quinta-feira, dezembro 31, 2009

sábado, dezembro 26, 2009

sexta-feira, dezembro 25, 2009

SE TUDO PODE ACONTECER



show de lançamento do DVD do filme 'Palavra (En)Cantada', auditório Ibirapuera, São Paulo - 02.12.09

VINIS MOFADOS EXTRAI POESIA DOS DISCOS

Numa clara referência - e reverência - ao clássico dos anos oitenta Morangos Mofados, obra-prima do escritor Caio Fernando Abreu (1948-1996), o poeta Ramon Mello extrai poesia do universo dos discos em Vinis Mofados, seu primeiro livro de poemas (editora Língua Geral, R$ 25,00).

Numa espécie da Alta Fidelidade tupiniquim, a ideia aqui é falar de amor mesclando música e jargões da indústria fonográfica, desde a era de ouro dos LPs até hoje.

Não por acaso, o livro está dividido em Lado A e Lado B. Entre os 70 poemas, alguns evocam o universo do disco já nos títulos (Faixa 4, Bônus Tracks, Phono - 00, Faixa Arranhada, Hidden Tracks, Single, MP4 Player).

É tocar, ou melhor, ler para crer.

BR Press - Yahoo! Notícias - Terça-feira, 24 NOV/2009

VALE ATÉ MENTIR

Por Bernardo Scartezini

Ramon Mello tem 25 anos e está lançando seu primeiro livro. Bruna Beber tem 25 anos e está lançando seu segundo livro. O rapaz e a moça escrevem poesia, são poetas. Ambos ganham belos volumes. Bruna & Ramon têm em comum, fora a idade e o bom trato com as palavrinhas, uma decisiva influência da cultura pop. O ouvido de Bruna acolhe o trovador Neil Young e o breguita Benito Di Paula num mesmo universo de referências. Bruna, no livro Balés, mostra ouvido apurado para a melodia dos versos e olhar atento de cronista. O poema Rua da Passagem fica assim: O beijo que espero virá/ da colisão das retas/ paralelas// a caminho da festa/ banho de lama/ na minha melhor roupa// de raspão passará como tiro/ em quem está ao lado/ esperando o ônibus. Ao se saber que ela escreveu esses versos quando morava no Rio e andava de transporte público, s e percebe a herança daquela poesia imediata, cotidiana, de Manuel Bandeira, Mario Quintana e Oswald de Andrade. Também é imediata e urgente a escrita de Ramon Mello em Vinis mofados, acenando, logo de saída, a Caio Fernando Abreu (de Morangos mofados). Tome Segredo para exemplo: Organize a vida/ num pedaço de guardanapo// depois guarde no bolso/ da calça jeans (ellus ou lee)// dizem que angústia/ se perde no vazio dizem. Também fica impresso nas páginas de Ramon & Bruna o espírito aberto da poesia dos anos 1970, 1980 de gente-como-a-gente, como Cacaso e Chacal. Não por acaso a coleção Língua Real, da editora Língua Geral, foi aberta com um poeta daquela geração, Nicolas Behr, nascido em Cuiabá e amadurecido em Brasília. Laranja seleta é uma compilação de poemas antigos e inéditos. Behr está à vontade na companhia de novos e jovens autores. Assim, ele te apresenta esta Laranja: Trinta anos atrás, eu tinha 18 anos. Nunca mais vou ter 18 anos. Nunca mais vou ter o furor de e screver Chá com porrada. O crescimento é inexorável. Mas continuo cheio de dúvidas, cheio de conflitos. Não tenho certeza de nada. As matrizes que permanecem são as da rebeldia. Da não-aceitação de regras prontas para a poesia. Poesia não aceita camisa-de-força. Na poesia vale tudo, até mentir.

Correio Brasilense
Brasília, segunda-feira, 07 de dezembro de 2009

VINIS MOFADOS

Ramon Mello lança seu primeiro livro de poemas

Por Herbert Bastos

Ator, jornalista e poeta. Ou seria ator e jornalista? Ramon Mello nunca desejou ser poeta, embora lesse muita poesia e autores como Caio Fernando Abreu, ouvisse desde sempre muita música popular brasileira e ensaiasse pequenas prosas na adolescência. As coisas na vida dele aconteceram mais ou menos assim: vem de Araruama-Região dos Lagos- para o Rio de Janeiro aos 18 anos para estudar teatro na Martins Pena; Divide apartamento pelo menos umas oito vezes desde que se mudou para o Rio; Faz vestibular para universidades federais, até cair no curso de jornalismo de uma Universidade em Ipanema.

