segunda-feira, setembro 29, 2008

MELLODRAMA



hum erraram a grafia do meu nome, mas tá valendo. a galera é talentosa.

sexta-feira, setembro 26, 2008

O ATOR E O TRAPEZISTA



toda noite ensaio
um equilíbrio
mas você insiste
em derramar pelos
olhos palavras
grito preso no

.
.
.


LEMINSKI



não discuto
com o destino

o que pintar
eu assino

Paulo Leminski

quarta-feira, setembro 24, 2008

PALAVRA (EN)CANTADA


É da Branca Lee a autoria do e-mail aí de baixo.Trata-se de um belo convite para o lançamento do filme Palavra (En)Cantada, da Helena Solberg e do Marcio Debellian.

Como sei da importância desse filme, tomei a iniciativa de libertar as palavras da caixa de mensagens para publicar aqui no blog. Leiam:

From: BRANCA LEE
Sent: Tuesday, September 23, 2008 9:21 PM
Subject:
Vejo vocês no Festival do Rio, na pré-estréia do Palavra (En)Cantada

Eu nunca decorei, por decisão e vontade própria, um poema. Também nunca o fiz com uma música: todas me tomaram aos poucos, assaltando primeiro os sentidos com o ritmo, depois o Sentido, com versos.

Imagino que muitos de vocês tem uma história parecida: como eu, só recitaram Haroldo de Campos cantando Circuladô de Fulô. Mesmo de Camões, só lembro do comecinho de Os Lusíadas e dos versos do Legião Urbana em Monte Castelo.

A nossa música, como poucas, tem uma força literária danada. Ou será a nossa literatura, que instigou muitas músicas a querer ir além do "you are so beautiful to me"?

O papel da palavra na música popular brasileira - e a importância que isso tem, em uma cultura com uma tradição oral tão forte como a nossa - é o ponto de partida do documentário
Palavra (En)cantada.

Eu vi este argumento nascer, do espanto de se perceber cantando poesia e de descobrir autores novos não nas resenhas de livros, mas nos encartes de cd. Este é o Marcio Debellian, talvez a pessoa que conheço que mais entende de música brasileira. Não porque pesquisou, metrificou ou encadernou música, mas porque viveu ao som de. Pergunte ao Marcio sobre uma época de sua vida e ele a descreverá começando pelas músicas que ouvia então.

Três anos depois, podemos ver histórias como esta sendo contada e cantada em pré-estréia no Festival do Rio, através das vozes de gente tão bacana quanto Adriana Calcanhotto, Antônio Cícero, Arnaldo Antunes, BNegão, Chico Buarque, Ferréz, Jorge Mautner, José Celso Martinez Correa, José Miguel Wisnik, Lirinha (Cordel do Fogo Encantado), Lenine, Luiz Tatit, Maria Bethânia, Martinho da Vila, Paulo César Pinheiro, Tom Zé e Zélia Duncan.

Serão quatro sessões:

No Odeon, neste Sábado, às 20hs e Domingo, às 13hs.
No Shopping da Gávea, segunda dia 29, às 15:30 e 22:10.

Vou estar nas duas sessões do Odeon. Domingo, depois do filme, tem debate com o Marcio e a Helena Solberg, que o Marcio convidou para dirigir o filme. Domingo e Segunda também tem a votação do júri popular - e como tenho certeza de que vocês vão amar o filme...
Depois do Festival, o filme entra em cartaz dia 13 de março.

Já dá para comprar ingressos, no Espaço de Cinema (Voluntários da Pátria, 35) ou no www.ingresso.com.br

A sessão de domingo no Odeon custa só R$ 2,00!

O site do filme entra no ar amanhã:
http://www.palavraencantada.com.br/

Quem quiser se antecipar, pode dar uma olhadinha nos avant-traillers:




Carinhos, B.

