domingo, abril 17, 2011

GLAUCO MATTOSO, 'POETA DA CRUELDADE'


O anti-herói cego, “pornosiano, barrockista, deshumanista, anarchomasochista, pós-maldito”, como gosta de se rotular, completa 60 anos com lançamentos e relançamentos por diferentes editoras

Por Ramon Mello
Foto Claudio Cammarota

Autor de uma “poesia viril”, o poeta paulistano Glauco Mattoso completa 60 anos no dia 29 de junho deste ano, produzindo literatura intensamente. Para quem desconhece sua história, seu nome é uma alusão direta ao poeta satírico Gregório de Matos (1633–1695), o Boca do Inferno, além de trocadilho com a doença congênita – o glaucoma – que lhe privou progressivamente da visão. Pedro José Ferreira da Silva é o seu nome de batismo.

Mestre do pastiche literário, já perverteu mais de quatro mil sonetos, série iniciada em 1999, superando o poeta italiano Giuseppe Belli (1791-1863), recordista no gênero, que teria composto 2.279 sonetos em uma obra produzida entre 1830 e 1839. Desde a cegueira total em 1995 – trajetória que lembra a do escritor argentino Jorge Luis Borges –, Mattoso escolheu o soneto como modo de organizar seus escritos. A forma fixa de poema (14 versos compostos por dois quartetos e dois tercetos) auxilia o poeta cego a escrever mentalmente os poemas, sem abandonar a transgressão dos temas.

Autor do romance autobiográfico Manual do podólatra amador: aventuras e leituras de um tarado por pés (All Books/ Casa do Psicólogo), Glauco Mattoso cultiva a fama de escritor maldito com suas preferências excêntricas. Ele é obcecado por pés masculinos, fetiche retratado tanto na prosa quanto na poesia. O pé e a cegueira são temas centrais de muitos de seus livros. Através da perversão sexual, o autor denuncia as perversidades sociopolíticas. Sua temática, que funciona como alicerce do próprio soneto, abusa da pornografia e escatologia, assim como os versos do poeta fescenino do século 17, cuja referência é explícita.

Mattoso cursou biblioteconomia na Escola de Sociologia e Política de São Paulo e letras vernáculas na USP, sem concluir. Além dos sonetos, já escreveu dezenas de contos, dois romances, centenas de crônicas, vários ensaios, um dicionário de palavrões, um tratado de versificação, publicou dezenas de volumes de poesia e editou um fanzine durante quatro anos. “Mas o soneto é meu maior vício, e só como vício posso definir esse gênero que me serve de válvula para desabafar a revolta contra a cegueira. Parafraseando o Zé Dirceu, eu não posso, não quero e não devo deixar de sonetar...”, ironiza.

Prestes a se tornar sexagenário, o poeta relembra que o interesse pelos sonetos é anterior a cegueira: “Eu já admirava os clássicos pelo rigor com que eram compostos, especialmente um tipo de poema tão difícil como o soneto. Mas, enquanto ainda enxergava, minhas influências eram mais iconoclastas (modernismo, concretismo, tropicalismo e marginalismo), por isso raramente sonetei naquela fase. Quando fiquei cego, percebi que minha capacidade mnemônica era magicamente imensa. Passei, entre a insônia e o pesadelo, a compor freneticamente, salvando na memória os versos que, graças à rima e à métrica, mantinham-se intactos até que eu os digitasse no computador falante. Atribuo tal capacidade, também, a alguma ‘assistência espiritual’, já que me considero um bruxo...”, relata Glauco Mattoso, que trabalha diariamente com um programa de leitura de voz no computador (desenvolvido pela UFRJ), sem perder as subversões que pratica na sua escrita desde a época da poesia marginal nos anos 1970.

Celebração

Em comemoração ao 60º aniversário do “poeta da crueldade”, diversos lançamentos estão programados. A editora Annablume lançará uma caixa com 10 livros, sete já editados e três inéditos: O poeta da crueldade, O poeta pornosiano e Poemídia e sonetrilha. A Annablume detém os direitos de publicação da série de poesias Mattosiana pelo selo literário Demônio Negro e a obra Contos hediondos (2009). É também responsável pela obra ensaística de Mattoso, da qual publicaram, na Coleção Língua, Literatura e Discurso, o Tratado de versificação (2010) – acordo onde o poeta propõe “revisitar as trilhas da versificação e revalorizar o conceito da ‘musa’ no aspecto ‘musical’ do poema”. O selo Tordesilhas também adquiriu toda a prosa escrita do autor, repleta de ironia e humor negro, longe de tudo que se pode classificar como literatura bem comportada. Além de publicar os romances A planta da donzela (Lamparina, 2005) e Manual do podólatra amador, a editora prepara uma nova versão da coletânea Contos hediondos, incluindo textos inéditos. A prosa mattosiana, irreverente como a poesia, é muito bem elaborada, o que elimina a proximidade com a simples pornografia.

Ao longo dos anos, o Conde Glauco Mattoso – como o nomeou o poeta Roberto Piva (1937–2010) – passou a publicar em diversas editoras, o que dificulta a concentração de sua obra em um único selo. A produção poética inclui 35 títulos fora de catálogo ou com contrato para vencer, sem contar os poemas publicados na internet. O editor Luiz Fernando Emediato, da Geração Editorial, que o conhece desde os anos 1970, o considera “um grande escritor, polêmico e alternativo, implacável diante do mercado, para o qual não faz nenhuma concessão”.

Fase Visual e Face Cega

As referências de Glauco Mattoso passam de Camões a Augusto de Campos, de Gregório de Matos a Luiz Delfino, de Sade a Cego Aderaldo, de Olavo Bilac a Millôr Fernandes. Não é à toa que Caetano Veloso citou o poeta na música “Língua”, do disco Velô, de 1984. O cantor baiano o conheceu através do concretista Augusto de Campos, na época em que Glauco assinava o Jornal Dobrabil (trocadilho com o Jornal do Brasil

e com o formato dobrável), um fanzine poético-panfletário feito com uma datilografia minuciosa que imitava as famílias tipográficas utilizadas pelos grandes jornais.

Mattoso também é conhecido pela sua intensa colaboração na imprensa alternativa na década de 1980, como Tralha, Mil Perigos, Som Três, Top Rock, Status, Around e Chiclete com Banana – esta última criada em parceria com o cartunista Angeli, publicada pela Circo Editora. Nos últimos anos, o poeta tem escrito para o site de literatura Cronópios [www.cronopios.com.br] e colaborado para revistas impressas, como a Caros Amigos.

O crítico e ensaísta carioca Pedro Ulysses Campos já dividiu a poesia de Glauco Mattoso em duas fases: “a primeira seria a Fase Visual (1970–1980), enquanto o poeta praticava um experimentalismo paródico de diversas tendências contemporâneas; e a segunda a Fase Cega (1999 até hoje), quando o autor, já privado da visão, abandona os processos artesanais, tais como o concretismo datilográfico, e passa a compor sonetos e glosas”. “Spik (sic) Tupinik” (1977), um dos sonetos mais famosos dá a dimensão da relevância da poesia de Glauco Mattoso: Rebel without a cause, vômito do mito / da nova nova nova nova geração, / cuspo no prato e janto junto com palmito /o baioque (o forrock, o rockixe), o rockão. / Receito a seita de quem samba e roquenrola: / Babo, Bob, pop, pipoca, cornflake; / take a cocktail de coco com cocacola, / de whisky e estricnina make a milkshake. / Tem híbridos morfemas a língua que falo, / meio nega-bacana, chiquita-maluca; / no rolo embananado me embolo, me embalo, / soluço - hic - e desligo - clic - a cuca. // Sou luxo, chulo e chic, caçula e cacique. / I am a tupinik, eu falo em tupinik.

A musicalidade de seus versos pode ser conferida no CD Melopéia (Rotten Records), nas vozes da MPB como Itamar Assumpção, Humberto Gessinger, Inocentes, Billy Brothers, Laranja Mecânica e Arnaldo Antunes. Trata-se de uma antologia de seus sonetos misturada a diferentes ritmos: samba-enredo, techno-samba, samba-canção, punk-rock e bluejazz. O álbum, que tem a capa assinada por Lourenço Mutarelli (uma paródia da capa do disco Tropicália, 1967) está esgotado.

