sexta-feira, outubro 31, 2008

CÉU

Arrumo os livros em caixas de papelão. Mudanças. Na vitrola O Grande Circo Místico me lembra que é necessário brincar, ser criança. Caixas Piraquê: Baudelaire, Drummond, Ruffato, Chico Buarque, Manuel Bandeira: Estrela da Vida Inteira – edição de 1965, capa dura, Mestres da Literatura Brasileira. Abro o livro, leio aleatoriamente, página 30:

Lua Nova

Meu novo quarto
Virado para o nascente
Meu quarto, de novo a cavaleiro de entrada da barra.

Depois de dez anos de pátio
Volto a tomar conhecimento da aurora.
Volto a banhar meus olhos no mênstruo incruento das madrugadas.

Todas as manhãs o aeroporto de frente me dá lições de partir.

Hei de aprender com ele
A partir de uma vez
- Sem medo,
Sem remorso
Sem saudade.

Não pensem que estou aguardando a lua cheia
- Esse sol da demência
Vaga e noctâmbula
O que mais eu quero,
O de que preciso
É de lua nova.

Manuel Bandeira - Rio, agosto de 1953

2 comentários:

Anônimo disse...

Se tem de se mudar, pelo menos vai bem acompanhado. Triste é ter de ir sozinho. Vá com a benção do Manéu procurar sua lua nova...

João Daher disse...

Oi. Recebi uma ligação ontem perguntando se eu te conhecia (imagino que seja vc), avisando que "vc" tinha esquecido o celular no cyber da annita garibaldi. O tel de lá é 22351150. Um bjo, espero que esteja bem.