CENTRO DA CIDADE


(...) peguei o 464 porque ele passa pela Lapa, nas proximidades da Escola de Teatro Martins Pena. Fui assistir ao espetáculo de formatura dos alunos Martins Pena e participar da comemoração do centenário. Depois de exibirem o vídeo sobre os 100 anos, falei sobre a emoção de presenciar as mudanças que tanto lutei na época do Grêmio Estudantil Renato Vianna. Admiti: o diretor Marcelo Reis está fazendo um bom trabalho de resgate da Martins Pena. Mas lembrei da importância de um grêmio estudantil numa escola pública. Ex-alunos lotavam a platéia, entre eles: Maria Ceiça, Cristina Raibolt, Orlando Miranda e Claudia Provedel. Todos aguardavam a apresentação de 'Viúva, porém honesta', inclusive, Cristiane Rodrigues, a neta do autor. Fiquei impressionado com a qualidade do trabalho dos atores, principalmente com Táta Tavares no papel de Tia Assembléia. Ela é uma linda atriz negra com um poder de interpretação inacreditável. Vou guardar o seu nome, menina!

(...) Depois fui para lançamento do livro de Marcelino Freire, escritor querido, na Cinelândia. Mas povo já estava numa mesa de bar em frente ao Rival. E não foi possível acompanhar o cortejo até o Capela porque eu tinha que terminar a pesquisa dos refugiados. Mas quero me planejar uma visita a São Paulo. Quem sabe na Balada Literária. Hum?

GAROTO DE ALUGUEL



Fui ao lançamento do clipe 'Garoto de Aluguel', da Thaís Gulin, com direção do curitibano querido Fabiano Vianna, o Fabz. Assiti ao show preocupado com minha cartela de consumação que havia desaparecido. Ou seja, deveria pagar 4x o couvert. Tentei argumentar, falei que era convidado da cantora. Nada. Expliquei minha situação PHD. Nada. Gritei. Nada. Desisti de brigar e fui fumar um cigarro. Cinco minutos depois o garçom se aproximou dise: 'Tenho uma boa e uma má notícia. Qual você quer primeiro'. Fala logo, não fode! 'A boa é que achamos sua cartela. A má que é proibido fumar no recinto'. Obrigado. Fui até o caixa fechar a conta e encontro um homem identico ao João Gilberto Noll. Resolvi perguntar: Você é o João Gilberto... 'Não!' Nem deixou que eu terminasse. Na saída fiquei conversando com uma desconhecida, enquanto aguardava os amigos. O tal homem passou na minha frente e, rapidamente, a mulher falou: 'Olha o Noll'. Tem certeza? 'Sim. Ele frequenta a livraria que eu trabalho'. Fui pra casa dormir.

terça-feira, setembro 23, 2008

AMORES PÓS-MODERNOS - FRAGMENTOS

foto: flickr dallyschwarz


I

Cansado, após um dia de trabalho inútil, fuma um baseado e liga para os amigos. Ninguém atende. Resolve ligar para o ex-namorado:

- Oi.

- Oi. Você me ligando?

- É... Fumei um back e lembrei de você. Bateu uma saudade filha da puta do quarto verde.

- Aé? Mas eu não estou fumado.

- Na verdade, liguei para dizer que você é uma mula. Sim uma mula. Desculpa, mas tenho que aproveitar a sinceridade para falar...

- Você ligou para me insultar?

- Nãoooooo. Imagina! Liguei pra dizer que você é uma mula, idiota por não me querer. Fico pensando: sou interessante, legal, inteligente... E você não quer nada comigo?!

- Convencido. Olha, vou desligar. Senão vou mandar você se fuder.

- Você não me entende mesmo.

- Alô?

(...)



II

Amigos, num café em Botafogo:

- Você pode parar de chorar? Eu avisei que ele era só pra trepar. Mas você é insistente, boba. Mulheres gostam de fantasiar...

- Não é fantasia. Ele olhou nos meus olhos e disse uma poesia no meu ouvido. Depois ainda falou que eu era a mulher mais linda que ele já beijou.

- Ele só queria te comer, Anna. É macaco-velho, 60 anos, porra. Te falei para não acreditar nos poetas.

- Mas ele trepava gostoso, parecia um garoto. Viril. Não era joystick...

- AHAHAH Você é engraçada. Até parece, velho daquele jeito?

- Tô falando sério, Roberto. E pára de rir da minha desgraça.

- Não seja dramática. E pára de ler poesia! Esquece esse velhaco.

- Como?


III

Duas amigas se reencontram num ponto de ônibus, em Copacabana:

- Ô menina quanto tempo?

- Sim. Estou mais recolhida.

