terça-feira, maio 18, 2010

EM OBRAS








aprender
com as formigas
(sábias) que
carregam comida
alguns dias antes
da chuva


OLHOS AZUIS



Quando um filme é bom saio mareado do cinema, com vertigem das ações de algum personagem. Ou, então, muito satisfeito por ter mergulhado na telona. Assim me senti ao assistir Olhos Azuis, novo longa do cineasta Jose Joffily. As cenas vão e voltam na memória mesmo após a imersão. David Rasche faz o papel de Marshall, chefe do Departamento de Imigração do aeroporto JFK, em Nova York, que resolve comemorar seu último dia de trabalho complicando a entrada dos imigrantes no país, muitos deles latino-americanos. Irandhir Santos dá vida a Nonato, um brasileiro radicado nos EUA, que é humilhado num interrogatório sofrível. Para completar o time, entre os que aguardam aprovação de um visto, estão dois poetas-traficantes argentinos, um grupo de lutadores hondurenhos e uma bailarina cubana - interpretada por Branca Messina. Mas é no duelo entre Irandhir e David que está a trama, os dois atores nos oferecem um trabalho de primeira, que faz jus aos prêmios recebidos mundo afora. Destaca-se também a atuação de Cristina Lago como a nordestina Bia, e Eraldo Pontes, o avô da menina, que numa única cena ganha o filme. E, ainda, a trilha sonora de Jaques Morelenbaum. Um trillher psicológico das diferenças – o roteiro é assinado por Paulo Halm e Melanie Dimantas - que prende o espectador às burocracias e injustiças de um departamento de imigração e deságua num Brasil que foge aos estereótipos dos cartões postais. Impossível não se sensibilizar com quem está do outro lado da persiana, à espera de um carimbo que pode mudar o rumo da história. Mesmo quem não passou por tal situação, vai se lembrar de algum caso semelhante, seja um amigo ou o conhecido de um amigo. E, quem sabe, entender que a ignorância tem dois lados, pode oprimir ou ser libertadora.

Estreia dia 28 de maio nos cinemas.

segunda-feira, maio 17, 2010

domingo, maio 16, 2010

sábado, maio 15, 2010

BORGES, O ESCRITOR

FICÇÕES



A revista Ficções, lançada em 1996, foi editada por dez anos e deu uma pausa, mas voltou em julho de 2009. O lançamento do número 19 foi ontem, sexta-feira, dia 14, na Livraria Travessa do Shopping Leblon.

A edição que chega hoje à livraria tem 21 contos e ensaios de autores consagrados e pessoas que enviaram seu conto para o site revistaficcoes.com.br. Entre os autores, Cristiane Costa, Claudia Nina, Livia Garcia-Roza e Felipe Pena. Há também um trecho de Me roubaram uns dias contados, último romance de Rodrigo de Souza Leão, falecido em 2009.

A Ficções é um projeto de Julio Silveira (pela Editora 25), Jorge Viveiros de Castro (da 7Letras) e Suzana Vargas (da Estação das Letras). A revista impressa é vendida na rede Travessa e pelos sites 7letras.com.br e vinte5.com.

quarta-feira, maio 12, 2010

POETAS

Leonardo Gandolfi, querido amigo, herança que recebi de Rodrigo de Souza Leão, me presenteou com um pequeno livro do poeta paulista Horácio Costa. Trata-se uma plaquete com seis poemas, de edição limitada, publicado por Virna Teixeira através do Selo Arqueiro Verde. Chama-se Quando o meu generoso coração falhar. Leia um dos poemas:

ASSISTINDO UM ESPECIAL SOBRE LEONARDO COHEN NUMA SAUNA GAY EM IPANEMA

Para Eduardo Milán

O televisor de plasma tem mais de trinta polegadas
E fica quase debaixo da escada pela qual incessantemente
Sobem e descem homens de todas as idades enrolados em suas
toalhas.
Interessam-se ao ver-me plugado ao que acontece no vídeo:

Nunca soube que o Leonardo Cohen, now aged 75,
Tinha tantos admiradores entre os mais jovens.
Bono Vox, Rufus Wainwright, o pessoal da pesada
Da música de língua inglesa dos oitenta e noventa
E mesmo jovens ainda mais jovens, um certo Antony
Que canta como um metrossexual,
Alternam-se neste especial montado, ao que parece,
Em Sydney, Austrália