Com o curso, ele consegue alguns trabalhos que o possibilitam uma independência financeira, coisa tal... Mas não é isso que importa agora. O mais importante a ser dito é que Ramon Mello está lançando pela editora Língua Geral o seu primeiro livro de poesia, o Vinis Mofados. O livro surgiu no meio do caminho em que Ramon escrevia o romance All Star Bom é All Star Sujo, que está sendo lapidado com mais tranqüilidade pelo autor neste momento, como um lugar de conforto para ele dizer e viver o que quiser.

Pra quem nunca pensou em ser escritor e poeta, processo que fatalmente atores/jornalistas acabam passando, Ramon Mello mostra o som da sua poesia e toda sua sensibilidade em Vinis Mofados. A cada poema a gente fica sabendo quem são os autores que influenciaram a poesia de Ramon e quem são artistas preferidos: seja por dedicação de poemas a Maysa e Waly Salomão, por exemplo, ou referências direta a Lenine, Adriana Calcanhotto, Caetano Veloso, Nara Leão, Fernanda Takai e outros mais.

Tudo isso além de expor suas preferências de vida, seus amores e decepções posteriores, sem ter receio do que pensariam sobre ele posteriormente a leitura de seu primeiro livro de poemas música. Por escrever poesias sem ponto e sem vírgula, os leitores de Vinis Mofados podem ter uma interpretação diferente do que Ramon escreveu, uma leitura que de repente o próprio autor desconheça a possibilidade, uma poesia que o próprio autor não saiba que existe dentro da poesia dele. Ou seja, poemas que podem ser re-inventados a cada leitura, independente do que Ramon quis propor de imediato.

WTN em Cena

segunda-feira, dezembro 21, 2009

AUTO-SABOTAGEM

"tendência a se repetir, indefinidamente, atitudes destrutivas"

RESOLUÇÕES DE ANO NOVO


em 2010:

1 - voltar a fazer análise (urgente!)

2 - novamente fazer a inscrição na ioga (não adianta pagar a mensalidade e não frequentar as aulas)

3 - parar de fumar (mantra: "o cigarro parece meu amigo, mas é meu inimigo")

4 - meditar diariamente (esquece o cigarro: respire, beba água...)

5 - caminhar no calçadão, mergulhar no mar, tomar banho de cachoeira (uma vez por semana, no mínimo)

6 - trabalhar mais nos projetos pessoais (cadê o romance?)

7 - evitar festinhas-pé-na-jaca (quem teve hepatite não deve beber, lembre-se)

8 - visitar mais meus pais em araruama (não fique no computador)

9 - exercitar: a serenidade, o autocontrole e a paciência (questão de sobrevivência)

10 - relaxar (ouviu? relaxe)


sexta-feira, dezembro 18, 2009

segunda-feira, dezembro 14, 2009

ESCOLHAS

foto: Tomás Rangel






Heloisa Buarque de Hollanda acaba de lançar Escolhas: uma autobiografia intelectual (Língua Geral e Carpe Diem). Leia a introdução a seguir:

HELÔ 7.0

Ramon Mello

“O que leva uma renomada professora de setenta anos, com mais de quarenta e cinco anos de magistério, entregar a organização de sua biografia a um jovem poeta?”, foi o que me perguntei ao longo da organização deste livro. E ainda busco a resposta.

Através da poeta Maria Rezende e do cineasta Murilo Salles, tive o privilégio de conhecer a professora Heloisa Buarque de Hollanda, num debate sobre o universo dos blogs, o Blografias. A ocasião não poderia ser mais adequada, já que se trata de uma intelectual inquieta, curiosa com a produção contemporânea.

A certeza do nosso encontro (e não de um esbarrão) fez com que a confiança mútua resultasse numa profícua troca de idéias. Logo trabalhamos juntos. Primeiro no Portal Literal e depois na realização de ENTER - Antologia Digital. Com um misto de medo e admiração, tive a ousadia de propor a Heloisa Buarque a publicação de uma biografia intelectual no ano de comemoração de seus setenta anos. Sem hesitação, Helô aceitou.


Por sugestão do escritor Bernardo Carneiro Horta, biógrafo de Nise da Silveira, apresentei a idéia ao editor da Língua Geral, Eduardo Coelho, responsável pela estruturação do projeto. Escolhas — título criado por Heloisa — é um livro-memória sobre a trajetória da mais “antenada” intelectual brasileira. Uma “contemporânea da contemporaneidade”, como bem a definiu Luiz Ruffato.