- Por que? Terminou o namoro. Cadê a Sabrina?

- Acabou faz tempo. Tô namorando o Marcelo, um diretor de teatro.

- Ué, mas você não gostava de buceta?

- Ainda gosto. Mas tô muito hétero ultimamente. Tenho pensado até em casar, ter filhos...

- Desculpa, mas vocês são muito esquisitos.

- Por que?

- Essa coisa de ficar com homem em mulher...

- Vai me dizer que você nunca experimentou?

- Não. Deus me livre! Gosto de homem, de piroca: grande e grossa.

- Ué, mas eu também. Mas isso não impede o meu interesse por um mamilo durinho e um bucetinha molhada.

- Ai, tá me dando nojo.

segunda-feira, setembro 22, 2008

BALANÇO DA FLAP! RJ





Ramones, Priscila, Ponce, Jardim e Diana


A FLAP! RJ terminou e estou exausto: muito trabalho e pouco público. Vamos na resistência! As mesas foram ótimas, principalmente a primeira, 'Geração Espontânea'. Os debates continuaram nas mesas dos bares Lapa e do Baixo Gávea, na companhia de Marcelino Freire, Paulo Scott, Ademir Assunção, Leandro Jardim, Thiago Ponce, Marcio-André, Victor Paes, Priscila Andrade, Diana de Hollanda....

>>> Ponto de Vista, publicado no Portal Literal:




A terceira edição da FLAP! Rio de Janeiro reuniu escritores, poetas e intelectuais para debater sobre as mudanças que as novas tecnologias propõem à literatura, no auditório da PUC. A platéia composta aproximadamente por 50 pessoas estava bastante participativa – em alguns momentos, falando mais do que os convidados.

No primeiro dia, a preocupação dos organizadores era que o sábado ensolarado desviasse para orla carioca os poucos interessados em comparecer ao campus universitário. No segundo dia, o receio era que a chuva não deixasse ninguém sair de casa na tarde de domingo. Expectativas à parte, os interessados foram chegando aos poucos. Entre eles: Guilherme Zarvos, Paulo Scott, Marcelo Moutinho, Adriana Monteiro de Barros e Mariano Marovatto.

A poeta Viviane Mosé fez a abertura do evento dizendo poemas de forma eloqüente, sem necessidade de gritos ou peripécias, conquistando o silêncio da platéia. A primeira mesa, 'Geração Espontânea', foi o debate mais interessante: o jornalista Miguel Conde, a poeta Viviane Mosé e o escritor Flávio Izhaki trocaram impressões sobre a polêmica 'geração 00', sob a mediação da crítica literária Heloisa Buarque de Hollanda – que transformou o debate num bate-papo interessante, saindo algumas vezes da função de mediadora.

"Participei de muitos eventos literários, vi muitas pessoas surgirem. Não é possível acertar em tudo. Publiquei a antologia 26 poetas hoje (Aeroplano), na época muito criticada, mas até hoje o livro é editado. Só entendemos melhor a geração depois que os anos passam. Mas é importante destacar que nessa 'geração digital' tem muita gente interessante", afirma Heloisa.

A publicação de textos na internet foi o assunto que passeou por todos os debates, principalmente na mesa 'Empório de Palavras', composta pelos poetas Claufe Rodrigues, Tanussi Cardoso, Eucanaã Ferraz; e pelos editores Victor Paes (Confraria dos Ventos) e João Emmanuel Magalhães Pinto (Guarda-Chuva). Tanussi, seguindo a mediação proposta na primeira mesa, acabou tornando o debate um pouco confuso ao permitir que platéia interferisse mais do que deveria. Mas para um evento nomeado de 'Interferências', não foi ruim.

Os convidados expuseram muitas ressalvas em relação aos blogs: Os internautas lêem tanto quanto publicam na internet? Há qualidade na produção dos blogueiros? Até que ponto os blogs interferem na linguagem adotada no texto?

Algumas dessas perguntas foram debatidas com a platéia, mas não houve um consenso. No entanto, o editor João Emanuel, ratificou a importância dos blogs, ao afirmar que pesquisa os escritores que publicam na web: "Sempre que desejo conhecer o trabalho de um novo escritor, coloco o nome dele no Google e vejo se ele tem um blog. Avalio o material que está publicado no blog antes de ler o original. Tenho uma editora pequena, só posso publicar se eu tiver um mínimo de retorno. A internet auxilia nessa seleção."