Glauco Mattoso fabrica a própria lenda com a sua obra e sua história: cego, gay, podólotra e masoquista. Sempre que se escreve sobre o poeta, há uma tentativa de definilo: marginal, punk, pós-concreto, maldito... “Todos esses rótulos estão corretos. Eu próprio me colei mais alguns: pornosiano, barrockista, deshumanista, anarchomasochista, entre outros. Mas, para melhor sintetizar todos eles, pode me chamar de pós-maldito...”, explica o ícone do “malditismo literário” no Brasil.

E agora, poeta, como é completar 60 anos? “Acho que é como estar prestes a completar 18 quando a gente é menor de idade, ou 100 quando a gente ainda tem 99. Parece que subimos um degrau e só podemos olhar para frente, sob risco de tropeçarmos e cairmos. A partir deste ano, posso ser chamado de ‘edoso’ e tenho que me vacinar contra a gripe. Minhas fantasias masturbatórias, entretanto, prosseguem a todo vapor...”, revela o poeta maldito que se tornou um clássico, um dos melhores sonetistas do Brasil.

[publicado originalmente na revista saraivacontúedo, abril de 2011]

sexta-feira, abril 15, 2011

SOBRE MARIA BETHÂNIA


BETHÂNIA E AS VIRGENS DESERDADAS

Por Inês Pedrosa

[Artigo da escritora portuguesa Inês Pedrosa, diretora da Casa Fernando Pessoa, publicado no jornal Estado de São Paulo, em 31.03.2011]


Bethânia e as virgens deserdadas

Durante os breves dias que passei agora no Brasil, pasmei com a ferocidade da campanha contra um projeto de poesia de Maria Bethânia. O meu pasmo foi subindo de degrau em degrau a cada hora de cada um dos cinco dias e terminou num miradouro de indignação. Parece-me útil dar a ver aos brasileiros o panorama feio que os meus portugueses olhos divisaram – amo demasiado o Brasil para poder ficar fora dele mesmo quando ele me deixa fora de mim, mas temo que assim não aconteça com corações mais turísticos do que o meu.

O coro de virgens ofendidas com a verba que o Ministério da Cultura autoriza a captar para o projeto de Bethânia ( um milhão e trezentos mil reais) é patético por diversas razões, a primeira das quais é a suposição cândida de que, a não ser investido na divulgação de poesia de língua portuguesa a que Bethânia se propõe, esse dinheiro seria canalizado para escolas, hospitais e o escambau. Verdade seja que a lista dos projetos aprovados pelo Ministério da Cultura inclui muita coisa que, vista de fora, me parece o escambau. Em Portugal, a Lei do Mecenato não funciona, porque o conceito de desenvolvimento através das artes ainda não conseguiu furar a massa cinzenta dos empresários lusitanos. Por isso, os apoios à cultura saem directamente do bolso dos contribuintes, o que os torna sempre polémicos e sujeitos à conspiração das invejas organizadas – a mais eficiente organização do país.

Eu tinha a ilusão de que o Brasil não era assim – via o Brasil virado para o futuro, incompatível com o ressentimento. Ainda quero ver, porque o Brasil onde eu moro e quero cada vez mais morar é povoado por artistas que se inspiram mutuamente, estudiosos ousados, enfim, gente que não perde tempo a envenenar-se e a envenenar os outros. Pobres puritanos da moral alheia: a grana que patrocinará Bethânia nunca serviria para pagar outras coisas. Porquê? Porque Bethânia não é uma coisa qualquer. O que ela faz tem repercussão. Possui um talento e uma voz únicos. Aguentem-se.

Porque será que só o projeto de Bethânia é sujeito ao escrutínio da maledicência? Porque Bethânia é uma estrela – de fato. Enche quantas vezes quiser as maiores salas de espetáculos de Portugal, da Europa e de várias partes do mundo. Porque o Ministério da Cultura do Brasil a subsidia? Não: porque tem um percurso internacionalmente reconhecido. Como cidadã da gloriosa pátria da língua portuguesa – a única pátria em que, tal como Fernando Pessoa, me reconheço – agradeço-lhe diariamente o seu trabalho de muitas décadas em prol da poesia e dos poetas desta língua, de Pessoa a Guimarães Rosa, de Vinicius de Moraes a José Régio, de Sophia de Mello Breyner Andresen a João Cabral de Melo Neto. Se me tornei, ainda adolescente, leitora de José Régio, a ela o devo. O meu fascínio por Pessoa começou com a voz dela. E foi dela que recebi o primeiro estímulo para a descoberta da sublime literatura brasileira. Não há muitos cantores populares por esse mundo que se dediquem, de um modo contínuo, a este trabalho pioneiro e pedagógico. Penso que a visível subida do nível cultural do Brasil nas últimas décadas deve muito a Maria Bethânia. E tenho a certeza que a literatura portuguesa tem uma dívida imensa para com ela – toda a minha geração foi tocada pelos seus poetas, mesmo ou sobretudo quando, aos vinte anos, ia ouvi-la apenas para encontrar consolo para a vertigem das paixões mal sucedidas.

A 8 de Março de 2010 fui ao Rio de Janeiro para, em nome da Casa Fernando Pessoa e em parceria com o Instituto Moreira Salles, galardoar Maria Bethânia e Cleonice Berardinelli com a Ordem do Desassossego, então instituída. Quisémos que a primeira atribuição dessa Ordem fosse uma homenagem ao Brasil e a essas duas heroínas da divulgação da obra de Fernando Pessoa. Pouco depois, Bethânia foi a Portugal fazer um show e contactou-me, dizendo que queria oferecer um recital de poesia de língua portuguesa na Casa Fernando Pessoa. E ofereceu – sim, gratuitamente, escandalizem-se, oh virgens! – um espetáculo belíssimo, concebido, encenado e realizado por ela, aliando interpretação e canto, com uma inteligentíssima seleção dos maiores poetas de Portugal e do Brasil. As paredes da Casa iam estourando, tal a multidão e o deslumbramento.

Nessa ocasião, Bethânia falou-me da sua vontade de levar pelo interior do Brasil e de Portugal um conjunto de espetáculos destes, exclusivamente dedicados à poesia. Que Bethânia ou alguém próximo dela ( porque Bethânia nem sequer é praticante da religião das redes virtuais) tenha acrescentado a esse projeto a circulação dos poemas ditos na internet, parece-me uma excelente e eficaz ideia. Sim, opulentos invejosos, já há muita poesia na net – mas não dita e encenada por Bethânia. A voz e o critério dela chegam mais longe, movem mais almas – é isso que não se lhe perdoa. Caetano já o disse, numa crónica coruscante, no “Globo”. Mas eu quero repeti-lo, porque não sou irmã dela – amo-a, sim, como comecei a amá-lo a ele, desde a mais tenra juventude e sem os conhecer de parte alguma nem saber onde ficava Santo Amaro da Purificação, de onde ambos vieram, sem patrocínios nem padrinhos, para acrescentar luz e força às nossas vidas. Amo-os porque as suas vozes e os seus dons criativos me fizeram e fazem acreditar que o mundo pode ser um lugar mais belo e mais sábio. O Brasil está a dar certo porque eles – e muitos outros como eles, e uma multidão com eles – assim o quiseram. E isso só não vê quem não quer – ou não é capaz – de ver.


***

AINDA SOBRE BETHÂNIA

Por Ramon Mello

Sinto a necessidade de reafirmar minha posição sobre a polêmica em torno do projeto do blog ‘O mundo precisa de poesia’, idealizado por Hermano Vianna, em que a cantora Maria Bethânia foi convidada a realizar leituras diárias de poemas.

Assim que a questão foi levantada na web, afirmei concordar com a declaração do cineasta Jorge Furtado: “Na minha opinião, o governo brasileiro deveria tirar do seu caixa o dinheiro (1,3 milhões de reais, uma ninharia perto da roubalheira do Detran gaúcho, dos pedágios paulistas, da máfia do governo Roriz/Arruda no DF, etc, etc...) e entregar para a Maria Bethânia, junto com um buquê de rosas e um cartão, pedindo desculpas pela confusão”.