A primeira parte do livro é composta pelo memorial apresentado por Heloisa Buarque ao departamento de Teoria da Comunicação da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro para o concurso de provimento do cargo de professor titular no setor Teoria Crítica da Cultura, em 1993. Através de uma narrativa biográfica, Heloisa passeia por fragmentos de memórias para estruturar formalmente seu trajeto intelectual. Episódios de infância, a relação com os livros, as aulas, tudo é esmiuçado com rigor e afeto.

E a segunda parte é um texto atual de Heloisa, escrito a partir de mais de oito horas de entrevistas realizadas em seu apartamento no Leblon, zona Sul do Rio de Janeiro. Os encontros foram aulas sobre cultura brasileira — a cada dia uma descoberta, fragmentos da memória aos poucos se transformavam numa emocionante história. Um inesquecível aprendizado. Por fim, a conversa serviu apenas como guia do texto final que Heloisa escreveu para o segundo capítulo de sua biografia, revisitando pontos importantes do memorial e analisando os temas que estão despertando seu interesse, principalmente a internet e a periferia.

O resultado são dois relatos, que juntos podem nos dar a dimensão do trabalho intelectual desenvolvido por Heloisa Buarque de Hollanda. A crítica da literatura Beatriz Resende, ex-aluna de Heloisa, herdeira do interesse pelos “sinais de turbulência” em nossa cultura, assina a apresentação do livro. Além de analisar o depoimento, Beatriz relata a experiência de compartilhar a trajetória profissional ao lado de Heloisa. Um diálogo textual sobre o nobre ofício do magistério e idiossincrasias do universo acadêmico, um relato apaixonante sobre o ensino no Brasil.

A orelha do livro, assinada por Zuenir Ventura (amigo de longa vida de Heloisa) é um dos raros momentos em que, mesmo em eterno movimento, Heloisa é “fotografada” com precisão. O texto foi originalmente escrito para o prêmio Mulher do Ano, do Conselho Nacional de Mulheres do Brasil, em dezembro de 1993, após o resultado do polêmico concurso para professor titular da UFRJ.

A produção deste livro só foi possível com a parceria e estímulo de diversos profissionais, como o fotógrafo (marido de Heloisa) João Horta; as editoras Carolina Casarin, Connie Lopes e Elisa Ventura; os produtores Marcio Debellian, Suely Abreu e Valeska Zamboni; o professor Nonato Gurgel; as jornalistas Ana Arruda Callado, Ana Madureira e Teresa Karabtchevsky; e a pesquisadora Uyara Louzada — que mergulhou na Biblioteca Nacional para encontrar as matérias sobre o concurso da UFRJ.

É necessário também agradecer a gentileza dos funcionários do CEPDOC dos periódicos Jornal do Brasil (Elaine Loss), O Globo (Marcos Alexandre Mulatinho e Andréa Moraes da Hora) e Jornal do Comércio (Nathália Gomes). Além dos jornalistas Luiz Noronha e Geneton Moraes Neto,que autorizaram, pessoalmente, a publicação de matérias. E, ainda, ao Instituto Carpe Diem, representado por Antônio Campos, pela coedição que recebeu ainda o apoio de Lula Arraes.

De forma simples e eficaz, uma rede enorme de amigos de Heloisa contribuiu para o resultado final desse trabalho. Heloisa Buarque planejou sua notável carreira seguindo o amor e a poesia. Incansável, dedicou sua vida à palavra. Um legado que nos permite entender a poesia brasileira, o olhar feminino na sociedade, a relação da literatura na web e a atuação da periferia nos campos culturais.

Dialogando com Murilo Mendes, compreendi que para Heloisa Buarque de Hollanda “é muito difícil esconder o amor/ a poesia sopra onde quer”. Ou melhor, a poesia está em cada página.


> Leia um trecho da autobiografia de Heloisa Buarque no Saraiva Conteúdo e no Portal Literal.



> Assista à entrevista com Heloisa Buarque no SaraivaConteúdo:



sábado, dezembro 12, 2009

O MOÇO DA CAPA



"quem fez a capa do vinis mofados?"

o designer (e escritor) fabiano vianna é o responsável.

a foto é de japa biet.

marco novack é o produtor (ator e fotógrafo) que encontrou a vitrola.

"quem é o moço na capa do livro? é você?"

não.