Observam-se e seguem subindo e descendo os degraus,
E nas quase duas horas que levo assistindo o especial
Nenhum dos coroas ou dos jovens que sobem e que descem
De fato parou, o que se chama parar, para de fato entender
Qual a razão que tão atentamente me traz transfixado
A este programa que para eles deve parecer
Pelo menos bizarro. Ninguém vai a uma sauna gay
Para assistir com firmeza um especial
Sobre Leonardo Cohen

Não posso evitar os olhares de espanto nem quero
Deixar de assistir o programa. Se os mais jovens
Ao menos me perguntassem sobre a minha escolha.
Se os mais velhos tivessem o mesmo repertório
E soubessem o que Leonardo Cohen significou
Para a minha geração e o mundo ou a deles.
Mas não.

A uma sauna gay se vai por sexo, dizem esses
Ressabiados olhares. Não queira inventar moda.
Ninguém está aqui para saber de mais nada.
Pare com o teu programa, e mande botar de novo
Algum filme pornô, que todo mundo entende
E não tem blá-blá-blá em inglês australiano
Nem poemas cantados.

Mas não me desligo da tela, estou cativado,
Até que no último número o septuagenário
De Montreal, com pele manchada e cabelos
Grisalhos e vestindo Zegna ou Armani,
Canta com uma voz mais do que sensual
Com grupo U2 um poema de amor e de
Autoconhecimento, com arriscadas, perfeitas
Rimas internas, e um olhar que perfura o plasma
Do televisor.

Horácio Costa - RJ/SP, 16 II 09



Leonard Cohen - Hallelujah (Official Music Video) - Watch more top selected videos about: Leonard_Cohen

101, HISTÓRIAS


Uma semana depois do terremoto que assolou o Haiti, surgiu a ideia do projeto 100 Stories for Haiti, do britânico Greg McQueen, que pretendia repassar 100% do lucro para as vítimas do terremoto. No início de março o projeto começou a ganhar uma versão brasileira (confira a notícia no PublishNews). Mas enquanto o projeto era desenvolvido em terras tupiniquins, a tragédia alcançou o Rio de Janeiro: o temporal que inundou a capital e vizinhanças desbarrancou morros, soterrou casas e destruiu vidas. E o projeto pelo Haiti tomou novas proporções. Escritores brasileiros foram convidados a mandar suas histórias e o projeto foi rebatizado: Rio-Haiti, 101 histórias. Uma esperança.
Conheça os autores dos contos:

Angela Dutra de Menezes nasceu na cidade do Rio de Janeiro. Jornalista, trabalhou no jornal O Globo e na revista Veja. Tem sete livros publicados. Dois deles também em Portugal e na Espanha. É autora do best-seller O português que nos pariu.

Antonio Carlos Secchin é professor de literatura, ensaísta, contista, poeta e membro da Academia Brasileira de Letras.

C. S. Soares é autor de Santos Dumont Número 8, primeiro romance brasileiro publicado em redes sociais on-line. É especialista em tecnologia da informação e editor do Pontolit.

Claufe Rodrigues é poeta e autor de 11 livros, com atuação marcante no cenário cultural carioca há mais de 30 anos. Fez parte dos grupos de poesia Bandidos do Céu, Bazar dos Baratos, Ver o verso e Os Camaleões – este último, ao lado de Pedro Bial e Luiz Petry. É repórter e editor do canal Globo News. Realizou os documentários O Poeta Fingidor, sobre Fernando Pessoa; O Bruxo das Palavras, sobre o centenário de Machado de Assis; e Euclides, uma vida em linha reta, sobre Euclides da Cunha.

João Montanaro, com apenas 13 anos de idade, é considerado um fenômeno, trabalhando regularmente para veículos como Folha de S. Paulo, jornal para o qual produz tiras quinzenalmente. Artista precoce, tem seu talento reconhecido por cartunistas de renome como Laerte, Adão Iturrusgarai, Jean Galvão e Paulo Carranza, entre outros, que o homenageiam (e são homenageados) em “Cócegas no raciocínio”, compilação de trabalhos já publicados e inéditos do jovem artista, que será lançada na Bienal do Livro de São Paulo.

Menalton Braff tem 14 livros publicados e um prêmio Jabuti na bagagem (À sombra do cipreste) e dedica seu tempo ao magistério (ensino médio) e a atividades literárias.