Respeito e admiro Maria Bethânia por tudo que já realizou para música brasileira e para literatura em língua portuguesa. Estamos falando de uma grande artista, com mais de 45 anos de carreira, que mantém uma relação legítima com sua trajetória. Uma mulher que estudou em escola pública e se dedicou a vida propagar os nomes dos poetas: “Os nomes dos poetas populares deveriam estar na boca do povo!” (Antônio Vieira)

Bethânia cobrou (leitura e elaboração) R$ 1.643 por cada um dos 365 vídeos - o que é justo. O valor aprovado para captação do projeto - R$ 1,3 milhão – o Minc entendeu que era correto, após realizar cortes no valor original. Há sites e shows aprovados com valores até superiores (e justificativas questionáveis), mas pegaram Bethânia para bode expiatório.

Penso que o momento é propício para uma discussão ampla com Ministério da Cultura sobre as políticas culturais do país e a readequação de leis de incentivo, que foram fundamentais, mas hoje estão defasadas, como a Rouanet e a do Audiovisual. Devemos cobrar essas mudanças ao MinC e não denegrir a imagem de uma artista que tanto contribui para nossa cultura.

Enfim, desejo, sinceramente, que Maria Bethânia consiga realizar o projeto ‘O mundo precisa de poesia’.


Solução

(Raul Sampaio e Ivo Santos)

Tu verás que eu ainda sou
O que mais deseja te ajudar
Venho te pedir tempo pra pensar
E deixa essa gente falar de mim
Quero ouvir o tempo lhe dizer
Que a vida inteira há de pertencer
O que o tempo diz, o vento não desfaz
Nem a língua de quem fala demais


quinta-feira, abril 14, 2011

DESPEDIDA DO SARAIVACONTEÚDO

Após dois anos dedicados, diariamente, ao SaraivaConteúdo, a equipe idealizadora e gestora do projeto se despede. Ou seja, eu, Marcio Debellian, Bruno Dorigatti, Claudia Barbosa, Tomas Rangel, Flavia Paulo, Bruno Duarte, Luiza Moscoso, João Pedro Bittencourt, Eduardo Simões e Mauro Ferreira não estamos mais vinculados ao desenvolvimento do site.

Fica a alegria de ter contribuído para um trabalho inédito em livrarias, através de uma pequena cartografia do que melhor foi produzido em cinema, música e literatura no Brasil. Nesse breve tempo de trabalho, foram realizadas mais de 270 entrevistas em vídeos, além de artigos e matérias. Só na minha seara, foram mais 60 encontros com cineastas, atores, músicos e, principalmente, escritores:

Adélia Prado, Adriana Lisboa, André Dahmer, Andréa Del Fuego, Affonso Romano de Sant'Anna, Antônio Xerxenesky, Arnaldo Bloch, Arthur Dapieve, Beatriz Bracher, Botika, Carla Faour, Chacal, Carola Saavedra, Cid Moreira, Cristovão Tezza, Diana de Hollanda, Dira Paes, Edney Silvestre, Elisa Lucinda, Eucanaã Ferraz, Fábio Moon e Gabriel Bá, Fabrício Carpinejar, Fausto Fawcett, Felipe Pena, Ferreira Gullar, Francisco Bosco, Francisco José Viegas, Gabriela Guimarães Gazzinelli, Gastão Cruz, Gonçalo M. Tavares, Guilherme Zarvos, Heloisa Buarque de Hollanda, Hermes Bernardi Jr., Inês Pedrosa, João Gilberto Noll, João Paulo Cuenca, João Ximenes Braga, José Castello, José Eduardo Agualusa, José Jofilly e Irandir Santos, Lobo Antunes, Leticia Wierzchowski, Lourenço Mutarelli, Luís Cardoso, Luiz Antonio de Assis Brasil, Luiz Ruffato, Luiz Zerbini, Lya Luft, Manoela Sawitzki, Marcelo Moutinho, Marcus Vinicius Faustini, Marina Colasanti, Martha Medeiros, Murilo Salles, Nélida Piñon, Ondjaki, Patrícia Melo, Paulo Scott, Renato Terra e Ricardo Calil, Reinaldo Moares, Sérgio Britto, Suzana Amaral, Tatiana Salem Levy, Thalita Rebouças, Thiago Pethit, Zuenir Ventura...

O SaraivaConteúdo e a Revista SaraivaConteúdo (filhote do site) foi idealizado e desenvolvido pela Debê Produções, empresa que tem Marcio Debellian como pensador. Desejo que a nova equipe escolhida pela Livraria Saraiva tenha o mesmo fôlego e tesão em realizar um trabalho tão bacana.

BALLET DA CENTOPEIA


letuce: letícia novaes e lucas vasconcellos

terça-feira, abril 12, 2011

INSTRUÇÃO

faça da próxima vez a última

tiê canta calcinha preta no novo álbum 'a coruja e o coração'

sexta-feira, abril 08, 2011

O MASSACRE DE REALENGO

[soneto 4141] GLAUCO MATTOSO

“Massacre” se chamou “da Candelaria”.
Chamou-se de “massacre” o “de Vigario
Geral”. Mas comparar? Ha quem compare o
que occorre em Realengo, em faixa etaria?

Qualquer outra tragedia é secundaria,
embora jamais haja um justo horario
que a Morte nos reserve e seja vario
o caso em cada agencia funeraria.

Creanças, quando victimas, são serio
motivo à reflexão, pois illusorio
se torna o Amor christão num cemiterio.

Um louco… Um attemptado… Caso chore o
Pae pelo Filho e a crença recupere o
espirito da gente, é o Céu inglorio?



[via leonardo davino]

segunda-feira, abril 04, 2011






Profissão: POETA

por Mariana Filgueiras

Parece difícil rimar contas do mês com
poesia, mas não para todo mundo: há quem viva de livros, sites, oficinas literárias e até eventos para empresas

A polêmica sobre o valor autorizado pelo Ministério da Cultura para captação de recursos para o blog de poesias da cantora Maria Bethânia — R$ 1,3 milhão — deu novo fôlego a um debate há muito esquecido: o valor da poesia. E, principalmente, o valor de quem a promove. Se o montante pedido para o projeto “O mundo precisa de poesia” é muito ou pouco, talvez nem os 72 heterônimos de Fernando Pessoa saibam dizer. Mas fato é que muita gente, com muito (muito) menos, consegue não somente divulgar, mas até viver de poesia. De autores laureados a vendedores de rua — aqueles do desconcertante “Você gosta de poesia?” — fomos atrás das histórias de quem encara os versos como ofício.

Nos anos 70, quando integrava o grupo de poetas Nuvem Cigana, Ricardo Gomes, o Chacal, chegou a trocar o próprio relógio de pulso por um jegue. O animal seria muito mais útil para quem pretendia viver de poesia num sítio no Sul Fluminense. Em outra ocasião, decidiu passar um tempo em Londres, mimeografou cem cópias do livro “Preço da passagem” e vendeu no Baixo Gávea. Hoje em dia, avalia, o poeta tem uma realidade muito mais favorável.

— Eu vivo de poesia há 40 anos e posso dizer: as coisas mudaram muito — atesta Chacal, aos 60 anos, enquanto prepara a primeira oficina (remunerada) do g r u p o d e p o e s i a C E P 20.000, fundado por ele há 21 anos. — Hoje, há oficinas, editais, rodas de leitura, eventos pagos. Ainda não é uma situação ideal, muitos grupos precisam de apoio. A poesia corrige o analfabetismo funcional, melhora o uso da língua, malha os neurônios. Hoje, o governo compra poesia e distribui nas escolas, coisa impensável anos atrás. Não sei se aumentou o número de leitores. Mas a circulação e a remuneração, com certeza.

O poeta Ramon Mello, aos 27 anos, é um exemplo de uma novíssima geração que já experimentou esta boa fase. Ramon deixou a pequena Araruama, na Região dos Lagos, aos 16 anos, para estudar teatro no Rio. Como sempre gostou de ler e escrever poesia, criou um blog em que entrevistava autores iniciantes. Ex-editor da Língua Geral, Eduardo Coelho visitou o site e depois perguntou se Ramon tinha algum livro pronto.