A mesa 'Tecnologia e Miscigenação', mediada por este que vos escreve, foi integrada por poetas que utilizam diferentes suportes de publicação para os seus trabalhos – Omar Salomão, Lucas Viriatto e Alice Sant'Anna – além de Olga Savary, que não usa celular e nem internet, e permitiu um olhar diferente para a produção dos jovens poetas.

"Fiz uma opção na minha vida, não utilizar celular. Quando estou na rua quero que ninguém me encontre. Se preciso mandar um e-mail peço a um amigo. Gosto de escrever cartas, ainda gosto de me corresponder. Não preciso estar conectada para fazer minhas poesias ou meu trabalho de tradução. Nada substitui o prazer de ler um livro", declara Olga, tradutora de Lorca, Mario Vargas Llosa, Neruda e Octavio Paz.

Novamente os blogs motivaram a manifestação da platéia. Durante uma discussão sobre a qualidade da produção literária na web, o escritor Marcelino Freire, que está no Rio de Janeiro para lançamento do livro Rasif (Record), nesta segunda, 22, na Livraria do Odeon, na Cinelândia, se manifestou: "Claro que tem porcaria na internet. Mas idiota tem em qualquer lugar: dentro e fora dela. Então não é para culpar os blogueiros", diz Marcelino, com o típico sotaque pernambucano.

Na última mesa, 'Vanguarda', Leandro Jardim, mediou o debate entre o poeta Paulo Henriques Britto, a crítica literária Beatriz Resende e o poeta Dado Amaral. Beatriz conduziu boa parte do debate ao falar sobre a produção literária contemporânea, tema do seu mais recente livro de ensaios Contemporâneos (Casa da Palavra), a ser lançado nesta terça, 23, na Cinemathèque, em Botafogo:

"Muitos escritores utilizam blogs, mas a crítica literária ainda é muito receosa em relação a esse cyberspace. E tem outra coisa: desconheço um autor que publica na internet e não deseja ter um livro publicado por uma editora. Alguém conhece?"



>>> pós-fl@p:




Paulo Scott, Ademir Assunpção, Marcelino Freire, Diana de Hollanda, Leandro Jardim, Ramon Mello, Dado Amaral, Thiago Ponce de Moares, Adriana Monteiro de Barros, Priscila Andrade e Olga Savary

na ponta direita da mesa: Victoria Saramago

quinta-feira, setembro 18, 2008


Amigos,

Estou participando da Flap! RJ 2008, neste fim de semana. Segue a programação completa:


FLAP! Rj - Interferências

Data:
20 e 21 de setembro de 2008
Horário:14:00 às 19:00
Local: Marquês de São Vicente, 225, Gávea. Campus da PUC-Rio, Auditório del Castilho - 2º andar, Prédio RDC (Ed. Rio Datacentro)


DIA 20 DE SETEMBRO (SÁBADO)

14h - Abertura: Viviane Mosé, poeta e filósofa

14h30 - Geração Espontânea

Geração Mimeógrafo, 00, 80, 90… Uma estratégia de venda ou um retrato, um instantâneo de um momento literário? Quem define, o que difere? Para situar ou para estigmatizar? São válidos esses rótulos?

Mediadora: Heloísa Buarque de Hollanda (editora da Aeroplano e professora da UFRJ)

Flávio Izhaki
(escritor)
Miguel Conde (jornalista de literatura dO Globo)
Viviane Mosé (poeta)

16h20 – Sarau Movimento InVerso - Clauky Saba

Adriana Monteiro de Barros / Betina Koop / Madame Kaos (juju hollanda, beatriz provasi e marcela giannini) / Marcella Maria / Priscila Andrade / Ramon Mello


16h50 – Empório de palavras

Sebos, livrarias de bairro, virtuais, grandes redes. Produções artesanais vendidas em portas de teatro, e-books disponíveis em sites e blogs. Busdoors propagandeando – e vendendo! - o mais novo título de auto-ajuda. Quem é o leitor de literatura brasileira? Qual o caminho para os novos autores? Poesia não vai para as vitrines porque não vende ou não vende porque não vai para as vitrines?