Felipe Pena é jornalista, escritor, psicólogo, professor da Universidade Federal Fluminense e autor de 10 livros, entre eles o romance O marido perfeito mora ao lado, lançado pela editora Record em 2010.

Fernando Alves nasceu em São Paulo em 1966, com raízes portuguesas e italianas. É um leitor voraz e eclético, apesar da queda por História. Graduado em Letras e pós-graduado em Marketing e Gestão Editorial, é editor há mais de 20 anos. Hoje, está à frente de sua própria casa, Longarina. E o mais importante: pai do Henrique e marido da Cris!

Galeno Amorim é diretor do Observatório do Livro e da Leitura. Jornalista e autor de 12 livros de literatura infanto-juvenil e ensaios, tem várias obras sobre a questão da leitura (foi organizador de Retratos da Leitura no Brasil, entre outros). Foi o criador do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL).


Henrique Rodrigues nasceu no Rio de Janeiro, em 1975. É doutorando em Literatura na Puc-Rio e trabalha com projetos de incentivo à leitura. Escreve livros de poesia, infantis, e recentemente organizou a antologia Como se não houvesse amanhã: 20 contos inspirados em músicas da Legião Urbana. Site www.henriquerodrigues.net

João Gabriel de Lima é escritor e jornalista. Publicou os romances O Burlador de Sevilha (Companhia das Letras, 2000) eCarnaval (Objetiva, 2006). É diretor de redação da revista Bravo!

Lúcia Bettencourt é uma carioca que gosta de ler e que já publicou A secretária de Borges e Linha de sombra (Record).

Luis Eduardo Matta nasceu no Rio de Janeiro em 1974. Estreou na literatura em 1993, aos 18 anos, com o thrillerConexão Beirute-Teeran. É autor de romances de mistério e suspense para os públicos adulto e juvenil, como Ira implacável(2002), 120 horas (2005), Morte no colégio (2007), O rubi do Planalto Central (2009) e O véu (2009). Tem diversos artigos e ensaios publicados, a maioria na revista DigestivoCultural.com

Marcelo Moutinho nasceu no Rio de Janeiro (RJ), onde vive, em 1972. Publicou os livros Memórias dos barcos (7Letras, 2001) e Somos todos iguais nesta noite (Rocco, 2006). Além disso, organizou as antologias Prosas cariocas (Casa da Palavra 2004), Contos sobre tela (Pinakotheke, 2005) e Dicionário Amoroso da Língua Portuguesa (Casa da Palavra, 2009), e o livroCanções do Rio – A cidade em letra e música (Casa da Palavra, 2010). Site do autor: www.marcelomoutinho.com.br

Márcio-André é escritor, tradutor, performer, e editor da revista Confraria do Vento. Foi professor de escrita criativa na Universidade de Coimbra, Portugal, e na UFRJ. Colaborou para os jornais O Globo e Jornal do Brasil e é articulista do Estado de Minas.

Mauro Ventura, filho de Zuenir Ventura, é jornalista do Globo, onde trabalha como repórter especial do Segundo Caderno e escreve a coluna Dois Cafés e a Conta na revista O Globo. Prepara um livro sobre a maior tragédia da história do Brasil, o incêndio do Gran Circus Norte-Americano, em 1961, que será lançado em 2011.

Omar de Souza é jornalista, tradutor e escritor, e trabalha atualmente como editor geral da Garimpo Editorial.

Patrícia Sotello é gaúcha, mas mora no Rio de Janeiro desde 1984. É formada em Letras e pós-graduada em Produção Editorial. Atua como revisora e é colaboradora do Pontolit.

Ramon Mello nasceu em Araruama/RJ, em 1984. É poeta e jornalista. Mantém os blogs Sorriso do Gato de Alice,ClickInversos e Letras-Saraiva Conteúdo. Organizador de Escolhas - autobiografia intelectual da professora Heloisa Buarque de Hollanda. Pesquisador e coorganizador de Enter, Antologia Digital. Responsável pela obra do poeta Rodrigo de Souza Leão, falecido em 2009. É autor do livro de poemas Vinis mofados (Língua Geral).

Raymundo Silveira é médico e escritor. Durante onze anos foi membro do Conselho Editorial da Revista Médica FEMINA onde publicou artigos científicos. Suas atividades na literatura convencional tiveram início com o advento da Internet. Faz parte da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES) e do Grupo de Contistas de São Paulo.