Nascia assim “Vinis mofados”, lançado em outubro de 2009, com excelente recepção.
O blog deu origem a um site mais estruturado, onde Ramon já entrevistou mais de 80 escritores. Uma coisa puxou outra: numa das entrevistas, conheceu o escritor Rodrigo de Souza Leão, morto há dois anos. A convite da família, tornou-se curador da obra dele. Em pouco tempo, passou a cuidar também da obra de Dinah Silveira da Queiroz e organiza a antologia de poemas de Adalgisa Nery. Novas poesias vêm em ideias anotadas no celular, o blog segue online e o próximo livro já está quase pronto.

Em janeiro, Ramon organizou, com Chacal e Heloisa Buarque de Hollanda, o festival de poesia “A palavra toda”, e passou a dar oficinas para jovens poetas. Numa delas, no Sesc Tijuca, “adotou” o menino Thiago Levy, de 16 anos, exvendedor de balas que se inscreveu por indicação da professora de Português do colégio público.

— Ele entrou todo marrentinho, e achei que estava ali por engano. Mas ele soltou:
“Ué, aprendi na escola que o Machado de Assis vendia bala, que nem eu”. Como quem diz: “Eu quero ser poeta, como faz?”, ou algo assim. Passei num sebo, catei alguns livros, fiz um “kit-poeta” e dei a ele. Acho que primeiro você vive para a poesia, depois aprende a viver de poesia — ensina Ramon, de malas prontas para Recife, onde ministraria as oficinas no Festival de Literatura Digital, seguindo depois para a Festa Literária de Porto Alegre.

Quando decidiu ser poeta, o niteroiense Paulo Betto Meirelles, de 23 anos, também deu seu jeito: largou a faculdade de Direito, para desespero dos pais, publicou o primeiro livro (“Tabuleiro de egos”) e levou para Niterói o sarau noturno Corujão da Poesia, evento semanal que já frequentava numa livraria do Leblon desde os 19 anos. Criado pelo poeta João Luiz de Souza há cinco anos, o Corujão funciona como uma vigília literária: toda terça-feira de madrugada, o microfone está aberto para leitura de poesias. Quem está sempre lá é o músico Jorge Ben Jor, padrinho afetivo do evento.

— Propus ao João fazer o Corujão em Niterói, ele topou, e hoje a curadoria virou meu trabalho. Meus pais foram ver uma vez, acho que estão se acostumando com a ideia de que poeta também pode ser uma profissão — conta Paulo, que ainda é compositor e músico da banda Pelicano Negro. Foi no Corujão da Poesia que João descobriu uma maneirade remunerar os poetas mais “entregues”:

— Eu vi que gente importante entrava na livraria por acaso, enquanto estávamos botando fogo no Corujão, e olhava interessada. Então eu pensei em apresentar os poetas a esses empresários, oferecendo pequenos saraus para empresas. Deu certo, com o lema “torne o seu evento mais inspirador e emocionante, inclua poesia na programação”. Hoje, instituições como Tribunal de Justiça do Rio, Senac, Firjan e empresas contratam poetas, sempre pagando cachês dignos — reforça João, que já “exporta” seus poetas para eventos no país todo.

Uma delas é a atriz e poeta Betina Kopp, 27 anos, que se formou em Educação Física mas nunca quis exercer a profissão. No Corujão, Betina recita poesias próprias, mas especializou-se nas alheias. Já gravou audiolivros e criou performances poéticas — numa delas, oferece um menu de poesias para degustação, em que declama o “poeta-prato” escolhido pelo espectador — e apresenta-se em festivais de poesia em todo Brasil.

— A poesia me trouxe muito mais do que o teatro. Já conheci 11 estados do Brasil,já me apresentei no Canecão e no presídio Bangu 1, mostrei poesias a gente que nunca tinha lido um livro e ainda recebo por isso — diz Betina, que para a foto posou com as colheres-adereço que usa em suas performances.

Após dez anos trabalhando com poesia na editora 7Letras e na revista eletrônica “Modo de Usar & Co” (que publica em parceria com os poetas Ricardo Domeneck, Fabiano Calixto e Angélica Freitas), a poeta Marília Garcia, de 32 anos, decidiu dar aulas de teoria da poesia em universidades. Às vésperas dos concursos públicos para professor de faculdades de Letras, pode ser encontrada submersa nos livros na biblioteca da PUC.

— Ao longo desses anos na editora, acompanhei de perto o aumento do interesse pela poesia. Isso se reflete em mais possibilidades para o poeta, como a criação de um edital especialmente para a criação literária, que já dura dois anos (ela se refere ao Programa Petrobras Cultural), e na expansão dos grupos de poesia. No Rio, há eventos de poesia todos os dias — comemora Marília, lembrando que no último em que esteve como convidada, no Sesc de Jacarepaguá, surpreendeu-se com a quantidade de jovens na plateia. Depois desta entrevista, Marília aproveitou o tema e publicou em sua revista-site um poema de Bénédicte Houart que começa com os seguintes versos: “Com os direitos de autor/ do meu primeiro livro de poesia/ comprei um m&m amarelo/ duvido que alguém tenha saboreado os meus poemas/ com tanto alarido.”

— A relação tão forte com a poesia, no meu caso, vai além do trabalho com os versos, é um modo de ver o mundo, entender as coisas — diz Armando Freitas Filho é uma espécie de “Rilke coroa”, como ele mesmo define. Poeta há quase 50 anos, com 15 livros publicados e muitos prêmios para apoiá-los na estante, é a ele que recorrem jovens poetas ansiosos por orientação. Exatamente como fazia o jovem Franz Kappus com o poeta alemão Rainer Maria Rilke, no início do século passado — e que poeta iniciante, brasileiro ou alemão, não tem a correspondência trocada entreos dois, as famosas “Cartas a um jovem poeta”, no fundo da mochila?

A diferença é que Armando, aos 71 anos, faz tudo por email. Da ânsia dos jovens poetas, ele garimpa os textos mais bem escritos e indica para publicação. É assim que Armando vive de poesia: além de escrevêlas, trabalha atualmente como consultor das editoras. Foi ele quem descobriu as jovens Alice Sant’Anna, de 22 anos, e Laura Liuzi, de 24, que tiveram os primeiros livros (“Dobradura” e “Calcanhar”, respectivamente) muito bem recebidos no meio literário. A próxima aposta de Armando é Silvio Fraga Neto, de 24 anos. Seu primeiro livro vai inaugurar o selo de poesia da editora Bem-te-vi, no próximo mês de junho.

— Fico feliz em apresentar uma novíssima geração. É preciso conhecer poetas novos, senão ficamos com Fernando Pessoa a vida inteira — provoca Armando. — E o melhor é que o trabalho deles é completamentediferente. A Alice roça na poesia de Ana Cristina César; a Laura tem uma escrita mais subjetiva, com mais sombras; o Silvio tem o perfume da brilhantina de João Cabral — elogia o poeta, que teve como um Rilke particular ninguém menos do que Manuel Bandeira.

Quando foi convidado a dar a primeira palestra, no início dos anos 70, Armando percebeu que não estava fazendo um favor, mas um serviço: e que para isso precisava cobrar, oras, afinal não se vive de brisa. Juntou-se ao poeta e amigo Cacaso e juntos montaram uma tabela de preços que usariam a partir de então.

— Não deu muito certo, e eu só fui ser bem pago quando os poemas foram incluídos em livros didáticos — lembra Armando. — Ano passado, meu filho mais novo fez vestibular e trouxe a prova para casa: não é que estava lá um poema que escrevi aos 20 anos? Das três questões relacionadas a eles, acertei duas. E o mais curioso é que o gabarito das três era “C/D/A”, as iniciais de Carlos Drummond de Andrade. Concluí que Drummond é sempre a resposta certa. Da sua casa, na Ilha da Gigóia, o poeta Mano Melo, de 65 anos, concorda. Aos 16, ainda em Fortaleza, descobriu a poesia com Drummond e não sossegou mais. Veio morar no Rio, onde fez parte da “geração mimeógrafo” e de grupos de poesia renomados, como o Ver o Verso, com Claufe Rodrigues e Pedro Bial. Publicou oito livros e hoje conta mais de 40 anos pagando as contas com poesia. E com um pouco de sorte...