Mediador: Tanussi Cardoso (poeta e editor)

Eucanaã Ferraz (poeta)
Claufe Rodrigues (poeta e jornalista)
João Emanuel Magalhães Pinto (editor da Guarda-Chuva)
Victor Paes (poeta e editor da Confraria do Vento)

18h40 – Exibição do curta 'POR ACASO GULLAR', de Maria Rezende e Rodrigo Bittencourt

19h – Encerramento

DIA 21 DE SETEMBRO (DOMINGO)

14h - Abertura - Leitura de Lorca, com o ator José Mauro Brant

14h30 - Palavras nos meios: tecnologia e miscigenação

Vídeos, CD'S, blogs, sites colaborativos, compartilhamento na web.O diálogo da literatura entre mídias é uma evidente característica da produção contemporânea. Mas até que ponto os diferentes suportes interferem diretamente na escrita? De que maneira essa interação se torna positiva ou valoriza o texto que não se sustenta? Como está escrevendo a geração de escritores que utiliza a internet como principal ferramenta de publicação?

Mediador: Ramon Mello (escritor, ator e jornalista)

Lucas Viriato (poeta e editor do jornal Plástico Bolha)
Olga Savary (poeta e tradutora)
Omar Salomão (poeta)
Alice Sant'Anna (poeta)

16h20 – Sarau Castelinho do Flamengo - João Pedro Roriz

Manoel Herculano
(ator e escritor) / Marcelo Girard (jornalista e escritor) / João Pedro Roriz (ator e poeta)

16h50 - Vanguarda

Artistas de vanguarda protagonizaram movimentos marcantes como a Semana de Arte Moderna de 22 e a Poesia Concreta, rompendo com alguns padrões e características estéticas de sua época e re-significando outros. Mas, em 2008, o que é possível encontrar de novo? Ainda existe a possibilidade de vanguarda na literatura atual?

Mediador: Leandro Jardim (poeta e letrista)

Beatriz Resende
(crítica literária e professora da UFRJ)
Dado Amaral (poeta, ator e cineasta)
Paulo Henriques Britto (poeta, contista, tradutor e professor da PUC-Rio)

18h40 – Exibição de curta 'PROCURANDO DRUMMOND', de Rodrigo Bittencourt

19h – Encerramento

quarta-feira, setembro 17, 2008

BLOGUEIRO SARAMAGO



Escrevi essa nota para o Portal Literal e resolvi postar no ‘Sorriso’:


José Saramago estréia como blogueiro

A blogosfera acaba de ganhar um ilustre membro, ou melhor, blogueiro: José Saramago. O escritor português lançou o blog ‘O Caderno de Saramago’ na web para estabelecer uma nova forma de contato com seus leitores.

O blog do Prêmio Nobel de Literatura está disponível dentro do site da Fundação Saramago e já possui três postagens do escritor. Um trecho do novo livro novo livro, ‘A Viagem do Elefante’, que será lançado em breve em espanhol, português e catalão, também se encontra no site.

No primeiro texto, de 15 de setembro, o escritor resgatou uma ‘carta de amor’ à capital portuguesa. No segundo, de 16 de setembro, Saramago comenta o pedido de desculpas da Igreja Anglicana a Charles Darwin por não compreender sua teoria evolucionista. E no terceiro, ‘George Bush, ou idade da mentira’, de 17 de setembro, ele faz duras críticas ao presidente Bush:

‘Pergunto-me como e porquê Estados Unidos, um país em tudo grande, tem tido, tantas vezes, tão pequenos presidentes. George Bush é talvez o mais pequeno de todos eles Inteligência medíocre, ignorância abissal, expressão verbal confusa e permanentemente atraída pela irresistível tentação do puro disparate, este homem apresentou-se à humanidade com a pose grotesca de um cowboy que tivesse herdado o mundo e o confundisse com uma manada de gado..’

De acordo com Saramago, no ‘caderno’ serão publicados ‘comentários, reflexões, simples opiniões sobre isto e aquilo, enfim, o que vier a talhe de foice’.

