Arnaldo Antunes, Tom Zé. E junto tudo isso com a obra de Caio Fernando Abreu, que era um apaixonado por MPB. Vinis Mofados é resultado da conversa de uma vitrola 78 rotações com uma caneta Bic.

Então, o que influencia mais você?
A vida. Leio muito mais do que ouço música, mas não entendo maior influência de uma determinada área. O respeito que tenho quando ouço uma música do Chico Buarque é o mesmo ao assistir a uma peça do Zé Celso ou ao ler um livro da Cecília Meireles. A questão está na palavra, ela costura minha identidade. Escrevo muito a partir do amor intenso e da desilusão.

Por que a obsessão com o vinil?
Não é obsessão, mas relação afetiva. Gosto das capas grandes, do ritual de ligar a vitrola e virar o disco. Há muita diferença entre escutar um vinil e um MP4. Não tem juízo de valor, é diferente. Quando posso escolher, ouço música na vitrola.