— Já passei muito aperto, os deuses da poesia te cobram muito, estão sempre testando sua determinação. Mas sempre que fico pendurado aparece um trabalho muito legal para fazer — conta. — Foi assim quando cheguei ao Rio, nos anos 70, e é assim até hoje. Foi vendendo livros de poesia mimeografados do Leme ao Leblon que juntei dinheiro para passar um tempo na Índia. Quando voltei, tive a ideia de fazer recitais nos auditórios das escolas particulares. Que professor de português recusaria? — recorda Mano, que teve entre os compradores de livro a escritora Clarice Lispector. Mano escreve todos os dias, das 15h às 2h. Acabou de concluir o novo livro, “Poemas do amor eterno”, que será lançado em maio. Mano também faz poesias sob encomenda, muitas para publicidade. Com forte sotaque cearense, gosta de repetir uma história que ouviu em Cuba, durante um evento literário para o qual foi convidado: um dos participantes contou que o filho fizera um pedido ao governo para trocar a profissão de enfermeiro pela de poeta, mas mantendo o salário.

— Ele me mostrou a respostado governo, aceitando a reivindicação, mas exigindo que o rapaz entregasse um livro por ano. Inacreditável, não? — espanta-se Melo, que vez por outra complementa a renda fazendo pontas em novelas.

Se o leitor reconhecer sua fisionomia em algum papel de porteiro, pode ter certeza: ali está um poeta despercebido num uniforme.

Assim como passam batidos os jovens do grupo Geração Delírio, que batem ponto todos os dias, depois do almoço, no “escritório”: as escadas da Biblioteca Nacional. De domingo a domingo, Paulo Alves Filho, Nelson Neto, Thiago Oliveira e Thiago Carvalho atravessam o caminho dos passantes para oferecer zines de poesia com a mal-recebida pergunta “Você gosta de poesia?”.
— De cada cem pessoas, umas 20 compram. Mas só uma dá atenção, para, conversa, lê, estimula... — conta Nelson Neto, que se sustenta há seis anos com os cerca de R$ 700 que tira por mês vendendo poesia por aí nas ruas.

Parceiro das calçadas de Nelson todos esses anos, Paulo foi alfabetizado pela mãe, em casa. Empregada doméstica, ela levava gibis dados pela patroa ao filho, que começou a devorar as revistinhas de “Dylan Dog” e a buscar novas leituras, até trombar com Augusto dos Anjos, o poeta preferido.

Hoje, é Paulo quem ajuda a mãe, com o dinheiro das vendas de sua obra.

— A gente se vira, sobrevive, mas não adianta nada se não houver leitores — analisa o rapaz.



sábado, abril 02, 2011


A Foto da Capa
Composição : Chico Buarque

O retrato do artista quando moço
Não é promissora, cândida pintura
É a figura do larápio rastaqüera
Numa foto que não era para capa
Uma pose para câmera tão dura
Cujo foco toda lírica solapa

Era rala a luz naquele calabouço
Do talento a clarabóia se tampara
E o poeta que ele sempre se soubera
Claramente não mirava algum futuro
Via o tira da sinistra que rosnara
E o fotógrafo frontal batendo a chapa

É uma foto que não era para capa
Era a mera contracara, a face obscura
O retrato da paúra quando o cara
Se prepara para dar a cara a tapa

quinta-feira, março 31, 2011

AI SE SÊSSE


Ai Se Sêsse
Composição : Zé Da Luz

Se um dia nois se gostasse
Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse
Se juntim nois dois morasse
Se juntim nois dois drumisse
Se juntim nois dois morresse
Se pro céu nois assubisse
Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse
a porta do céu e fosse te dizer qualquer tulice
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvês que nois dois ficasse
Tarvês que nois dois caisse
E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse

BOAS-VINDAS

carioca, 9h30:
bom dia, me passa a carteira
e os óculos.
perdeu!

terça-feira, março 29, 2011

domingo, março 27, 2011


li o poema 'viagens', de marcio debellian, para o blog 365 POEMAS A 1 REAL, idealizado por fred leal.

sexta-feira, março 25, 2011

PIVA


'a piedade', filme com o poeta roberto piva e vozes de jim morrison, willian burroughs, patti smith, jack kerouac, antonin artaud. o vídeo foi realizado para o www.interzona.com.br - visite o site, há uma excelente entrevista com o poeta.

A PIEDADE, de Roberto Piva

Eu urrava nos poliedros da Justiça meu momento abatido na extrema paliçada
os professores falavam da vontade de dominar e da luta pela vida
as senhoras católicas são piedosas
os comunistas são piedosos
os comerciantes são piedosos
só eu não sou piedoso
se eu fosse piedoso meu sexo seria dócil e só se ergueria aos sábados à noite
eu seria um bom filho meus colegas me chamariam cu-de-ferro e me fariam perguntas: por que navio bóia? por que prego afunda?
eu deixaria proliferar uma úlcera e admiraria as estátuas de fortes dentaduras
iria a bailes onde eu não poderia levar meus amigos pederastas ou barbudos
eu me universalizaria no senso comum e eles diriam que tenho todas as virtudes
eu não sou piedoso
eu nunca poderei ser piedoso
meus olhos retinem e tingem-se de verde
Os arranha-céus de carniça se decompõem nos pavimentos
os adolescentes nas escolas bufam como cadelas asfixiadas
arcanjos de enxofre bombardeiam o horizonte através dos meus sonhos

quarta-feira, março 23, 2011

INSPIRAÇÃO


poetas contemporâneos recitam poemas que os inspiram:

Zulmira Tavares
Poema: A vida errada
Autor: Augusto Massi
Ed. Moby Dick

José Almino
Poema: Irmão, irmãos
Autor: Carlos Drummond de Andrade
Ed. Nova Aguilar

Fernando Moreira Salles
Poema: sem título
Autor: Paulo Leminski
Ed. Global Editorial

Fabrício Corsaletti
Poema: Castelos, estações
Autor: Arthur Rimbaud
Ed. Perspectiva

Antonio Fernando de Franceschi
Poema: Os limões
Autor: Eugenio Montale
Ed. Record

ôÔÔôôÔôÔ


clipe do ôÔÔôôÔôÔ da Thaís Gulin, por Joyce Santiago

segunda-feira, março 21, 2011

PRECEITO


minha filha, você
não se sente sozinha?

não, mãe
eu me divirto

sexta-feira, março 18, 2011

PETHIT E OS VINIS


o cantor thiago pethit lê meu poema 'vinis mofados'.
o vídeo foi realizado para o blog 365 POEMAS A 1 REAL, idealizado por fred leal.

segunda-feira, março 14, 2011

sexta-feira, março 11, 2011

FELIZ 2011

ilha grande, fevereiro de 2011

segunda-feira, fevereiro 28, 2011

HOSPÍCIO É DEUS

“Sou um anjo com vocação para demônio.

(...)

O que me assombra na loucura é a distância – os loucos parecem eternos. Nem as pirâmides do Egito, as múmias milenares, o mausoléu mais gigantesco e antigo, possuem a marca de eternidade que ostenta a loucura.

De novo: o que me assombra na loucura é a eternidade.

Ou: a eternidade é a loucura.

Ser louco para mim é chegar lá.

(...)

Hospício são flores frias que se colam em nossas cabeças perdidas em escadarias de mármore antigo, subitamente futuro. (...) Hospício é não se sabe o quê, porque Hospício é Deus.

(...)

O hospício é uma cidade triste de uniformes azuis e jalecos brancos.

(...)

Não aceito nem compreendo a loucura. Parece-me que toda a humanidade é responsável pela doença mental de cada indivíduo. Só a humanidade toda evitaria a loucura de cada um.”


