terça-feira, fevereiro 03, 2009

PALAVRA ENCANTADA ESTRÉIA EM MARÇO

Fui à Casa de Cultura Laura Alvim assistir a nova pré-estréia do documentário PALAVRA ENCANTADA, de Helena Solberg e Marcio Debellian. Recomendo: a ESTRÉIA OFICIAL será em MARÇO DE 2009.




Leia o texto sobre a estréia do filme no Festival do Rio 2008:

Palavra (En)Cantada’ seduz amantes de música e poesia

Por Ramon Mello

O público do Festival do Rio lotou o Cine Odeon, na noite do último sábado, dia 27 de setembro, para assistir à pré-estréia do filme Palavra (En)Cantada, de Helena Solberg e Marcio Debellian, dentro da programação do Festival.

Adriana Calcanhotto, cantarolando versos do poeta medieval Arnaut Daniel, inicia o filme sobre a relação entre música e poesia.

“Não vamos cair numa discussão infértil: se poesia é mais que letra de música, se letra de música é poesia... Eu acho a vida curta, não tenho tempo para esta questão.”, afirma Calcanhotto, que, através da sua paixão pela poesia, costura a narrativa do filme junto a outros músicos.

Chico Buarque se esquiva da polêmica, minutos depois do compositor Paulo César Pinheiro afirmar que ele é poeta. "Não tenho pretensão de ser chamado de poeta. Nem acho a coisa mais bacana do mundo ser chamado de poeta. E ainda por cima cria um problema danado com os poetas, que ficam com ciúmes.”

A cantora Maria Bethânia, intérprete que carrega a poesia para os palcos, aparece no filme declamando “Eros e Psique”, de Fernando Pessoa, e faz uma bela homenagem a Caymmi.

“Falar de Caymmi é como falar de Guimarães Rosa. É um país bruto e puro (...) Caymmi é como o céu e a terra”, derrete-se Bethânia ao falar sobre o músico e compositor baiano, falecido em agosto deste ano.

Alguns entrevistados arrancam risos da platéia com seus ‘depoimentos-performances’, como Tom Zé falando sobre o seu deslumbre ao ouvir Dorival Caymmi pela primeira vez.

“Eu ouvia no rádio aquele homem cantando ‘vamos chamar o vento, vamos chamar o vento’, assobiando, cantando devagar e depois cantando rápido. Aquilo era muito moderno!”, afirma o ícone do Tropicalismo.

José Celso Martinez Corrêa também faz a platéia gargalhar com sua rápida participação: “Eu comi os Rolling Stones e o Rolling Stones me comeram. Eu comi todo o hemisfério Norte...”, diz o irreverente diretor de teatro enquanto rebola para câmera.

Outro momento hilário é o depoimento do compositor Luiz Tatit sobre a liberdade dos compositores contemporâneos: "Você ouve uma música do Djavan e às vezes nem sabe do que ele está falando".

O longa ganha fôlego e conquista o público através dos recortes de depoimentos com imagens históricas, como Caetano Veloso no Festival da Record, em 1967, logo após cantar “Alegria, Alegria”; a encenação de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Mello Neto, no Festival de Teatro Universitário de Nancy, na França, em 1966; ou Zeca Baleiro conversando com Hilda Hist na Casa do Sol.

No fim da sessão, a platéia comenta o filme, entre eles: Letícia Spiller, Maria Ceiça, Antonio Pitanga, Suzana de Moraes e Antonio Cicero – que participa do filme recitando o poema “Eu Vi o Rei” (musicado por Marina Lima).

“Sou apaixonada por música e poesia. Esse filme é maravilhoso, provoca sentimento de amor pelo Brasil”, emociona-se a atriz Letícia Spiller.

“Palavra é filme doce! Fiquei com a sensação de que estamos todos interligados pela arte, num só corpo. É lindo”, Pitanga fortalece o coro.

O filme encanta pela forma simples de tratar um tema polêmico. Palavra (En)Cantada é um ensaio de poesia, com a vantagem de reunir sons e imagem sem o hermetismo da linguagem acadêmica. Uma obra que merece ser distribuída nas escolas de todo Brasil. Quem assistir vai sentir orgulho de ser brasileiro e entender melhor o país.
[Matéria publicada em setembro de 2008 no Portal Literal]

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