Roberto Muggiati é jornalista, escritor, tradutor, autor do romance A contorcionista mongol (Record, 2000), das antologias de contos A selva do dinheiro e A selva do Amor (Record, 2002 e 2003) e de Improvisando soluções (BestSeller, 2008).

Sidney Rocha, 44, é autor de Sofia, uma ventania para dentro (Ateliê Editorial, 2006) e Matriuska (Iluminuras, 2009). Vive entre o Recife, São Paulo e Brasília enquanto termina o seu novo romance, o-homem-que-levaria-o-pirimeiro-tiro, que será lançado em 2011.

Simone Magno, carioca, 43 anos, é jornalista e escritora, autora do livro de poesia Avelã pirata (Achiamé) e do blog de minicontos http://aluadepoisdogravador.blogspot.com. É responsável pelo Tempo de letras, boletim diário sobre literatura da Rádio CBN, no ar desde maio de 2007.

Valéria Martins
é jornalista e autora dos livros Mr. Page e os sonhos (Mojo Books, 2009) e Encontros com Deus – 21 personalidades narram sua busca espiritual (Mauad Editora, 1997), entre outros. Mantém o blog A Pausa do Tempo –www.pausadotempo.blogspot.com

terça-feira, maio 11, 2010

ELA NÃO QUERIA FALAR SOBRE O KENTUCKY

Contos de Mary Blaigdfield — A mulher que não queria falar sobre o Kentucky é o primeiro livro de prosa de Lucas Viriato de Medeiros. A estréia do poeta na ficção comprova um fato: sua escrita é marcada pelo movimento. Neste livro, o autor acompanha as viagens de seus personagens, mesmo quando eles não saem do lugar.

Um simples feixe de luz, entrando por uma porta de vidro, pode ser o ponto de partida para um caleidoscópio de emoções. “Prismas que captam luz e a jogam em todas as direções.” Impossível é não acompanhar a trajetória de uma protagonista misteriosa, de nome estranho: “Ela é Mary Blaigdfield e ela não quer falar sobre o Kentucky.” Não se preocupem, Mary não precisa falar sobre suas angústias. Os outros personagens falam por ela: “Eu sei! Crupac! Eu sei o que você fez no Kentucky! Crupac! Crupac!”

Podemos ler esse livro como um romance, degustando-o lentamente. Cada um dos contos, mesmo com suas histórias independentes, constrói o universo de Mary Blaigdfield, mulher que se animaliza diante de uma simples suspeita sobre a descoberta de seu passado. Sem dúvidas, uma mulher tão instigante como as outras personagens do livro. Em muitos dos contos, as personas femininas são os catalisadores das histórias, como Lúcia, de ‘Faxina Geral’, que nos faz enxergar que “as flores do jardim eram outras”.

As 13 histórias sintetizam a intensidade da prosa de Lucas Viriato. “Porém, a vida não é feita de possibilidades.” É justamente a impossibilidade de cada personagem, a falta de diálogo, a estranheza diante da vida que transformam a narrativa de um cotidiano sem graça numa história que merece ser lida. O autor mantém um estilo de escrita ousado, sem a pretensão de escrever numa linguagem nova.

No conto ‘Amor de Armário’, um dos melhores do livro, seres inanimados são humanizados através da história de amor entre uma caixa de cereal e de uvas-passas. Lucas Viriato segue a cartilha do poeta Manoel de Barros: As coisas não querem mais ser vistas por pessoas razoáveis — elas desejam ser olhadas de azul. Essa lente poética (cor de mendolatium?) na narrativa prende o leitor, que é levado a mergulhar “nas experiências pessoais, memórias de supermercado, naquela vida de prateleira.”

Em ‘Uma Aventura no Alto do Himalaia’ — releitura contemporânea do monstro das neves, o Grande Vuitton — encontramos a herança do autor: o Oriente. Entendemos que não há para onde fugir — mesmo em movimento, retornamos ao começo. “Ela é Mary Blaigdfield...” Na prosa de Lucas Viriato “muitas coisas resistem”, a lembrança dessas histórias é uma delas.

Ramon Mello

A VERDADEIRA HISTÓRIA DE ALESSANDRA COLASANTI

nana cap001 from alessandra colasanti on Vimeo.



cenas dos próximos capítulos, AQUI!

quarta-feira, maio 05, 2010

rio de janeiro -> paris -> berlim -> lisboa -> rio de janeiro