[Maura Lopes Cançado, 'Hospício é Deus' (1965)]

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

RABISCOS


[minhas novas tatuagens, desenhos do ilustrador português andré letria]

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

27


14 de fevereiro de 2011, 27 anos.

fotinha de 1995, quando eu praticava motocross...


quinta-feira, fevereiro 10, 2011

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

ZAZ, “A NOVA PIAF”

Ramon Mello

Ando viciado em música francesa contemporânea. Em busca de cantores interessantes na web, me deparei com a artista ZAZ. Aos 29 anos, a cantora - cujo nome verdadeiro é Isabelle Geofroy - é considerada “a nova Piaf” pelos franceses.

ZAZ começou a cantar em 2001 no grupo de blues "Fifty Fingers". Em 2006, ela saiu de Tours, sua cidade natal, para cantar pelas ruas de Montmartre, em Paris. Durante um ano e meio, se apresentou todas as noites no Cabaret ‘Aux 3 Baquetas’ Saint-Michel, cantando sem microfone.

Na mesma época foi escolhida pelo produtor e compositor Kerredine Soltani, que havia feito um anúncio na internet, para interpretar canções de jazz. Isabelle Geoffroy encantou Soltani com sua voz doce e rouca.

Em 2010, lançou seu primeiro álbum, homônimo, uma mistura de jazz, soul e acústico. Em janeiro de 2011, o álbum de estréia de ZAZ vendeu 500.000 cópias em quase 20 países e tornou-se um disco de diamante.

Com o sucesso da canção "Je Veux", ZAZ ficou famosa na França. "Dans ma Rue", regravação da música de Edith Piaf, também caiu no gosto do público. Essas canções, além de “La fée” e "Les passants", são as minhas preferidas.

As influências musicais de ZAZ passeiam por Ella Fitzgerald, Enrico Macias e Richard Bona. Se a alma de sua música está no gracejo da voz, o coração das canções está nas composições de Raphael. Enfim, quem tem Isabelle Geofroy não precisa de Carla Bruni.




ZAZ je veux (clip officiel)
Enviado por kerredine. - Veja os últimos vídeos de música em destaque.










sábado, fevereiro 05, 2011

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

'POESIA INCOMPLETA'



livraria "poesia incompleta"
rua cecílio de sousa, 11, 1200-098, lisboa

[via alexandra lucas coelho]

segunda-feira, janeiro 31, 2011

sábado, janeiro 29, 2011

JE VEUX




Mescla de estilos e ''panelas'' no Rio
A Palavra Toda também recebeu música, teatro e artes visuais; MCs deram tom da diversidade

Roberta Pennafort - O Estado de S.Paulo

Com um semblante que se traduzia em assombro e alegria, Heloísa Buarque de Hollanda avaliava, na terça-feira à noite, sua mais recente empreitada: o festival de poesia A Palavra Toda, gratuito e inédito. "Eu que inventei e eu mesma me espanto. A gente afirma que a poesia não é para todos, que é de elite, mas, na hora do "vamos ver", não é, não."


Fabio Motta/AE
Chacal. O poeta provocador fala ao 'desrespeitável público'
A pesquisadora tem toda a razão. Bastava olhar para a plateia do Espaço Sesc, em Copacabana, para ver nos rostos (de estudantes, senhorinhas, escritores e aspirantes) o interesse e a satisfação - maiores do que um certo estranhamento -, de ver misturados poesia, teatro, música, artes visuais, durante quatro horas.

Foi assim na segunda e na terça, quando se revezaram no palco do teatro de arena gigantes da poesia brasileira - Antonio Cicero, Carlito Azevedo, Geraldo Carneiro, Salgado Maranhão - e nomes novos e instigantes, como Alice Sant"Anna, Ramon Mello, Omar Salomão, Maria Rezende e Marília Garcia, "marinheiros de primeiros naufrágios".

Nas duas noites da "festança da palavra", a participação de MCs deu o tom da diversidade. Na terça, o grupo REP (Ritmo e Poesia), formando por cinco jovens que se reúnem para batalhas nas ruas semanalmente, contagiou mesmo os não iniciados, com versos de improviso que falavam da sensação de se estar "a dois passos do paraíso, mas a um do precipício". Ocuparam o mesmo espaço para onde iriam se dirigir mestres e doutores da língua portuguesa, caso de Mariano Marovatto, Aderaldo Luciano, Masé Lemos e Paulo Henriques Britto, entre outros, que recitaram suas poesias. Diferentes dicções, "alta" e "baixa" cultura; o mesmo entusiasmo com a "matéria-prima".

A costura era feita pelo provocador Chacal, o homem-palavra, símbolo da poesia marginal dos anos 70, que também leu das suas para o "desrespeitável público". "Já fiz muito evento de poesia, mas nada assim tão didático, com os diferentes suportes, as gerações misturadas, essa profundidade toda", contou o criador do longevo "centro de experimentação poética" CEP 20.000, que festejou 20 anos em 2010.

"Queremos refazer uma ou duas vezes por ano. O Rio é muito associado ao samba e ao carnaval, e, com esse calor, é difícil até pensar. Mas é legal mostrar que há uma inteligência na cidade, mesmo no verão. Até porque o Rio sempre foi forte na poesia falada, desde Vinicius de Moraes à poesia marginal. Em São Paulo, é mais a poesia concreta."

Empolgada com a "demanda reprimida" que constatou, Heloísa, que há muito acompanha essa diluição de fronteiras na internet, também já pensa no próximo festival. Quer que seja "grandalhão", com mais "misturas de panelas". Possivelmente serão chamados escritores de fora do Rio - esta primeira edição teve elenco bem carioca. Mesmo porque tudo foi organizado em apenas um mês.

Quase todo mundo que foi convidado aceitou de pronto - quem não veio foi porque já tinha compromissos assumidos. "Os poetas querem expor seu trabalho, e não ficar só no suporte do livro", disse Ramon Mello, coorganizador.

O mais bonito é ver o encontro: de turmas, de estilos, de palavra e música (MC Nike, Letuce, Madame Kaos, Fausto Fawcett), poesia e teatro (com Paulo José e Ana Kutner mostrando um pedaço de seu belo trabalho sobre Ana Cristina César, e Carla Tausz encenando Hilda Hilst).

"Saio daqui louca de vontade de escrever, poderia ficar muito mais horas. Encontrei vozes bem diferentes", conta Maria Rezende, que tem 32 anos e dois livros publicados.

"Isso aqui abriu minha cabeça. Sou formado em Farmácia, mas escrevo, e me identifiquei muito com a maneira com que a minha geração escreve. Quando estudo, eu só vejo o que os poetas já mortos viveram", comentava Ricardo Fernandes, de 24 anos. "Isso aqui vai pegar! O Rio é a cidade da poesia!", predisse Salgado Maranhão.

Festival 'A palavra toda' reúne diversos artistas no Espaço Sesc

Luiz Felipe Reis - O Globo

Heloísa Buarque de Hollanda não esperou o sol esquentar para sair de casa. Às 8h, ela já estava na rua para uma reunião. Às 9h, seguiu para outra. E às 10h voltou para casa, para uma terceira. Mas esta última era diferente. Tratava de uma causa inédita. Afinal, nestas segunda e terça-feira, o Espaço Sesc, em Copacabana, serve de palco para "A palavra toda", o primeiro festival de poesia da cidade. Quem afirma é ela - acadêmica respeitada por sua contribuição à palavra - e o poeta Chacal, seu parceiro na empreitada ao lado do jovem poeta Ramon Mello. De pé, na sala de seu apartamento, no Leblon, Heloísa quase não se contém ao ter que esperar a chegada dos dois.

Ela suspira, a campainha toca, Chacal e Ramon chegam e a palavra ganha forma para explicar o evento. Chacal diz que o Rio estava com saudade dele mesmo, que a cidade não pode viver incompleta, e que a poesia tem esse papel unificador. Heloísa afirma que nunca se produziu e se veiculou tanta poesia como hoje, por diversas plataformas, e que um evento para celebrar a plavra era mais do que necessário. Enquanto Ramon ressalta a liberdade para transitar entre diferentes linguagens artísticas através da poesia. Juntando as ideias do trio, armam-se os pilares que sustentam "A palavra toda".

- É um momento parecido com a época da antologia ("26 poetas hoje", de 1976), aquela vontade de juntar todo mundo - recorda Chacal. - Mas a antologia era mais a praia marginal, fruto de um período meio seccionado, cheio de panelas, antagonismos... Hoje vivemos um período de convergência, fusões acontecendo entre a academia e o que seria a poesia marginal, além da periferia.

