Cerca de 150 mil pessoas protestaram contra o projeto do petróleo na Cinelândia
Por Ramon Mello
Nem mesmo a forte chuva que caiu sobre a cidade nesta quarta-feira (17/03) impediu que cerca de 150 mil pessoas fossem às ruas manifestar seu apoio ao movimento 'Contra a Covardia, Em Defesa do Ri'o, proposto pelo Governador Sérgio Cabral.
A concentração foi na Candelária, de onde saíram vários carros de som, que acompanharam os pedestres pela Avenida Rio Branco em direção à Cinelândia. A manifestação ocorreu em clima de festa, com muita música e representantes dos movimentos Funk, GLBT, Contra a Intolerância Religiosa, entre outros.
Pela manhã, manifestantes chegavam de vários municípios, em centenas de ônibus. No início da tarde, escritórios e empresas do centro da cidade liberaram seus funcionários para participarem da manifestação.
Artistas e intelectuais tiveram como ponto de encontro a Casa França-Brasil, de onde saíram com a Secretária de Estado de Cultura, Adriana Rattes. Diversos grupos culturais do interior do estado vieram ao Rio participar do protesto. De acordo com Adriana Rattes, este ato tornou-se uma grande mobilização popular.
"Esta manifestação tomou conta das ruas, da internet e vai muito além de uma iniciativa do próprio governo. As pessoas entenderam que é preciso lutar e defender o Rio. Se não mostrarmos o que pensamos, correremos o risco de sermos, mais uma vez, vítimas de uma legislação que muito nos prejudicará", disse a Secretária de Cultura.
Segundo Adriana Rattes, é a primeira vez durante muitos anos que há um governo estadual preocupado com a cultura carioca e fluminense. A secretária considera esta iniciativa um fator estratégico no desenvolvimento do estado, e somente assim o valor do Rio de Janeiro será reconhecido em todas as culturas do Brasil.
O artista plástico Vik Muniz, um dos primeiros a vestir a camisa ‘Mexeu com o Rio, mexeu comigo’, sintetizou:
"Estão tentando fazer chover no nosso piquenique. É bonito ver o povo se mobilizar por uma causa importante para o Rio."
Para a bailarina Ana Botafogo, a classe artística deve estar unida e se manifestar contra a emenda.
"Estamos todos aqui para darmos apoio ao nosso governador. Também estamos de braços dados e mãos dadas para defendermos esta história dos royalties do petróleo. Daqui a pouco, esta caminhada será feita com muita música, dança, enfim, com muita alegria, como é a característica do povo carioca. Não estamos brigando com ninguém, apenas estamos defendendo o que é nosso", concluiu a bailarina.
A atriz Xuxa Lopes, fez coro: "É bonito ver a população unida para protestar por seus direitos. Eu não poderia deixar de participar da passeata, os artistas têm de dar as mãos para defender os interesses do Rio de Janeiro. Não podemos sair perdendo, a cultura principalmente."
Já o cineasta e diretor de teatro Marcus Faustini comentou que sempre adorou Ibsen - o dramaturgo norueguês - , mas que depois da emenda do pré-sal, está até com medo de falar no nome do dramaturgo.
"O Estado do Rio de Janeiro perderá como um todo se esta emenda for aprovada. É uma mudança de regras no meio do caminho que não pode existir. É bom que todos se manifestem; não há como deixarmos isto ir adiante. O governador está fazendo muito bem chamando o estado para reagir diante deste fato", disse a presidente do Theatro Municipal, Carla Camurati.
A apresentadora Xuxa Meneghel, gaúcha como do deputado Ibsen Pinheiro, também esteve presente. "Sou gaúcha, mas escolhi o Rio para viver".
Performances
Durante toda manifestação podia-se ver peformances da população. Um dos atos mais frequentes foi a simulação do enterro do deputado gaúcho Ibsen Pinheiro, autor da emenda que retira do Rio royalties do petróleo.
Antônio Menezes de Campos de Goytacazes, no Norte Fluminense, contou sua vinda para o Rio:
"Saí da minha cidade com mais 10 mil pessoas para protestar contra esse absurdo, uma politicagem. Eles aprontam esta e depois ainda querem passar o fim de semana no Rio de Janeiro."
Ao redor da Praça da Cinelândia, as caravanas que vieram do interior do estado se agrupavam com faixas e cartazes contra o projeto do petróleo aprovado pela Câmara dos Deputados e encaminhado ao Senado. Estudantes pintaram o rosto de azul e branco, lembrando o movimento Caras-Pintadas, que pediu o impeachment do ex-presidente Fernando Collor.
Em um palco montado em frente à Câmara dos Vereadores, políticos, incluindo o governador Sérgio Cabral e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, deram as mãos para mostrar que a união apartidária faz a força em um momento em que o grande perdedor é o estado do Rio de Janeiro. Sem discursar no palco, Cabral afirmou, em coletiva à imprensa, que a manifestação foi uma grande demonstração de amor ao Rio:
"Esta é uma demonstração de amor ao Rio. Milhares de pessoas estão aqui debaixo desta chuva toda. Todos nós tomamos uma decisão muito bacana, de não politizar o ato entre A, B ou C. Estão aí artistas, políticos, todos mostrando esta marca do Rio de Janeiro, que é a da generosidade, da parceria", disse o governador.
Toni Garrido apresentou o evento, que contou com a apresentação de Fernanda Abreu, Furacão 2000 e MC Sapão - e o povo dançou até cansar embaixo da chuva.
Um comentário:
hei, hei, hei... esse eu quero ler!
E o de poesias também, claro !
rsrsrs
anilia
franciska
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