segunda-feira, setembro 22, 2008

BALANÇO DA FLAP! RJ





Ramones, Priscila, Ponce, Jardim e Diana


A FLAP! RJ terminou e estou exausto: muito trabalho e pouco público. Vamos na resistência! As mesas foram ótimas, principalmente a primeira, 'Geração Espontânea'. Os debates continuaram nas mesas dos bares Lapa e do Baixo Gávea, na companhia de Marcelino Freire, Paulo Scott, Ademir Assunção, Leandro Jardim, Thiago Ponce, Marcio-André, Victor Paes, Priscila Andrade, Diana de Hollanda....

>>> Ponto de Vista, publicado no Portal Literal:




A terceira edição da FLAP! Rio de Janeiro reuniu escritores, poetas e intelectuais para debater sobre as mudanças que as novas tecnologias propõem à literatura, no auditório da PUC. A platéia composta aproximadamente por 50 pessoas estava bastante participativa – em alguns momentos, falando mais do que os convidados.

No primeiro dia, a preocupação dos organizadores era que o sábado ensolarado desviasse para orla carioca os poucos interessados em comparecer ao campus universitário. No segundo dia, o receio era que a chuva não deixasse ninguém sair de casa na tarde de domingo. Expectativas à parte, os interessados foram chegando aos poucos. Entre eles: Guilherme Zarvos, Paulo Scott, Marcelo Moutinho, Adriana Monteiro de Barros e Mariano Marovatto.

A poeta Viviane Mosé fez a abertura do evento dizendo poemas de forma eloqüente, sem necessidade de gritos ou peripécias, conquistando o silêncio da platéia. A primeira mesa, 'Geração Espontânea', foi o debate mais interessante: o jornalista Miguel Conde, a poeta Viviane Mosé e o escritor Flávio Izhaki trocaram impressões sobre a polêmica 'geração 00', sob a mediação da crítica literária Heloisa Buarque de Hollanda – que transformou o debate num bate-papo interessante, saindo algumas vezes da função de mediadora.

"Participei de muitos eventos literários, vi muitas pessoas surgirem. Não é possível acertar em tudo. Publiquei a antologia 26 poetas hoje (Aeroplano), na época muito criticada, mas até hoje o livro é editado. Só entendemos melhor a geração depois que os anos passam. Mas é importante destacar que nessa 'geração digital' tem muita gente interessante", afirma Heloisa.

A publicação de textos na internet foi o assunto que passeou por todos os debates, principalmente na mesa 'Empório de Palavras', composta pelos poetas Claufe Rodrigues, Tanussi Cardoso, Eucanaã Ferraz; e pelos editores Victor Paes (Confraria dos Ventos) e João Emmanuel Magalhães Pinto (Guarda-Chuva). Tanussi, seguindo a mediação proposta na primeira mesa, acabou tornando o debate um pouco confuso ao permitir que platéia interferisse mais do que deveria. Mas para um evento nomeado de 'Interferências', não foi ruim.

Os convidados expuseram muitas ressalvas em relação aos blogs: Os internautas lêem tanto quanto publicam na internet? Há qualidade na produção dos blogueiros? Até que ponto os blogs interferem na linguagem adotada no texto?

Algumas dessas perguntas foram debatidas com a platéia, mas não houve um consenso. No entanto, o editor João Emanuel, ratificou a importância dos blogs, ao afirmar que pesquisa os escritores que publicam na web: "Sempre que desejo conhecer o trabalho de um novo escritor, coloco o nome dele no Google e vejo se ele tem um blog. Avalio o material que está publicado no blog antes de ler o original. Tenho uma editora pequena, só posso publicar se eu tiver um mínimo de retorno. A internet auxilia nessa seleção."

A mesa 'Tecnologia e Miscigenação', mediada por este que vos escreve, foi integrada por poetas que utilizam diferentes suportes de publicação para os seus trabalhos – Omar Salomão, Lucas Viriatto e Alice Sant'Anna – além de Olga Savary, que não usa celular e nem internet, e permitiu um olhar diferente para a produção dos jovens poetas.

"Fiz uma opção na minha vida, não utilizar celular. Quando estou na rua quero que ninguém me encontre. Se preciso mandar um e-mail peço a um amigo. Gosto de escrever cartas, ainda gosto de me corresponder. Não preciso estar conectada para fazer minhas poesias ou meu trabalho de tradução. Nada substitui o prazer de ler um livro", declara Olga, tradutora de Lorca, Mario Vargas Llosa, Neruda e Octavio Paz.

Novamente os blogs motivaram a manifestação da platéia. Durante uma discussão sobre a qualidade da produção literária na web, o escritor Marcelino Freire, que está no Rio de Janeiro para lançamento do livro Rasif (Record), nesta segunda, 22, na Livraria do Odeon, na Cinelândia, se manifestou: "Claro que tem porcaria na internet. Mas idiota tem em qualquer lugar: dentro e fora dela. Então não é para culpar os blogueiros", diz Marcelino, com o típico sotaque pernambucano.

Na última mesa, 'Vanguarda', Leandro Jardim, mediou o debate entre o poeta Paulo Henriques Britto, a crítica literária Beatriz Resende e o poeta Dado Amaral. Beatriz conduziu boa parte do debate ao falar sobre a produção literária contemporânea, tema do seu mais recente livro de ensaios Contemporâneos (Casa da Palavra), a ser lançado nesta terça, 23, na Cinemathèque, em Botafogo:

"Muitos escritores utilizam blogs, mas a crítica literária ainda é muito receosa em relação a esse cyberspace. E tem outra coisa: desconheço um autor que publica na internet e não deseja ter um livro publicado por uma editora. Alguém conhece?"



>>> pós-fl@p:




Paulo Scott, Ademir Assunpção, Marcelino Freire, Diana de Hollanda, Leandro Jardim, Ramon Mello, Dado Amaral, Thiago Ponce de Moares, Adriana Monteiro de Barros, Priscila Andrade e Olga Savary

na ponta direita da mesa: Victoria Saramago

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