é o ator, autor e diretor de teatro ANDY GERCKER, um especialista em caio fernando abreu. olha o moço no espetáculo coração de gás neon, em foto de andrea paccini:



>>> leia os textos de andy gercker no blog um coração neon.

TAXI

, e esse sotaque?

do maranhão.

terra do gullar...

não! terra daquele fdp do sarney.

sexta-feira, dezembro 11, 2009

RAMONES NA ROLLING STONE


[clique na imagem para ampliar]

POESIA MUSICADA

Uma aposta no íntimo diálogo entre poesia e música

Por Maurício Duarte

Um livro de um poeta estreante é sempre uma busca. E a obra nasceu de um diálogo entre música e literatura, explícito no título, que junta os vinis com o clássico Morangos Mofados, de Caio Fernando Abreu. A estrutura da obra é dividida como em um disco. No Lado A, há uma procura por desvendar o enigma da palavra, o modo como ela se relaciona com o organismo do poema, como nos versos de "Dicionário" ou "Impressão". É ali que Ramon nos apresenta sua preocupação mais formal, seu catálogo de intenções. No Lado B, o autor dá as caras de maneira mais desabrida, sem medo de se expor. Ramon se coloca como parte integrante do poema com toda a carga emocional que tal opção estilística pode carregar. Vemos dores de cotovelo, rompimentos e um certo cinismo com os caminhos do amor e da vida, como em “Faixa Arranhada” ou “Doida Canção”. Tudo repleto de referências ao mundo moderno, à cultura pop, à MPB, ao blues e ao computador – há um ótimo poema em linguagem de MSN. É um início e, como todo começo, deixa brechas, sinaliza melhoras. Mas, ao mesmo tempo, nos deixa querendo mais. Basta seguir a trilha sonora proposta por Ramon.

Entrevista – Ramon Mello

Fale um pouco de seu processo de criação.
Não consigo entender a arte sem diálogo. Assim é com a música e a poesia. Quando penso em nossos intelectuais, não me lembro dos acadêmicos ou imortais. Vibro ao saber que minha formação passa por músicos e compositores como Caetano Veloso, Renato Russo, Maria Bethânia, Lirinha, Marina, Arnaldo Antunes, Tom Zé. E junto tudo isso com a obra de Caio Fernando Abreu, que era um apaixonado por MPB. Vinis Mofados é resultado da conversa de uma vitrola 78 rotações com uma caneta Bic.

Então, o que influencia mais você?
A vida. Leio muito mais do que ouço música, mas não entendo maior influência de uma determinada área. O respeito que tenho quando ouço uma música do Chico Buarque é o mesmo ao assistir a uma peça do Zé Celso ou ao ler um livro da Cecília Meireles. A questão está na palavra, ela costura minha identidade. Escrevo muito a partir do amor intenso e da desilusão.

Por que a obsessão com o vinil?
Não é obsessão, mas relação afetiva. Gosto das capas grandes, do ritual de ligar a vitrola e virar o disco. Há muita diferença entre escutar um vinil e um MP4. Não tem juízo de valor, é diferente. Quando posso escolher, ouço música na vitrola.

domingo, novembro 29, 2009

VINIS SP




[beberico tentando me seduzir]

tentei ajustar a foto, mas esse micro não me obedece


[nazarian ainda úmido]





[del fuego, encuentro]


[don artugo]



[valéria]



[chico bento]



[rudnei borges]

a foto está ruim. mas vale a presença do poeta, autor de 'chão de terra batida'


[ricardo boiadeiro e caboclo bira]





[don angelo]

terça-feira, novembro 24, 2009

LABORATÓRIO DA PALAVRA


laboratório da palavra, edição 'poemas daqui e de acolá'.

PRAZERPADECIMENTOCONTÍNUO


A leitura de Vinis mofados (Língua Geral, 96 pp., R$ 25), de Ramon Mello, poliu em mim uma ideia que trago cristalizada: a ideia de que existe um todo poético reservado a uns poucos que o tateiam com o cérebro e que detêm a forma certeira de o verter em versos. Em pedacinhos selecionados com cuidado.

Não se trata de uma tentativa de tornar esse todo poético acessível a qualquer leitor, mas de aliviar de si mesmo o peso-prazer de o suportar. Sem nenhum sentimento de superioridade ou arrogância. Nem lá nem cá. A nobreza da certeza ou a simplicidade da transparência dão o tom à poesia que absorvi.

Inspiração também não é, não. É suor mesmo. É o tal peso-prazer. Ramon sua bastante, e se despe, e se projeta. É um virtuoso numa arte que pode parecer fácil aos olhos do leitor qualquer, mas que, definitivamente, não é.