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA - Blog

E aproveita e visita o blog do ‘Ensaio sobre a Cegueira’ , de Fernando Meireles, sobre o processo de filmagem. A poeta Maria Rezende que me indicou o blog. Para quem é fã de cinema e literatura é um prato cheio. Ainda não vi o filme, mas já soube que é ótimo.

GELADEIRA

Desde o dia que limpei a geladeira, tenho andado esquisito, choro à toa ouvindo 'Cama e Mesa', do Roberto Carlos. Sinto falta da sujeira cotidiana? Não. Descobri, outro dia, que tenho alergia a determinadas pessoas e situações. Desconfio disso. Será? Na dúvida, tranquei meu coração no congelador. O livro de receitas diz para não passar de duas horas, mas já faz três semanas e não sinto vontade de tirá-lo de lá. Há tempos, parei de cheirar buceta e cocaína – mania de poetas curitibanos. Agora só faço fumar cigarro atrás de cigarro. Sinto falta de um baseado, mas como nunca comprei não vou comprar. Simples assim, vou esperar um convite amigo. Quem sabe não crio coragem e abro a porta da geladeira, de madrugada. Nem que seja para ficar pensando com aquele vento frio na cara: ovos vencidos, contas à pagar, toddy, macarrão, suco de caju, trabalho pra entregar, pão de forma, garrafa d'água vazia, computador fudido, leite integral de caixinha, requeijão, cheque devolvido, margarina, análise na segunda, lentes de contato, chumbinho...

terça-feira, setembro 16, 2008

PATOLINO

'Isso não faz o menor sentido, mas eu também não faço'




SOMBRINHA



Toda vez que chove penso em você. Esse frio me deixa doente, com febre. Sinto falta daquele abraço apertado, quentinho. Lembro do cheiro de maconha ao som dos velhos baianos, do vinho molhando nossos desejos e da larica depois do sexo. Acendo um, dois, três cigarros pra deixar a saudade queimar, virar cinza. Tenho pensado em comprar uma sombrinha. É individual. Entende? Não quero mais o guarda-chuva. Sei lá, faz o que você quiser com ele. Use a criatividade.

sábado, setembro 13, 2008

ENSAIO

'arlequim' , por Tomás Rangel



'entre livros', por Tomás Rangel


>>> Ensaio do fotógrafo Tomás Rangel no Real Gabinete Português de Leitura, na Praça Tiradentes, no Centro do Rio de Janeiro. A foto com o livro do Kafka nas mãos me rendeu uma lonnnnnnnnnnga bronca do bibliotecário:

- Rapaz, é proibido manusear os livros. É expressamente proibido!

- ... mas quem proibiu?

- Não sei, mas proibiram. Por favor, coloque o Kafka no lugar dele.

- (RISOS) Sim, pode deixar.

- BLÁBLÁBLÁBLÁ

terça-feira, setembro 09, 2008

PROZAC




, parafraseando o cantor lírico Murilo Neves:

Sejam bem-vindos: hipocondríacos da alma, amantes de tarjas pretas, terapias e divãs.

PHD

foto


Estou ator, escritor, jornalista PHD - Por Hora Desemprego. Mas é melhor dizer que estou fazendo frellas. Não pelo escritor e ator, mas pelo jornalista. EHEHE. Estou, de verdade, fazendo frellas, produzindo textos e pesquisas para cinema. Mas nada que possa garantir meu aluguel. Então, faço dívidas. Depois de dois anos e meio, pedi demissão do antigo emprego porque eu não aguentava mais a rotina. Portanto, se você tiver um quarto sobrando na sua casa, AVISE! Se for na Zona Sul, pode GRITAARRR! Sim, estou me despedindo do Bairro Peixoto. Para quem não sabe, sou de Araruama, interior do Rio de Janeiro. Sim, perto de Cabo Frio, Búzios... Vou sentir muita falta de Copacabana, PORRA! Amo essa FDP! É engraçado, meu namoro de (quase) três anos começou quando entrei no conjugado e terminou, justamente, quando eu estava de saída. Tenho que pensar sobre o assunto, acho. Tempo é o que não me falta, assim como a preguiça. Estou escrevendo e fumando demais. Muito gerúndio, mas pouco sexo e sono. Tenho de mudar essa situação. HUM?