Heloísa joga luz na quebra de barreiras entre as mais variadas formas do fazer poético:
- A grande diferença hoje é a de circulação, a liberdade que temos para experimentar... Todo jovem poeta que eu conheço tem banda, trabalha com teatro, literatura... A poesia se espraiou, não é mais apenas a poesia em si.

E Ramon Melo concorda:

- Hoje você pode estar longe do centro, acessar o blog de um escritor, se comunicar com ele... Isso nos aproxima, desmitifica a posição do autor. Além disso, a facilidade que temos para publicar não se compara com o que acontecia no passado. Muitos poetas ganham seus primeiros leitores nos blogs. Antes tinham que manufaturar seus mimeógrafos, ir para a rua.

Nos dois dias, há atrações das 18h às 22h. Entre os destaques desta segunda-feira, "A palavra em cena", com Paulo José e Ana Kutner, às 18h30m; "Agora é hora", com Alice Sant'Anna, Mariano Marovatto e Gregorio Duvivier, entre outros, às 19h30m; "Noves fora tudo", com Viviane Mosé e Carlito Azevedo, entre outros, às 20h30m; "Às margens plácidas", com Antonio Cicero e outros, às 21h30m; e "A palavra cantada", com Letuce, às 22h. Na terça, prometem "Agora é hora", com Ramon Mello, Omar Salomão, Vitor Paiva e Ericson Pires, entre outros, às 19h30m; "Às margens plácidas", com Geraldinho Carneiro, Chacal, Pedro Lage, Salgado Maranhão e Armando Freitas Filho, às 21h30m; e "A palavra cantada", com Fausto Fawcett, às 22h.

Chacal frisa que o Rio sempre esteve próximo à palavra, viva, em constante transformação, seja através dos bailes funk, das rodas de samba ou das batalhas de improviso do rap. E é mesclando poesia teatro e música que eles chegaram à essência que rege o encontro.

- Fui convidada pelo Sesc para fazer um evento de poesia e não pensei duas vezes antes de chamar o Chacal - conta Heloísa. - Ele é uma peça fundamental. É o único que continua militando fielmente, e representa o começo da minha paixão pela poesia. A gente está ficando mais velho, então acho que é a hora de ficarmos juntos, botar para quebrar.

A intenção do trio é que o evento se torne anual, sempre no verão, que é quando a cidade vai para as ruas. Aos olhos dos três, é nesse cruzamento que a poesia tem de estar inserida.

- O Rio passou por um longo período de baixa autoestima - diz Chacal. - Então, essa união da cidade partida precisa ser celebrada. Nos anos 60 e 70, a poesia era ligada à cidade, aos movimentos políticos, ao carnaval, ao calor do verão... Depois a coisa migrou para a academia e para os guetos. Agora vejo que ela tem de retomar seu lugar, a cidade ficou carente de poesia e de pensamento. Temos que nos reunir através da poesia para pensar a cidade.

quarta-feira, janeiro 26, 2011

LIÇÃO DO PROFESSOR LATUF





palavras finais?
não existem
toda palavra é
recomeço

quarta-feira, janeiro 19, 2011

A PALAVRA TODA




A PALAVRA TODA PARA O RIO

“O Rio estava com saudade dele mesmo. Aquilo que as circunstâncias separaram, volta organicamente a se juntar. A cultura carioca não pode viver sem ser completa. Fica faltando. O Rio sempre foi uma cidade inclusiva, sede da corte imperial, capital da república até a invenção de Brasília. Uma cidade acima de tudo cosmopolita.

O Rio sempre foi bom alquimista. Do samba-jazz da bossa nova ao samba-rock de Jorge Benjor, ao beat-modernista da poesia marginal, às reuniões de Villa-Lobos, Bandeira, Pixinguinha, Almirante na casa de Tia Ciata. Do rap samba funk de Fernanda Abreu, Fausto Fawcett e Marcelo D2 à incorporação da cultura hip-hop pelos nossos mestres Heloisa Buarque e Hermano Vianna. O Rio não precisou de nenhum manifesto modernista. Já tínhamos Noel Rosa.

Uma cidade que sempre esteve próxima à palavra viva com suas rodas de samba, seu partido alto, à grandeza de Vinícius falando seus poemas na noite de Copacabana, à fala em delírio dos poetas marginais dos anos 70 ao rap de D2, BNegão e Black Alien das Batalhas do Real e do Zoeira Hip-Hop na Lapa dos anos 90. Uma cidade assim pede um festival à altura. A PALAVRA TODA vem suprir esta demanda.

A palavra em seus muitos suportes, em seu mais diverso repertório. Espanando o bolor dos puristas, incorporando outras linguagens com a música, o teatro, o mundo digital, A PALAVRA TODA mistura. Mistura a academia com a rua, as mais diversas gerações, mistura a “alta” e a “baixa” cultura, apresenta as diferenças para que nesse atrito, nessa troca, a cultura da cidade volte a fluir.

A palavra poética se tornou muito estigmatizada nesse tempo audiovisual e assim como a cidade de tempos atrás, se bifurcou entre guetos distintos e coisa de especialistas. Mas inspirado nos novos rumos do Rio, juntamos todas as pontas, convocamos suportes que sempre tiveram forte relação com a palavra como a canção e o teatro e invadimos o Espaço Sesc, em Copacabana. Nos dias 24 e 25 um sem-número de poetas de todas as tribos, dos 70, 90 e 00, do rap ao repente, do hip-hop à academia, enfim um batalhão de gente do verbo, da cena e do ritmo para dar força a um unificado e pacificado Rio de Janeiro, dar sentido a esse verão. Ou não.

O Rio tem uma riquíssima tradição no uso da palavra. Seja ela cantada, entoada, falada ou escrita. Aqui nasceram e viveram nossos grandes poetas, músicos e compositores. Do samba à bossa nova, do modernismo à poesia marginal, do neoconcretismo ao tropicalismo, de Nelson Rodrigues ao Asdrúbal Trouxe o Trombone, todos se inspiraram nessa topologia única de montanhas que deságuam no mar.

O Rio sempre foi uma cidade festiva e festeira, de muitos e brilhantes festivais. Durante o verão então, entre turistas de todo lugar, a cidade regurgita sua cultura e natureza nas praias, nas noitadas da Lapa e ensaios das escolas de samba. Rio 40º. Se o Rio comemora a possibilidade de vir a ser uma cidade una, com o direito de ir e vir e de circular por sua imensa geografia cultural, a palavra não pode ficar de fora. Agora que a cidade segue em nova direção, a palavra, padroeira do sentido, instrumento maior de expressão e comunicação, quer estar junto. Agora o Espaço Sesc abre sua gloriosa arena e foyer para um esperado festival de poesia.

A PALAVRA TODA é o festival de poesia que faltava para a cidade. O Rio é poesia, o Rio é A PALAVRA TODA”.

Chacal



PROGRAMAÇÃO

Nos dia 24 e 25 de janeiro, segunda e terça-feira, o Espaço Sesc, em Copacabana, vai soletrar em alto e bom som o que há de mais vivo no Rio de Janeiro em se falando da arte da palavra. Com curadoria de Chacal e Heloisa Buarque de Hollanda, a festa começa às 18h com o VJ Christiano Menezes embalando o público com seus mashups, suas colagens digitais, trazendo a palavra daqui e de fora.

Na segunda, às 18h30, começa “A palavra em cena”, bloco em que o poema se vale da cena para melhor se fruir. E ainda teremos trechos da peça “Um navio no espaço” com textos de Ana Cristina César interpretados pelo ator Paulo José e pela atriz Ana Kutner. Na terça, Carla Tausz faz um trecho de “Jozú, o encantador de ratos”, de Hilda Hilst.

Na sequência, a poesia e o ritmo em “O rapto da palavra”. No primeiro dia o rap ganha força na voz e na rima de MC Nike e Re.Fem. Na terça, Nissin Instantâneo, Ricardinho, Babu, Bidi Dubois e Durango Kid fazem uma roda de rima, que se alastra pelas praças do Rio e Niterói.