Ele implode-explode em poesia que fala de poesia, em erotismo e sensualidade, imaginando sempre mais fotográfica do que pictoricamente. Os pedacinhos que escolhe são dificílimos de lidar. E Ramon lida bem com eles... Ah, lida! Quem escreve “soletra os passos / para encontrar / caminhos” inscreve-se na primeira linha da poesia.

A ausência de pontuação dá ao leitor qualquer a liberdade da leitura, do ritmo – o verso é apenas um fio condutor, um elemento lúdico para a língua de quem o lê brincar à vontade. E, com isso, o leitor qualquer vai deixando sua qualificação qualquer para tornar-se o leitor único, singular, e fundir-se à poesia que Ramon edifica.

Esse leitor viaja no tempo, sabedor de que o ano de 2009 dos vinis mofados do poeta pode ser 1973 ou 1981. De verdade, retroaviaja, como eu, já saudoso do que acontece bem debaixo de meus olhos: “lembrar dá vontade de ser ilha voar”.

Aos vinis dessa antiguidade atual, desse passado presente, soma-se o mofo. E como nada nessa obra de Ramon Mello é vem de graça, a segunda palavra do título, mofados, é de botar no bolso e levar consigo na leitura dos poemas. Ou de botar atrás da orelha se as roupas já não marcarem presença.

Antigos e guardados são esses vinis mofados. E o mofo é precioso – ele permanece, verde-branco, sobre os sulcos da bolacha preta do vinil. O sulco percorrido pelos olhos-agulhas de quem então já é o leitor, o singular leitor privilegiado de Ramon.

Vinis mofados. Reduzo a marcha na pluralice titular: um conjunto, um mesmo grupo, um todo... eco daquele todo poético lá do primeiro parágrafo, que volta aqui para fechar essa resenha-recomendação: devolva-se a Ramon, lendo-o! “o que / de mim / deixei / em você / devolva / me”.

* Fernando Alves é produtor editorial e poeta e resenhou Vinis mofados especialmente para o PublishNews.

sábado, novembro 21, 2009

CADÊ OS PAULISTAS?


vamos?

SOBRE VINIS MOFADOS

Por Francisco Araújo

Dizem os linguistas, e dizemos nós, papagaiando, que o recorte do pensamento em língua não apresenta sincronia, paralelismo perfeito. O pensamento – uma coisa, a língua – outra coisa e outra coisa são as coisas. O inusitado do enleio dos três elementos é que, apesar disso, um está para o outro e de alguma forma, somente para o outro existe. A língua é elo entre o pensamento e as coisas, pois as coisas nem são sem que se pense ou pronuncie uma palavra e também, porque não se sabe se há pensamento vazio de palavras ou que no vazio pensamento possa ser.

Vindo por esse caminho, chegamos aqui, em Vinis mofados, onde se canta os tropeços dessa conexão pensamento-língua-coisa. O poeta tem o elemento do meio para moldar e nos revelar dos outros dois. Barthes foi o que considerou, questão presente na poesia de Ramon, o fascismo da língua, que toda língua é fascista por nos impor um molde, a sintaxe, a morfologia, a fonética, áreas particularizadas em cada língua, que assim, recortam apenas algumas das possibilidades do repertório maior de ordem, forma, sons. Coisa que sabemos pelas outras línguas. Além das possibilidades imagináveis, pois que imaginar é preciso.

Começamos a ler Vinis pelo Lado A, que por ser livro de nossa cultura de ler livros virando páginas da direita para a esquerda, sugere menos que um vinil que se comece por qualquer lado. Excetuando-se os metódicos. Continuando, chegamos então ao oitavo poema e já percebemos algo da obsessão e angústia do fascismo da língua no moldar da palavra. A palavra palavra está de modo central em sete desses oito, pois que há uma pausa de dois versos para Araruama. O Lado A, portanto, apresenta mais frequentemente a palavra na oficina, em metáforas que a caracterizam, em propostas de definição, coisa de que pode ser síntese o poema Dicionário, que tem a graça de nos mostrar que a busca implica em andar em círculo: palavra é grade cela prisão / guarda de poesia / palavra é delírio / palavra é / palavra. Com um pé na porta para as ruas do Rio, Ramon prepara seu discurso, revela algumas das referências, nos mostra seus discos e nos envolve de prazer sincero e simples. É quando começamos a gostar. Porque poesia não é coisa de que gente muita prática precise e, quem pergunta para que serve, já se protegeu do lirismo e da sofisticação das elaboradas e belas coisas inúteis. Paciência é preciso.