Tenho usado demais o HUM. Mania. Sacanagem = HUM. Interessante = HUM. Pergunta = HUM. Sem saco = HUM. A neurose começou quando esse computador entrou na minha vida. Ele é emprestado. (Obrigado!) E o teclado está um bosta, tem hora que a ? desaparece. Então, eu copio a ? de algum texto. Ou, vou ao Google e escrevo DÚVIDA e pego a filha da puta. Ninguém merece.


MYSPACE


Novidade: fiz um MySpace. Fui obrigado a fazer um perfil. Não vejo nenhuma graça naquilo. Mas tive de aprender a mexer naquela ferramenta para fazer um trabalho. Estou criando perfis para famosos, mas é segredo. (Obrigado, Ciça!) Então, passei algumas madrugadas aprendendo como mudar o layout daquilo. Vans teve boa vontade, mas também não sabia. Acho que estou entendendo:

http://www.myspace.com/ramonmello

Resta saber até quando vou ter saco...

FILAS LITERÁRIAS


Finalmente, estou conseguindo organizar o blog Click(IN)VERSOS. Meus colegas, jovens autores, vão ficar agradecidos. Aqui, ao lado do computador, tenho mais de 50 livros de novos escritores, por isso estou sempre enrolado. Tento organizar a fila literária, por critérios jornalísticos, mas há momentos em que faço atropelos inevitáveis. Desculpa.

Leio o livro de todos, só demoro um pouco para convidar para entrevista. Além de outros compromissos, edito o Click(IN)VERSOS sozinho: leio, entrevisto, transcrevo a conversa, escrevo a apresentação, edito o texto, publico o contúdo no blog e envio o link para o portal Click 21 fazer uma chamada na home. E, detalhe, não ganho nada por isso! Ou melhor, ganho os livros que as editoras me enviam. Mas faço porque gosto, não estou reclamando.

Então, na semana passada, publiquei a entrevista com a Paloma Vidal. Mas acho que ela ficou chateada com a demora, até hoje não respondeu meu e-mail. Ô, moça, entende a minha situação! E, no último fim de semana, publiquei uma conversa com Elias Costa, um policial-poeta de Brasília. Leia a conversa com o moço, AQUI!

Os próximos da fila são: Flávio Izhaki, Mauricio Duarte dos Santos, Viviane Mosé e Igor Cotrim. Todos eles já foram entrevistados e serão publicados nessa ordem. Flávio e Viviane estão confirmados para a FLAP RJ - 2008, que acontecerá nos dias 20 e 21 de setembro na PUC-RIO. A Feira está enxuta: Heloisa Buarque de Hollanda, Beatriz Resende, Eucanaã Ferraz, Miguel Conde, Paulo Henriquez Britto... Dá uma olhada na programação, AQUI!

SIMULACROS


O livro ‘De Cabeça Baixa’, de Flávio Izhaki, é um dos melhores que li este ano. A história é muito interessante: 'Desiludido pelo fracasso de sua estréia literária, Felipe Laranjeiras vive sem perspectivas, até encontrar num sebo, em Curitiba, um exemplar de seu livro'. No livro, Flávio destaca um trecho de ‘Simulacros’, um romance do Sérgio Sant’Anna, de 1977:

‘Sim, eu conheço bem os artistas, os escritores. Todos os impotentes, os bêbados, os vagabundos, pensam em tornar-se escritores um dia. Isso lhes dá a excelente desculpa para não fazerem nada enquanto isso. Eles estão sempre aprendendo. Mas o tempo passa Jovem Promissor: passa para todos os jovens promissores do mundo. Aí chega um dia em que um cara se dá conta de que passou dos trinta anos e não é mais um jovem e, muito menos, promissor. Você quer saber de uma coisa JP? Um dia o Velho Canastrão vai morrer e você tomará o lugar. Só que será batizado não de VC, mas de VF. Velho Fracasso’.

Flávio achou 'Simulacros' num sebo. E me emprestou. Dá vontade de não devolver o livro. EHEHEH. Sérgio é mestre. Eu já era fã dele por causa de outros livros: ‘O Vôo da Madrugada’, ‘Crime Delicado’ e ‘Senhorita Simpsons’. Aliás, adaptação para o cinema de ‘Crime Delicado’, de Beto Brant, é excelente. O que é trabalho da Lilian Taublib? A mulher é ótima atriz. Mas não quero falar desse filme porque lembro de um relacionamento fracassado.