Às 19h30 é a vez de “Agora é hora”, em que os poetas da última geração mostram como são atinados com a palavra escrita. Poetas do CEP 20.000, poetas da PUC, poetas que se iniciam por escrito ou na internet. Poetas contemporâneos. Na segunda, Alice Sant´Anna, Augusto Guimarães Cavalcanti, Pedro Rocha, Mariano Marovatto, Ismar Tirelli Neto e Gregório Duvivier. Na terça, o trem parte com Ramon Mello, Maria Rezende, Marília Garcia, Omar Salomão, Vitor Paiva e Ericson Pires.

Em seguida entra “A palavra contada” com seus repentes, a tradicional e popular poesia falada brasileira. Numa Ciro, a imensa performance, e o escritor Marcus Vinícius Faustini, na segunda, e Aderaldo Cangaceiro, o grito do agreste, na terça.

“Noves fora tudo” é a poesia dos anos 90, apurada, refinada, depurada. Na segunda, Viviane Mosé, pilar do CEP 20.000 e sua dança entre poesia e filosofia. Ainda nesse dia, o grupo: Carlito Azevedo, Felipe Nepomuceno, Valeska de Aguirre, Heitor Ferraz trabalharão palavras e imagens. Na terça, o bicho pega, o couro come com Paulo Henriques Britto, Alberto Pucheu, Carmen Molinari e Masé Lemos. Um mix de gêneros e genialidades.

A sequência é feita pelo bloco “Coletivos”. Na segunda, o Coletivo Cachalote, com Gabriela Marcondes (poesia), Ana Costa e Andrea Capella). Elisa Pessoa (fotos). Na terça, Madame Kaos com as poetas Beatriz Provasi, Marcela Gianninni e Arnaldo Brandão (baixo). A poesia e o espetáculo, roda de poetas.

Depois entram os veteranos dos anos 70, o bloco “Às margens plácidas”. A poesia que trouxe a fala e o corpo para o meio da roda. Na segunda, Chico Alvim, Charles Peixoto, Ronaldo Santos, Antonio Cicero e momento K7 com Zuca Sardana. Na terça, Geraldinho Carneiro, Chacal, Pedro Lage, Salgado Maranhão e momento K7 com Armando Freitas Filho.

Enfim, como em toda festa, o corpo também quer balançar, A PALAVRA TODA fecha com “A palavra cantada”. Na segunda, Letuce, de Letícia Novaes e Lucas Vasconcellos e na terça, fechando os trabalhos, invocando deuses e diabos de Copacabana 40º, o seu cantor, Fausto Fawcett e companhia.

A PALAVRA TODA serão dois dias que formarão um grande painel da palavra no Brasil das últimas décadas do último milênio até agora nos dias que voam. Quem souber ouvir, vai viajar.


DATAS E HORÁRIOS

Serviço: Espaço Sesc
Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana
De 18 às 22 hs.
Entrada franca.
Tel.: (21) 2547-0156

Dia 24 de janeiro – Espaço Sesc, Copacabana


18h30 – ‘A palavra em cena’ – Paulo José e Ana Kutner

19h – ‘O rapto da palavra’ – MC Nike e Re.Fem

19h30 – ‘Agora é hora’ – Alice Sant´Anna, Augusto Guimaraens Cavalcanti, Pedro Rocha, Mariano Marovatto, Ismar Tirelli Neto e Gregório Duvivier

20h10 – ‘A palavra contada’ – Numa Ciro e Marcus Vinícius Faustini

20h30 – ‘Noves fora tudo’ – Viviane Mosé, Carlito Azevedo, Felipe Nepomuceno, Valeska de Aguirre e Heitor Ferraz

21h – ‘Coletivos’ – Cachalote (Gabriela Marcondes, Elisa Pessoa, Ana Costa e Andrea Capella)

21h30 – ‘Às margens plácidas’ – Chico Alvim, Charles Peixoto, Ronaldo Santos, Antonio Cicero e momento K7 com Zuca Sardana

22h – ‘A palavra cantada’ – Letuce (Letícia Novaes e Lucas Vasconcellos)


Dia 25 de janeiro – Espaço Sesc, Copacabana


18h30 – ‘A palavra em cena’ – Carla Tausz

19h – ‘O rapto da palavra’ – REP (Ritmo e Poesia): Nissin Instantâneo, Ricardinho, Babu, Bidi Dubois e Durango Kid

19h30 – ‘Agora é hora’ – Ramon Mello, Maria Rezende, Marília Garcia, Omar Salomão, Vitor Paiva e Ericson Pires

20h10 – ‘A palavra contada’ – Aderaldo Luciano

20h30 – ‘Noves fora tudo’ – Paulo Henriques Britto, Alberto Pucheu, Carmen Molinari e Masé Lemos

21h – ‘Coletivos’ – Madame Kaos (Beatriz Provasi, Marcela Gianninni, Juliana Hollanda e Arnaldo Brandão)

21h30 – ‘Às margens plácidas’ – Geraldinho Carneiro, Chacal, Pedro Lage, Salgado Maranhão e momento K7 com Armando Freitas Filho

22h – ‘A palavra cantada’ – Fausto Fawcett

Mostra paralela - A poesia toda
Fotos, vídeos e outros objetos poéticos

Alberto Saraiva // Arnaldo Antunes // Alex Hamburguer // André Vallias //Chacal // Christian Caselli // Gabriela Marcondes // GrupoUM // Gustavo Peres // João Bandeira // Lenora de Barros // Márcio-André // Marcelo Sahea // Paulo de Toledo // Renato Rezende // Zuca Sardana

FICHA TÉCNICA

Curadoria
Chacal e Heloisa Buarque de Hollanda

Organização
Ramon Mello

Coordenação Geral
Elisa Ventura

Produção
Camilla Savoia
Luiz Cesar Pintoni
Nanda Miranda

Direção de Arte
Retina 78

Realização
Sesc Rio

Idealização e produção
Aeroplano Editora

Apoio
Blooks Livraria
Retina 78

segunda-feira, janeiro 17, 2011

MANTRA

"ser incoerente na vida é muito importante"
[suzana amaral, cineasta]

quinta-feira, janeiro 13, 2011

DEUS ME LIVRE DE SER NORMAL

















Hermógenes: Deus Me Livre de Ser Normal

Direção: Marcelo Buainain
Co-produção: Marcelo Buainain, Ginga Filmes
TV Universitária do Rio Grande do Norte
Fundação Padre Anchieta - TV Cultura

"O documentário de 50 minutos tenta sintetizar os 84 anos de experiência do mestre yogui José Hermógenes de Andrade Filho, potiguar há décadas radicado no Rio de Janeiro, pioneiro da medicina holística e introdutor do Yoga no Brasil.

Cientista, filósofo e escritor com mais de 30 livros já lançados ao longo de 50 anos de estudos e ensinamentos, o professor Hermógenes ficou conhecido por ser criador de técnicas que visam administrar o estresse e treinar o corpo, a mente e o espírito para a superação das mazelas que atormentam a sociedade moderna como o caos urbano, as doenças, a alienação, a prisão material e o medo da morte.

O documentário tem quatro momentos: um biográfico, outro científico, poético e outro com depoimentos de pessoas como Leonardo Boff, o líder espírita Divaldo Pereira Franco, a cantora Elba Ramalho, o escritor Pierre Weill, o padre Zezinho e o músico Alberto Marsicano. Também há uma breve reconstituição sobre sua infância, narrada por Carlos Vereza, e poemas declamados pelo ator e discípulo Jackson Antunes.

O diretor baseou sua pesquisa em conceitos holísticos e em temas como yogaterapia, egoesclerose (doença do ego), humildação (exercício da humildade), esteticoterapia (terapia através do belo), risoterapia, Hatha Yoga (postura física), meditação e relaxamento".

domingo, janeiro 09, 2011

"triste vida, triste sina, ser escritor de latrina", anônimo, porta de banheiro no estacionamento da cobal - humaitá, rio de janeiro

segunda-feira, janeiro 03, 2011




stromae (inversão silábica de "maestro") é o nome artístico do cantor e compositor belga paul van haver.