Já para o final de Lado A encontramos Ramon com o pé na rua, na companhia do outro, na companhia de muitos, doce urbanoide, e curioso é, que o Rio-natureza não apareça. Pelos encontros com pessoas e coisas é ele atingido e na volta rumina seus instantes, quebrando seus versos, que encontram a semântica num próximo: não prometo amor / perfeito eterno apenas / uma trepada na noite / de sábado goza veste / a roupa e vai / embora. E em versos quebrados são os instantes urbanos, o barulho da cidade e os cérebros eletrônicos, e com estes nosso novo vocabulário, pois que outro caminhar do livro é o do analógico para o digital. O digital bem assumido no dia-a-dia, mas sem deixar de nos contar da melancólica sensação de frivolidade e frustração presentes nas imensas memórias que muito armazenam e nas interações de cada santo dia. Depois de certa altura há instantes de simples lamento, de desabafo, de saudades, de doce carência. E quando é muito direto, requer, mais nesse que em outros casos, um leitor desprotegido e desarmado. Afeto é preciso.

Da geração sem ideologia, é o que se afirma dos nossos artistas, os da nossa geração. Se isso é bom não se sabe, mas sabemos que foi mal e a vida de Ossip Mandelstam, dentre outros artistas russos que cantaram a Revolução de Outubro e se viram sem espaço no pragmatismo da execução do projeto, disso nos dá testemunho. Este era poeta sóbrio e nos avisou que a ideia de progresso, para a arte, não vai bem. E concordamos que não vamos a lugar algum com isso, que só para o prazer existe, e quando reclamamos aos que organizam as coisas é somente para continuar fazendo e apreciando. Se é para servir a projetos de admiráveis mundos novos o instrumento não deve ser a arte, que não deve nunca confirmar sempre, mas cartilhas, que repetem, repetem e hipnotizam. Ramon não vai por aí, mas não é raso porque mergulha em si, nos outros corpos, sente seus cheiros e sonha com corpos para o perfeito encaixe. Vez ou outra sobra alguma dor de cotovelo de amor romântico, digerida num lamento-desabafo.

Lendo e relendo ficamos íntimos do livro, que dá vontade de chamar livrinho, de diminutivo carinhoso. Ramon Mello começa bem, bem devassado e nos atinge, pois que afeto temos e experimentamos a busca da dicção, a busca do amor. E nos apaixonar pelo poeta e seus poemas somos capazes se para nós também uma coleção de músicas na cabeça tenha sido sempre bom pretexto e se, por último, também nosso riso está tão próximo do choro. Poemas de riso e lágrima e dor disfarçada – Palhaço. Arranhões, voz arranhada, riscos no disco, agulhas quebradas traduzem a desarmonia que assalta o poeta, que quebra versos, recortando instantes, matando palavra em livro – matar palavra é boa metáfora. Vinis mofados é um prazer – o prazer da palavra em verso, prazer do livro-objeto, da bela capa, da textura macia. Será um prazer acompanha-lo, Ramon, que o voo de agora é de boa altura, já esperamos vê-lo passar das nuvens.

ESCUTANDO OS VINIS MOFADOS

Por Paula Cajaty

Uma moça que eu nem conhecia se dirigiu a mim, a última na fila enorme de autógrafos e perguntou sorridente 'Ele tem prestígio, né?'. Atônita, eu não pude responder à pergunta feita à queima roupa.

Ainda sem o autógrafo, com o primeiro livro de Ramon Mello nas mãos, orelha de Heloisa Buarque de Hollanda, reparo que ele foi montado poeticamente como um LP e isso me fez atinar que o LP não é a mera união de lados, mas em essência é um objeto dual, contraposto, verso e reverso, o que de logo convida intuitivamente à sedução de mudar de tom.

É bom lembrar que, após o LP com sua divisão dúplice, frente e verso, veio o CD, planificado, uno, uma face de exibição, outra em que se revelava o conteúdo decodificado. E, mais recentemente, a dualidade se perdeu por completo e os arquivos digitais, que substituíram o suporte físico da música, encerram uma virtualidade latente, uma quase inexistência, uma imaterialidade que os define e caracteriza. Ramon escolheu a razão de ser do LP e, a partir disso, dessa constatação prévia e não menos profunda, eu fechei o livro. Respirei fundo. Poderia continuar a leitura mais tarde, confortável na minha poltrona preferida.