Tenho um conto, que escrevi em 2006, com esse título: ‘Simulacros’. Depois vou postar aqui no Sorriso.

domingo, setembro 07, 2008

LADO B

desculpa
mas essa música
não quero mais
ouvir

sua voz arranhada
já não convence
vira o lado do
disco

aproveita e dorme


Ramon Mello - Rio de Janeiro - 2008

FELINOS

Magro, muito magro, com pau grosso. Cara de menino escondendo quase 30 anos de safadeza. Inteligente, tenta parecer mau, mas não consegue. Bonitinho demais, sorriso largo e inocente. De repente acende um cigarro, liga a vitrola e diz: Se eu tirar a roupa você mia?

LISTA

conjugado: cama de casal (madeira); noites gostosas de sexo; toalhas baratas; vidro vazio de shampoo elseve; armário de duas portas; estante de livros (gabinete); mesa de bar; cadeira de bambu; garrafa de sagatiba pela metade; escrivaninha (anos 80); geladeira cônsul; microondas cce; tv 29’’ fogão continental; computador itautec (emprestado); telefone gôndola; canga da bandeira do brasil; panelas; livros; cds; cd player; discos; vitrola, músicas; namoros fracassados; amigos distantes; falta de dinheiro; insonias; crises de choro; velas de sete dias; anjo de guarda; caricatura tosca; preto velho; são sebastião; imã de geladeira: 'isso de querer o que se é ainda vai nos levar além', paulo leminski. será?

quarta-feira, setembro 03, 2008

FULANO, BELTRANO, SICRANA

A escritora Adriana Lisboa publicou no blog Caquis Caídos um trecho da resenha escrita por Márcio Renato dos Santos sobre o último romance do autor português José Luis Peixoto, 'Cemitério de pianos'. O ilustre jornalista aproveita a resenha para criticar os escritores brasileiros da nova geração. Leia, aqui!

PUNHETA


‘Acenos e Afagos’ nas mãos. (19:00) No café, aguardo por você enquanto Noll derrama obscenidades no meu ouvido. (19:30) Fico excitado com a leitura e esqueço seu atraso. (19:52) Envio uma mensagem de celular: ‘estou na livraria, poeta’. (20:15) Você não aparece, suspiro irritado. Devolvo minha atenção ao livro. (20:30) Tento me convencer que não levei um furo, invento desculpas. Novamente meu pau endurece. Paquero um grupo de estudantes na mesa ao lado. (20:43) Você liga dizendo que está numa reunião formal de trabalho e pede mil perdões. Fico mudo, desligo o telefone. (21:00) Pago a conta: um expresso, três reais com 10%. Guardo o livro, a expectativa e o tesão na mochila. Acendo um cigarro e caminho pela Lopes Quintas. (22:18) Estou de volta ao meu mundinho, mas a história do escritor não sai da minha cabeça. (00:01) Toco uma punheta para esquecer. (00:38) Lavo minhas vergonhas na pia do banheiro, deito na cama e durmo.

OFERENDA


Há dias, principalmente aos domingos, que ele se sente uma oferenda – dessas que são despachadas, à noite, nas esquinas do Bairro Peixoto: uma garrafa de Cidra; duas taças vermelhas; uma panela de barro com farofa de dendê; três maças gêmeas amarradas por um laço de fita azul; um charuto queimado pela metade; e uma vela vermelha e preta com uma chama amarelada dançando timidamente. Fica a espera de uma alma imunda para devorá-lo na encruzilhada, após um sussurrado pedido de licença e um sinal da cruz na ponta dos dedos.

Ramon Mello - Rio de Janeiro - 2008

segunda-feira, setembro 01, 2008

ARQUIVO MORTO

(...) minhas palavras não servem de nada, perderam o significado pra você. E-mails e mensagens sem resposta, ignorados. O amor virou álbum de fotos para guardar sentimentos na estante. A vida começa a ser catalogada com indiferença: viagens internacionais, episódios de infância, almoços em família, amigos famosos, férias em Angra, festinhas de aniversário e namoros fracassados. Dá vontade de me trancar dentro da gaveta e deixar o mofo impregnar o que resta. Arquivo morto.