A primeira parte, o Lado A, é mais seco e mais áspero. Contundente, é o limão chupado depois da tequila. Nele, sobreleva o poema concreto, substantivo, por vezes até visual. Talvez em superfície, em primeira apresentação, todos nós sejamos assim também, menos palavrosos, menos blues e mais rock'n'roll.

No Lado A de Ramon, o poeta se permite mais, diverte-se com o ato formal do ouvir a música, exibindo seus próprios botões: play, repeat, rec. E vai, assim, dando pistas sobre o que ele escuta, o que é preciso repetir para refletir ou sublinhar, o que de precioso ele precisa gravar para que não se perca nunca.

Remix, ipod, master system, stereo, todas essas figuras são mixadas à poesia, que vai assimilando outros símbolos, ritmos de um tempo novo. Não se trata apenas de uma releitura ou remasterização dos 'Morangos mofados' de Caio Fernando Abreu, mas uma breve remissão do que sensibiliza o poeta, uma de suas tantas influências músico-literárias. Assim como ele, para escrever também eu lanço mão de algumas músicas preferidas, músicas de despertar poesia.

No Lado B, Ramon muda o disco e altera o diapasão. Não há mais o 'vinho tesão' a transbordar pelos poros ou a objetividade do 'sexo virtual :-O / hummm? / só com o antivírus! / :-( '. Seu Lado B anuncia que a voz arranhada não convence e então ele mergulha em si mesmo, 'vira o lado do disco', revira suas reminiscências, seu baú de antiguidades e suaviza a música numa sonoridade leve e melodiosa que pode até embalar o sono e fazer 'sonhar usando céu de cobertor'.

Em 'Vinis mofados', Ramon exibe uma poesia pensada no mundo dual do vinil, mas produzida em mp4, num mundo que há muito já se tornou multimídia (enquanto nós permanecemos duais), e assim ele se propaga, simultaneamente, por vários sentidos.

Talvez Ramon tenha prestígio, sim. Mas, muito mais do que isso, o que eu sei agora é que ele tem poesia e, além do mais, gosta de uma música para lá de boa. Com o sorriso do gato de Alice nos lábios, ler Ramon é ler o presente: let's rock.

JB LETRAS

jblog - tolipan




Poeta e jornalista Ramon Mello é uma espécie de aglutinador do mundo das letras. Curioso, interessado, amante de bons papos e talento correndo solto na veia, ele vem fazendo um trabalho de catalogação da nova geração de literatos - mais de 80 já foram entrevistados por ele - em seu blog Click (In)Versos. "A idéia é fazer uma seleção e publicar um livro de entrevistas, um recorte de geração. A maior descoberta que tive foi ter conhecido o poeta Rodrigo de Souza Leão, que faleceu em julho. Sem dúvidas, era o escritor mais original, com uma obra infinita", comenta Ramon, que foi convidado, inclusive, pela família de Rodrigo para organizar sua obra. "Também decidi adaptar o livro Todos os cachorros são azuis para o teatro, convidei o dramaturgo Jô Bilac para entrar nessa viagem comigo", conta Ramon. Foi no teatro, aliás, que o autor dos poemas de Vinis mofados (Língua Geral), começou a desenvolver o amor pela arte. “Não cresci com o desejo de ser escritor, embora sempre rascunhasse minhas histórias. Quando saí de Araruama e vim para o Rio me matriculei na Escola de Teatro Martins Pena”, conta Ramon, que viu o amor pelas histórias crescer mais do que pela interpretação. “Não acredito e m inspiração. Acredito no trabalho da linguagem, na relação com a palavra”, prega. Em tempo, ele também assina a organização da autobiografia intelectual da professora Heloisa Buarque de Hollanda.





[clique nas imagens para ampliar]

quinta-feira, novembro 19, 2009

PAPO PSI



Papo Psi vai discutir Psicologia e Literatura

No próximo dia 19 de novembro, às 18h, a Universidade Veiga de Almeida, em parceria com a Fnac Barrashopping, vai realizar mais uma edição do Papo Psi, um espaço para trazer à tona questões relevantes sobre o universo da Psicologia e sua influência no ser humano. Os palestrantes convidados serão a professora do Curso de Graduação em Psicologia e coordenadora da Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica e Prática-Clínico Institucional, Aline Drummond e Ramon Mello, poeta, autor de “Vinis Mofados” (Língua Geral).

Desta vez, o encontro vai abordar o tema Psicologia e Literatura. Segundo o escritor Rodrigo de Souza Leão, autor de “Todos os Cachorros são Azuis”, escrever é uma tentativa de libertar a vida daquilo que a aprisiona, é procurar uma saída, encontrar novas possibilidades, novas potencias da vida.

A coordenação do evento é de Cristina Simões, coordenadora do Curso de Psicologia do Campus Barra. As atividades são gratuitas e as vagas limitadas. Garanta já sua vaga pelo telefone 2431.7741.

quinta-feira, outubro 29, 2009

VINIS NO CEP 20000

clique no flyer pra visualizar melhor:

convite do Chacal!
lançamento dos Vinis Mofados no CEP 2000, no Teatro Sérgio Porto.

VINIS MOFADOS: ONDE ENCONTRAR?



Vinis Mofados à venda nas seguintes livrarias:

Cultura (SP)

Saraiva & Siciliano

Travessa - Centro/Barra/Ipanema/Leblon (RJ)


Blooks - Arteplex Botafogo (RJ)

Moviola (RJ)

Beco das Letras (RJ)

Bossa Nova (RJ)

Café com Letras (DF)

Espaço Unibanco (SP)

Estação das Letras (RJ)

Folha Seca (RJ)

Fonte Nova (MG)

Instante do Leitor (RJ)

Ler e Arte Livraria (RJ)

Liberdade Produções (RJ)

Martins Fontes WMF - Buarque /Paulista (SP)

Multicultura (PoA)

Padrão Livraria (RJ)

Prefácio Livraria (RJ)

Renovar (RJ)

Vila - Fradique (SP)

e no site da Editora Língua Geral ou por e-mail: vendas@linguageral.com.br

terça-feira, outubro 27, 2009

FOTOS: VINIS MOFADOS, RJ








fotos: helen miranda




[ramon mello, ramones]



[camila rhodi, pantera e carolina casarin]


[o dono do brechó: pantera]


[helen miranda, jp cuenca, carolina casarin e eduardo coelho]


[jp cuenca e carolina casarin]


[a fotógrafa: hellen miranda]



[helen miranda e carolina casarin]




[meus editores: carolina casarin e eduardo coelho]



[minha mãe: nedir mello]





[mãe dos meus bacuris: camila rhodi]




[dono da vitrola: marcio debellian]




[henriqueta e debê]



[o dj: jp cuenca]


[jp cenca e armando babaioff]


[babaioff]



[rhodi e babaioff]


[eduardo coelho]




[júlia rezende, rodrigo bittencourt e maria rezende]


[lygia marina]


[teresa souza]




[eucanaã ferraz e connie lopes]




[eucanaã]



[omar salomão]


[antonia rodrigues e bruno dorigatti]


[dorigatti]



[paulo verlings, jô bilac, lucianna magalhães e flávio souza]



[dani vidigal, dodô azevedo e pink]


[renato farias e thiago mendonça]


[thiaguinho]


[araruebas!]


[iara paula]


[ângela e maurício mello]


[fernanda moraes]


[lygia marina]





[gabriel wainer e elaine dual]





[renato reder]


[marlene!]


[paula cajaty]


[francisco slade]


[leilane neubarth, salomé]





[los siete nuevos: mariano marovatto, domingos guimaraens e augusto guimaraens cavalcanti]



[lívia gomes, livita]


[bernardo carneiro horta]


[maria de fátima]


[araruebas]


[júlia pessoa]


[lucas viriato e madame]


[viriato]


[tatiana levy e valéria lamego]



[lamegos]


[henrique rodrigues]



[leonardo gandolfi]


[alexandre themé]


[marcelo moutinho]



[adriana mesquita e lucas]


[otávio júnior]




[nice e ricardo adriano, araruebas]


[rodrigo faour]


[carla faour, escondida]



[anna luisa araújo]



[felipe ribeiro]



[daniel vidal & cia.]


[sócrates]


[felipe grillo]


[fernando salis]


[felipe carvalho e uyara louzada]

[cesário de mello franco e lilian taublib]


[black power]


[clauky saba]

[luis felipe reis]



[alessandra de paula, manoela cesar e rafael santo sé]



[thiago picchi]


[kiko riaze]



[sandra menezes]


[márcio-andré]



[débora almeida]





[simone magno]


[thaís gulin]


[claudio mello]


[denise t.]



[tomás rangel e bruna renha]


[priscila andrade]



[ludmila, madame comunicación]


[martha viana]


[sonia viana]




[guilherme zarvos]



[ericson pires]